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Falta de mão de obra chega na indústria mecânica e um dos principais polos do Brasil sofre para encontrar trabalhadores

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/02/2025 às 18:18
Piracicaba enfrenta escassez de profissionais na indústria metal-mecânica. Projetos de capacitação buscam suprir 1,5 mil vagas abertas.
Piracicaba enfrenta escassez de profissionais na indústria metal-mecânica. Projetos de capacitação buscam suprir 1,5 mil vagas abertas.

Indústria metal-mecânica de Piracicaba enfrenta uma falta de 3 mil profissionais qualificados, resultado da falta de interesse e qualificação em profissões tradicionais. Para suprir essa demanda, sindicatos e empresas locais promovem mutirões e projetos de capacitação, visando alinhar as necessidades do mercado com a oferta de mão de obra especializada.

Piracicaba, um dos principais polos industriais do estado de São Paulo, enfrenta uma crise no setor metal-mecânico.

A falta de profissionais capacitados tem gerado um gargalo na contratação, deixando cerca de 1,5 mil vagas abertas na cidade.

Esse fenômeno tem relação direta com a rápida automatização dos processos industriais e a dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados para operar novas tecnologias.

Avanço tecnológico e a falta de mão de obra de profissionais

De acordo com uma reportagem do portal G1, Erick Gomes, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba (Simespi), explicou que a evolução tecnológica foi acelerada e impactou a necessidade de capacitação dos trabalhadores.

“Um exemplo bem simples: no passado, você cortava a chapa com um maçarico. Vinte anos depois, veio o oxicorte, o plasma e, agora, as máquinas a laser. A mudança de tecnologia foi muito drástica e rápida”, explica.

Com a substituição de técnicas tradicionais por sistemas automatizados, a exigência de qualificação cresceu exponencialmente.

As empresas buscam profissionais com conhecimento em implementação de software e aproveitamento de materiais para operar novas máquinas.

Entretanto, a mão de obra disponível não acompanha essa evolução, tornando a contratação um desafio constante.

Iniciativas para suprir a demanda

Para contornar essa situação, algumas iniciativas surgiram na tentativa de formar novos profissionais.

Há dois anos, foi criado o projeto “Indústria do Amanhã”, uma parceria entre sindicatos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a Diocese de Piracicaba e a entidade Exército das Formiguinhas. O objetivo é capacitar adolescentes das comunidades locais para atuar no setor.

“Nós buscamos adolescentes nas comunidades, treinamos no Senai, tudo gratuito. O Senai nos dá as vagas, fornecemos uniforme, transporte, alimentação e até uma cesta básica para ajudar. Em dois anos, já formamos mais de 300 adolescentes e, desses, quase 150 estão empregados”, afirma Erick Gomes.

Apesar do esforço, a alta rotatividade de funcionários impede um equilíbrio no preenchimento das vagas.

Alta rotatividade dificulta o equilíbrio do mercado

Mesmo com programas de capacitação, o setor ainda sofre com a instabilidade da força de trabalho.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o setor da metalurgia registrou um saldo negativo de 26 vagas em 2024. Foram 506 contratações e 532 demissões no período.

Erick Gomes atribui essa oscilação a dois fatores principais: troca de emprego por salários maiores e saques do FGTS.

“O grande problema hoje é o quê? Você traz pessoas, mas sempre tem alguém que vai sair. Essas vagas negativas, muito provavelmente, são mais por conta de pessoas pedindo demissão para conseguir o fundo de garantia. O endividamento da população está muito grande”, explica.

Além disso, profissionais buscam salários melhores em outras empresas, mesmo que a diferença seja de valores pequenos.

Impacto dos juros altos no setor

Outro fator que influencia a recuperação do setor metal-mecânico em Piracicaba é a alta taxa de juros no Brasil.

Segundo Erick Gomes, muitas indústrias têm interesse em expandir, mas a instabilidade econômica dificulta investimentos.

“O setor está aquecido e, inclusive, uma multinacional que estava no ABC Paulista está vindo para Piracicaba. Mas você precisa ter capacidade de investimentos. No cenário atual, isso fica complicado por conta da taxa de juros elevada”, destaca.

A expectativa do setor é que, com a redução dos juros, o investimento industrial cresça novamente, ampliando as oportunidades para novos profissionais.

No entanto, para atender à demanda crescente, será essencial fortalecer os programas de capacitação e atrair mais trabalhadores para o segmento.

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Nobre Zeca Arnança
Nobre Zeca Arnança
11/02/2025 04:46

Sou Moçambicamo, preciso de uma vaga de trabalho.
Sou técnico mecânico de manutenção.

Wenderson da Silva Barbosa (WendersonTheSilva)
Wenderson da Silva Barbosa (WendersonTheSilva)(@edubannyxlive)
Active Member
11/02/2025 05:47

Rapaz, as empresa não divulgam os pré requisitos para as vagas que eles abrem. Sou eletrotécnico e técnico em segurança do trabalho e não arrumo emprego na área por que eles exigem entre 1 e 2 anos de experiência. Boa parte disso é reflexo da dificuldade que eles criam em contratar.

Linconhn Alves dos Santos
Linconhn Alves dos Santos
11/02/2025 09:09

Defasagem de salário e a grande causa, nos anos 90 eu trabalhava de soldador e ganha em média 5 salários mínimo, hoje tem supervisor de solda ganha do 4 salário mínimo!!!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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