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“Super cana” de Eike Batista promete mais biomassa por hectare e dobrar a produção nacional!
A “super cana”, projeto inovador idealizado pelo empresário Eike Batista, voltou a movimentar o setor sucroenergético após um anúncio bilionário.
O grupo de investimentos Brasilinvest, liderado pelo empresário Mário Garnero, se comprometeu com um aporte de US$ 500 milhões para desenvolver essa nova variedade de cana-de-açúcar.
O investimento envolve recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos Estados Unidos.
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Segundo Batista, essa nova variedade pode ser um divisor de águas na produção de biocombustíveis, pois produz de duas a três vezes mais etanol por hectare e de 10 a 12 vezes mais biomassa em comparação com a cana tradicional.
Luis Rubio, CEO da BRXe e sócio do empresário, detalhou que existem 17 variedades ou clones da super cana, sendo a mais promissora a SC157070.
O projeto tem previsão para começar a gerar receitas a partir de 2028.
Uma inovação promissora ou uma aposta arriscada?
Apesar do entusiasmo de Batista, nem todos no setor acreditam no potencial da super cana. Rubens Ometto, CEO da Cosan (CSAN3), revelou que sua empresa já estudou essa tecnologia, mas decidiu não seguir adiante.
Para ele, a grande revolução no setor sucroenergético virá do etanol de segunda geração (E2G), uma tecnologia que permite extrair mais biocombustível a partir dos resíduos da cana convencional.
Mesmo com essa resistência, a promessa de um aumento significativo na produção de etanol chama atenção.
A questão que fica é: se toda a cana cultivada no Brasil fosse substituída pela super cana, quanto etanol poderia ser produzido?
O impacto da super cana na produção nacional de etanol
A consultoria StoneX estima que a produção de etanol no Brasil, somando as regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste, deve atingir 37,4 bilhões de litros na safra 2024/2025.
Desse total, 8,33 bilhões de litros (22,3%) virão do etanol de milho, enquanto o restante será oriundo da cana convencional.
Para o ciclo 2025/2026, a StoneX ainda não divulgou estimativas completas para o Norte-Nordeste, mas há algumas projeções preliminares.
Marcelo Bonifácio, analista da consultoria, explica que a região deve manter sua produção de etanol de cana estável, enquanto o etanol de milho pode crescer em torno de 300 milhões de litros com novas usinas entrando em operação, como a Inpasa em Balsas (MA) e outra unidade no Pará, prevista para o fim de 2025.
Se aplicarmos o rendimento da super cana sobre os números atuais, o Brasil poderia aumentar sua produção para valores entre 74,8 bilhões e 112,2 bilhões de litros de etanol na safra 2024/2025.
Para 2025/2026, esse número ficaria entre 74,2 bilhões e 111,3 bilhões de litros.
Super cana x milho: qual tem maior potencial?
O crescimento do etanol de milho no Brasil tem sido expressivo, mas Luis Rubio defende que essa comparação não faz sentido.
“O milho é uma cultura completamente diferente, uma safra curta que pode ser estocada e usada ao longo do ano”, argumenta o CEO da BRXe.
Os números reforçam essa diferença.
Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), 1 tonelada de milho pode gerar entre 380 e 410 litros de etanol, enquanto 1 tonelada de cana produz apenas 43 litros do biocombustível.
Essa disparidade faz com que o etanol de milho seja visto como uma alternativa viável, especialmente em regiões onde a produção de cana é limitada.
Desafios para a implementação da super cana
Apesar das vantagens teóricas, a adoção em larga escala da super cana enfrenta desafios significativos. O setor ainda precisa de:
- Mais estudos científicos para comprovar a viabilidade da nova variedade.
- Apoio governamental para incentivar sua implementação.
- Infraestrutura adaptada para processar um volume maior de biomassa.
- Aceitação do mercado, especialmente das grandes usinas e distribuidoras de combustíveis.
Além disso, questões como resistência a pragas, custo de produção e impacto ambiental ainda precisam ser mais exploradas antes que a super cana se torne uma realidade nos campos brasileiros.
O futuro da super cana no Brasil
Mesmo com incertezas, o investimento milionário e o potencial de triplicar a produção de etanol tornam a super cana um projeto que merece atenção.
Caso os testes e a implementação sejam bem-sucedidos, o Brasil poderia se consolidar como o maior produtor de etanol do mundo, ampliando sua participação no mercado global de biocombustíveis.
A expectativa agora é acompanhar os próximos passos do projeto e verificar se, de fato, essa inovação se tornará uma realidade ou se será mais um capítulo na longa trajetória de promessas revolucionárias do empresário Eike Batista.
