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FUP e Anapetro vão à Justiça para barrar novo megadividendo da Petrobras

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 03/11/2022 às 09:45
A Petrobras vem diminuindo de forma significativa os seus investimentos no território nacional, principalmente nas refinarias de petróleo, e a FUP alertou para as consequências no cenário atual de dependência da importação de combustíveis no Brasil.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O alvo das ações é a gestão da empresa e titulares do Conselho de Administração. Medidas envolvem representação no TCU, no MP de Contas, denúncia à CVM e PGR e processo judicial

Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2022- A Federarão Única dos Petroleiros (FUP) e a Anapetro – a associação que representa os petroleiros acionistas minoritários da Petrobras — vão entrar com ação judicial contra a gestão da empresa e seus conselheiros, caso o Conselho de Administração (CA) da companhia aprove, em reunião nesta quinta-feira, 3, a distribuição de um novo volume de dividendos, que, segundo informações, poderá atingir R$ 50 bilhões, relativos aos resultados do terceiro trimestre. Com isso, o total de dividendos do ano chegará a quase R$ 180 bilhões, enquanto os investimentos realizados pela estatal em 2022, até junho, somam apenas R$ 17 bilhões, conforme relatórios financeiros da empresa.

“A FUP e a Anapetro questionarão judicialmente eventual aprovação de novos dividendos e processarão cada conselheiro por tal medida”, afirma o coordenador- geral da Federação, Deyvid Bacelar. Agora pela manhã, as duas entidades farão representação preventiva junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público de Contas, além de denúncia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Procuradoria Geral da República (PGR). Os conselheiros também serão notificados. Os advogados da Advocacia Garcez, que representam FUP e Anapetro na causa, estão elaborando as peças processuais, que serão encaminhadas antes do início da reunião do CA.

A Petrobrás tornou-se a maior empresa pagadora de dividendos do mundo, no segundo trimestre do ano, como foi classificada pelo Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson. Para atingir esse posto, a petroleira desbancou as 1.200 maiores empresas globais por valor de mercado.

“Só com os dividendos deste terceiro trimestre, de cerca de R$ 50 bilhões, daria para comprar de volta as refinarias Rlam e Six e concluir as obras da Abreu Lima, do Comperj, da UFN-3, reabertura da Fafen-PR e ainda sobraria dinheiro para outros investimentos”, destaca o dirigente da FUP, referindo-se a unidades de refino, petroquímica e fertilizantes.

Segundo os especialistas da Advocacia Garcez,“qualquer decisão sobre dividendos deveria caber à futura administração da empresa, e já considerando as diretrizes de um novo controlador. A legislação determina que a aprovação de dividendos é de responsabilidade de assembleia geral ordinária, e não do conselho de administração da empresa”. A próxima AGO da Petrobrás está marcada para o ano que vem, já sob a gestão do governo eleito que assume em 1º de janeiro.

“Além de questões legais, a distribuição de dividendos de tal magnitude é imoral. Em 2022 serão R$ 180 bilhões de adiantamento de dividendos referentes a 2022, mais R$ 37 bilhões pagos no primeiro semestre, relativos a restos a pagar de dividendos de 2021. Ou seja, a Petrobrás vai distribuir, pelo critério caixa, R$ 207 bilhões de dividendos em 2022”, frisa Bacelar.

O presidente da Anapetro, Mário Dal Zot, destaca que, “de forma absurda, a nova política de dividendos da Petrobrás permite pagamentos trimestrais com saque, inclusive, na conta reserva de lucros, o que implica redução do Patrimônio Líquido da empresa, como aconteceu no segundo trimestre do ano”.

Dal Zot explica que por questões também de compliance e melhores práticas de governança, não é conveniente que o CA, mesmo que esteja dentro de limites estatutários, deliberar agora a distribuição de dividendos , pois existem cenários e variáveis que serão alterados em breve, como o planejamento estratégico da companhia que tenderá a mudar com o novo governo.

Via Alter Conteúdo – Por FUP

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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