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Descubra por que os alimentos orgânicos são mais caros, explorando os custos de produção, menor rendimento, certificações e o impacto do mercado
A agricultura orgânica tem sido vendida como uma opção mais saudável, sustentável e ética. No entanto, para o consumidor, a principal barreira ainda é o preço. Produtos orgânicos quase sempre custam mais do que os convencionais, e a diferença pode ser significativa.
Segundo um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a diferença de preço varia bastante.
Cebolas e cenouras, produtos orgânicos entre os mais consumidos, custam cerca de 15% a mais do que as convencionais, enquanto os ovos chegam a custar 82% a mais e o leite desnatado pode dobrar de preço.
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Produtos orgânicos: O que encarece e o verdadeiro motivo dos preços elevados
A agricultura orgânica tem processos mais trabalhosos e caros. Um dos principais fatores que encarecem a produção é mão de obra.
- Controle manual de ervas orgânicas: enquanto um agricultor convencional pode aplicar herbicidas para eliminar as ervas orgânicas, um agricultor orgânico precisa removê-las manualmente ou usar métodos mecânicos, o que exige mais tempo e trabalhadores.
- Uso limitado de máquinas: fazendas orgânicas costumam ser menores e mais dispersas, o que dificulta a mecanização. Em contrapartida, as fazendas convencionais fazem uso extensivo de grandes equipamentos agrícolas, custos operacionais econômicos.
- Pesticidas naturais desativados mais aplicações: pesticidas sintéticos usados na agricultura convencional são mais eficazes e precisam de menos aplicações. Já os pesticidas permitidos na agricultura orgânica, como sulfato de cobre e piretro, precisam ser aplicados com mais frequência, o que aumenta os custos com mão de obra.
- Risco de perda de safra: mesmo com o uso de pesticidas permitidos, as plantações orgânicas são mais vulneráveis a pragas e doenças. Quando uma safra é perdida, o produtor precisa compensar essa perda elevando o preço das colheitas bem-sucedidas.
- Logística complicada: fazendas convencionais fazem parte de grandes cadeias de suprimentos, permitindo transporte eficiente. Já as fazendas orgânicas são menores e distribuídas, o que torna a distribuição mais cara. Além disso, produtos orgânicos não podem ser transportados junto com produtos convencionais, encarecendo ainda mais a operação.
Menor produtividade
Além dos custos de produção mais altos, as fazendas orgânicas geralmente apresentam menos do que o convencional.
- Rendimento menor: uma meta-análise de 362 estudos em 43 países revelou que a produtividade das fazendas orgânicas é, em média, 20% menor do que a das fazendas orgânicas. Em alguns casos, essa diferença pode chegar a 34%.
- Maior necessidade de terra: para produzir a mesma quantidade de alimentos que uma fazenda convencional, uma fazenda orgânica precisaria de mais terra. Isso impacta diretamente a orientação da agricultura orgânica em larga escala.
- Menor estabilidade de produção: um estudo com 193 pesquisas comparativas mostrou que os rendimentos das fazendas orgânicas variam mais de ano para ano, enquanto as fazendas convencionais têm uma produção mais estável.
Esses fatores significam que, para compensar a menor produção e os maiores custos, os produtores orgânicos precisam vender seus produtos por preços mais altos.
Certificações e regulamentações elevam os custos
Para que um produto seja rotulado como orgânico, ele precisa seguir uma série de regras e passar por inspeções regulares.
- Licenciamento rigoroso: em muitos países, os agricultores precisam obter certificações para vender seus produtos como orgânicos. Essas certificações garantem que as práticas agrícolas seguem normas ambientais e de segurança, mas têm um custo elevado.
- Inspeções frequentes: as fazendas orgânicas passam por auditorias para garantir que sigam as normas aplicáveis. Esses auditorias representam mais um custo para os produtores.
- Certificações extras: além da certificação orgânica, muitas fazendas optam por obter certificações adicionais, como a de produtos não-transgênicos (não-OGM), ou que encarecem ainda mais o processo.
Todos esses gastos são repassados ao consumidor, encarecendo ainda mais os alimentos orgânicos.
O poder da oferta e da demanda
Mesmo que a produção orgânica fosse mais barata, os preços ainda seriam altos devido à relação entre oferta e demanda.
- Alta demanda, pouca oferta: o número de fazendas orgânicas tem crescido, mas ainda não é suficiente para atender à demanda crescente por alimentos orgânicos. Com uma oferta limitada, os preços sobem naturalmente.
- Marketing e percepção de valor: os alimentos orgânicos são vendidos como uma opção mais saudável e sustentável. Muitas campanhas publicitárias enfatizam os benefícios para a saúde e para o meio ambiente, incentivando os consumidores a pagarem mais por esses produtos.
- Símbolo de status: em algumas regiões, consumir alimentos orgânicos é visto como um sinal de sofisticação e consciência ambiental. Essa percepção leva os consumidores a pagar preços mais altos sem questionar.
Lucro das lojas também encarece os produtos orgânicos
Os supermercados e lojas especializadas também têm um papel fundamental na precificação dos produtos orgânicos.
- Margens de lucro maiores: como os consumidores gastam a pagar por alimentos orgânicos geralmente têm maior poder aquisitivo, muitas lojas aproveitam essa disposição e aplicam margens de lucro elevados.
- Preço premium sem justificativa : embora o custo de produção dos alimentos orgânicos seja realmente mais alto, a diferença de preço nem sempre é proporcional. Em alguns casos, os varejistas simplesmente aumentam os preços porque sabem que os consumidores pagarão mais.
Os preços dos alimentos orgânicos são influenciados por diversos fatores: custos de produção mais altos, menor produtividade, certificações caras e lógica de oferta e demanda. Além disso, a percepção de que os produtos orgânicos são superiores permite que os varejistas apliquem preços ainda mais altos.
Com informações de Scienceabc.
