Uma inovação que promete mudar o jogo da indústria automotiva, combinando tecnologia avançada com eficiência energética e soluções acessíveis para o mercado global.
Uma solução inovadora e modular que promete transformar o futuro da mobilidade global foi apresentada no Salão de Xangai 2025.
A Horse Powertrain, joint venture entre a francesa Renault e a chinesa Geely, revelou o Future Hybrid Concept: um sistema que pode estender a autonomia de veículos elétricos ou transformar carros a combustão em híbridos com modificações mínimas.
A proposta oferece uma alternativa mais acessível à eletrificação total, sem exigir grandes mudanças nas linhas de produção atuais.
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A tecnologia chega em um momento estratégico, em que a indústria automotiva global ainda enfrenta os altos custos da transição energética e a resistência de parte do mercado aos modelos 100% elétricos, especialmente em países emergentes.
Com o Future Hybrid Concept, a Horse promete baratear essa transição com uma arquitetura versátil, que pode ser aplicada em múltiplos tipos de veículos e aceita diferentes combustíveis, inclusive os amplamente utilizados no Brasil, como o etanol.
Um sistema modular e adaptável
O Future Hybrid Concept foi projetado como uma unidade compacta e integrada que combina motor a combustão interna, propulsor elétrico e sistema de transmissão em um único módulo.
Seu maior trunfo está na modularidade e adaptabilidade, permitindo que seja incorporado a veículos de diferentes segmentos, desde SUVs urbanos até modelos de entrada, sem a necessidade de reestruturar as fábricas.
A tecnologia oferece tração integral nos modos elétrico ou híbrido, o que amplia suas possibilidades de uso em mercados com diferentes demandas de desempenho e infraestrutura.
Além disso, o sistema é compatível com uma variedade de combustíveis, como gasolina, etanol E85, metanol e até combustíveis sintéticos — uma vantagem considerável para países como o Brasil, onde mais de 90% dos carros novos são flex.
Impacto direto no mercado brasileiro
O Brasil surge como um dos mercados mais promissores para essa tecnologia.
A Horse já confirmou o fornecimento de motores 1.0 turbo HR10 para o Lecar 459 Híbrido, SUV de alcance estendido que será produzido em Curitiba a partir de 2026.
Com uma produção prevista de 12 mil unidades por ano, esse modelo pode abrir caminho para a aplicação do Future Hybrid Concept em veículos nacionais.
A flexibilidade do sistema pode, por exemplo, transformar o Renault Duster em um híbrido com tração 4×4, funcionando tanto com etanol quanto com eletricidade, e com capacidade de recarga rápida.
A compatibilidade com combustível flex é vista como essencial para a viabilidade dessa tecnologia no Brasil, considerando os incentivos fiscais e a tradição do país nesse tipo de motorização.
Adaptação sem reinventar a roda
De acordo com a Horse Powertrain, um dos grandes diferenciais do Future Hybrid Concept é sua capacidade de ser integrado sem a necessidade de redesenhar as plataformas existentes, reduzindo os custos de implementação para as montadoras.
Isso pode beneficiar fabricantes como Dacia, Volvo, Nissan e até concorrentes como BYD, Polestar e VinFast, que já demonstraram interesse no conceito.
“O Future Hybrid resolve um dos maiores dilemas da indústria automotiva: como avançar para emissões zero sem depender exclusivamente dos elétricos”, afirmou Matias Giannini, CEO da Horse.
Segundo ele, a tecnologia permite que fabricantes ampliem sua oferta de modelos híbridos e elétricos, mantendo a eficiência da cadeia de produção.
Estrutura robusta e moderna
A estrutura do Future Hybrid é compacta e eficaz.
A unidade ocupa o mesmo espaço de um motor elétrico convencional, mas inclui motor a combustão com ignição por pré-câmara — tecnologia que melhora a eficiência e reduz emissões.
O sistema também suporta carregamento ultrarrápido de 800 V, bombas de calor com o refrigerante R290 (menos poluente) e segue os mais rigorosos padrões internacionais de segurança veicular.
O engenheiro Ragnar Burenius, responsável técnico pelo projeto, destaca a simplicidade de instalação como um fator-chave para o sucesso da proposta.
“Integramos todos os componentes em uma única estrutura, o que reduz significativamente a complexidade de adaptação em plataformas existentes”, explica Burenius.
Aproveitamento de fábricas e estrutura existentes
No Brasil, a colaboração entre Renault e Geely já dá frutos. A Geely começará a utilizar a fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR) para montar o SUV elétrico EX5 a partir de julho de 2025.
Esse movimento demonstra o potencial de sinergia entre as marcas e sugere que o Future Hybrid também poderá ser produzido em território nacional.
Especialistas do setor veem essa aliança como uma estratégia inteligente para alavancar a expertise da Renault com combustíveis flex e o know-how tecnológico da Geely na eletrificação automotiva.
Além disso, a presença industrial local pode facilitar a expansão da nova tecnologia sem depender de grandes importações.
Desafios de adoção e futuro da tecnologia
Embora o conceito seja promissor, a aceitação do Future Hybrid dependerá de fatores como competitividade de preços e viabilidade técnica para fabricantes menores.
Mesmo com adaptação mínima, os custos ainda podem ser significativos para marcas com menor capacidade de investimento.
Por outro lado, a tecnologia tem o potencial de baratear versões híbridas de SUVs compactos no mercado brasileiro, que carece de opções acessíveis.
Isso pode acelerar a eletrificação da frota nacional, oferecendo alternativas reais ao consumidor sem exigir um salto direto para os veículos 100% elétricos.
Especialistas apontam que o Future Hybrid poderá ser o “meio-termo” ideal na jornada para emissões zero, conciliando performance, economia e sustentabilidade.
Se tudo caminhar conforme o planejado, os primeiros carros equipados com o sistema devem chegar às ruas a partir de 2028.
Uma revolução silenciosa na mobilidade
Com o Future Hybrid Concept, a Renault e a Geely apostam em uma revolução silenciosa e progressiva na indústria automotiva, propondo soluções de fácil aplicação, custo reduzido e grande flexibilidade.
A proposta tem tudo para ganhar espaço em mercados estratégicos como o Brasil, onde o consumidor valoriza eficiência, versatilidade e custo-benefício.
Resta saber como o mercado — e o público — vai reagir a essa nova proposta.
Será que o Future Hybrid vai mesmo transformar a maneira como dirigimos nos próximos anos?