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Lula não consegue parceria no Congresso e agora tenta se aproximar do STF para reorganizar seu governo

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 05/01/2025 às 14:48

Lula enfrenta desafios no Congresso e volta-se ao STF para sustentar seu governo. Com dificuldades em articular a base parlamentar, aposta em programas sociais e prepara uma reforma ministerial para 2025. A relação com o Judiciário é estratégica, mas gera tensões políticas. O futuro do presidente e seu legado estão em jogo.

No centro de um jogo político que combina desafios e estratégias de sobrevivência, Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um dos cenários mais complexos de sua longa carreira política.

Com dificuldade em firmar alianças sólidas no Congresso Nacional, o presidente volta-se ao Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de apoio para sustentar sua gestão e pavimentar o caminho para as eleições de 2026.

Esse movimento revela uma dinâmica atípica: a dependência de um Executivo em relação ao Judiciário, em detrimento da histórica articulação com o Legislativo. O que explica essa mudança tão drástica?

Dificuldades no Congresso e a busca por alianças no STF

Ao chegar à metade de seu terceiro mandato, Lula enfrenta uma realidade diferente daquela de seus primeiros anos como presidente.

No Congresso, as forças de centro-direita e direita dominam, reflexo de um arranjo herdado do governo de Jair Bolsonaro.

Esse cenário confere aos parlamentares um poder inédito sobre o Orçamento: são R$ 50 bilhões em 2024 destinados a emendas parlamentares. Lula, entretanto, tem dificuldade em mobilizar essa base legislativa para avançar em projetos prioritários.

De acordo com o jornal O Globo, em matéria publicada neste domingo (05), sem alternativas viáveis no Congresso, o presidente estreitou laços com o STF.

Ministros como Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Flávio Dino e Cristiano Zanin – os dois últimos indicados por ele – têm se mostrado alinhados em pautas importantes para o governo.

Um exemplo disso foi o apoio do STF à suspensão de emendas parlamentares por falta de transparência e à regulamentação de conteúdos publicados em redes sociais.

Estratégias para alavancar a popularidade

Sem o mesmo capital político dos primeiros mandatos, Lula aposta em programas já lançados para consolidar sua gestão.

Iniciativas como o “Pé-de-Meia”, que oferece auxílio financeiro a estudantes, e o “Desenrola”, que prevê perdão de dívidas, são vistas como potenciais marcos de seu governo.

Além disso, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil desponta como uma medida de justiça tributária e uma tentativa de amenizar as críticas do mercado financeiro.

Segundo dados da pesquisa Datafolha de dezembro de 2024, Lula mantém 35% de aprovação como ótimo ou bom, um índice distante dos 45% registrados na primeira metade de seu primeiro mandato.

Esse número reflete um eleitorado mais crítico e um governo que ainda busca encontrar sua marca.

A relação entre Executivo e Judiciário

A história de Lula com o STF é marcada por altos e baixos.

Durante seus dois primeiros mandatos, a relação foi tumultuada devido às investigações do escândalo do mensalão, que colocaram ex-ministros como José Dirceu e Luiz Gushiken no centro das denúncias.

Agora, a dinâmica é outra: encontros frequentes e jantares com ministros evidenciam uma aproximação inédita.

Apesar do apoio do STF, há críticas dentro do governo quanto à atuação de Flávio Dino, considerado por alguns como excessivamente protagonista.

Essa proximidade também gera tensões no Congresso, onde parlamentares criticam a “opção de governar com o Judiciário”.

Em dezembro, por exemplo, a suspensão de emendas gerou atritos que quase comprometeram a tramitação do pacote de ajuste fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda.

Reforma ministerial como solução?

Para reduzir as tensões e ampliar a base de apoio, Lula prepara uma reforma ministerial nos primeiros meses de 2025.

A possibilidade de incluir um representante do Centrão na articulação política, substituindo Alexandre Padilha, é vista como uma mudança estratégica. No entanto, até agora, cargos-chave continuam sob o controle de petistas.

Internamente, o governo enfrenta disputas entre ministros como Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil.

Enquanto Haddad defende o corte de gastos, Costa prioriza a aceleração de obras do PAC. Essas divergências ilustram os desafios de um governo que tenta equilibrar austeridade fiscal e políticas sociais.

Herança política em jogo

Aos 79 anos, Lula evita confirmar se disputará um novo mandato.

Após uma cirurgia recente para drenar um coágulo na cabeça, o presidente tem dado sinais de que considera deixar o cenário eleitoral. Entretanto, dentro do PT, não há consenso sobre um nome para sucedê-lo.

Pesquisas indicam que Lula continua liderando cenários de segundo turno para 2026.

Ainda assim, aliados alertam que as disputas internas podem dilapidar o capital eleitoral do presidente, colocando em risco a “herança de votos” que ele ainda representa.

Conclusão: o futuro político de Lula

Entre disputas internas e estratégias externas, Lula caminha para os dois últimos anos de seu terceiro mandato com o desafio de consolidar sua gestão e garantir um legado político.

A relação com o STF e as articulações no Congresso serão decisivas nesse processo.

Você acredita que a estratégia de Lula de aproximar-se do STF pode fortalecer sua gestão ou fragilizar ainda mais sua relação com o Congresso? Deixe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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