O material de asteroides está sendo investigado como uma potencial fonte de alimento para astronautas em missões espaciais
A exploração espacial está prestes a dar um grande salto no que diz respeito à nutrição dos astronautas, com cientistas investigando uma solução inovadora: transformar material de asteroides em alimento. Pesquisadores da Western University, no Canaadá, estão desenvolvendo uma abordagem futurista para converter compostos encontrados em asteroides em uma fonte de sustento para missões de longa duração.
A ideia é usar bactérias para consumir o material do asteroide e, em seguida, convertê-lo em biomassa comestível, criando uma solução potencial para o desafio de alimentação em missões espaciais de anos, como aquelas planejadas para Marte.
Nutrição para os astronautas
Garantir uma fonte sustentável de alimentos para astronautas em viagens espaciais de longa duração é um dos maiores desafios da exploração espacial. Até hoje, as principais soluções envolvem o transporte de alimentos da Terra ou o cultivo de plantas a bordo das espaçonaves.
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No entanto, essas alternativas têm limitações. O espaço necessário para transportar grandes quantidades de alimentos ou para manter sistemas de cultivo é restrito, especialmente em missões de longa duração, onde a quantidade de suprimentos precisa ser minimizada.
Agora, cientistas propõem uma solução radicalmente diferente: usar asteroides como fonte de alimento. O conceito é alimentar bactérias com compostos de asteroides ricos em carbono, que são então convertidos em biomassa comestível.
A equipe testou a ideia alimentando microrganismos com materiais que imitam a composição de asteroides como Bennu, que possui uma alta concentração de carbono. O resultado foi uma biomassa nutritiva, descrita pelos pesquisadores como tendo a textura de um “milkshake de caramelo”, contendo proteínas, carboidratos e gorduras em proporções ideais para o consumo humano.
Viabilidade
Embora a ideia de produzir alimentos a partir de material de asteroides seja promissora, ela ainda enfrenta muitos desafios. Em seus estudos, os pesquisadores calcularam que um asteroide de 500 metros, como Bennu, poderia teoricamente fornecer biomassa suficiente para alimentar entre 600 e 17.000 astronautas por um ano, dependendo da eficiência do processo bacteriano.
Isso poderia revolucionar a exploração espacial, reduzindo a necessidade de transportar abundância de suprimentos alimentares em missões para a Lua, Marte ou além.
No entanto, a aplicação prática desse conceito ainda está longe de ser alcançada. Um dos maiores desafios é a variabilidade da composição dos asteroides.
Nem todos os asteroides contêm os compostos de carbono necessários para alimentar as bactérias, o que torna a escolha dos alvos muito importante. Além disso, a tecnologia necessária para processar o material do asteroide em uma fonte de alimento viável exigiria sistemas complexos e robustos, capazes de operar em condições espaciais extremas.
Joshua Pearce, o principal pesquisador, destacou que seria necessária uma “supermáquina” para quebrar o material do asteroide e gerenciar o crescimento das bactérias.
Outro desafio significativo é a dificuldade de testar o processo em material real de asteroides. Atualmente, a equipe está conduzindo experimentos com meteoritos que caíram na Terra, uma vez que eles compartilham uma composição semelhante com muitos asteroides.
No entanto, esses meteoritos são valiosos, e coletá-los para experimentos nem sempre é viável, o que representa uma limitação significativa na pesquisa.
Perspectivas futuras para a inovação alimentar espacial
Apesar dos obstáculos, o potencial de produzir alimentos a partir de asteroides é imenso e pode revolucionar o futuro das missões espaciais.
Uma vez que o conceito seja completamente desenvolvido, a criação de uma fonte de alimentos no próprio espaço pode tornar as missões a Marte e além mais viáveis e sustentáveis. Isso eliminaria a dependência de reabastecimento da Terra e abriria novas oportunidades para a habitação de longo prazo no espaço.
Os cientistas envolvidos na pesquisa acreditam que, com avanços na tecnologia e na ciência bacteriana, o conceito poderá ser escalado para níveis industriais.
Isso significaria que grandes quantidades de material de asteroides poderiam ser processadas em alimentos, fornecendo uma solução contínua e sustentável para as necessidades nutricionais dos astronautas.
Além disso, essa abordagem pode fornecer insights sobre a própria biologia da Terra. Pesquisas anteriores sugerem que microrganismos primitivos na Terra podem ter consumido material de meteoritos, o que poderia ter desempenhado um papel importante no desenvolvimento da vida no planeta.
Da mesma forma, micróbios no espaço poderiam prosperar em asteroides, criando uma conexão fascinante entre a biologia terrestre e a exploração espacial.
Annemiek Waajen, pesquisadora da Free University Amsterdam, comentou: “Definitivamente há potencial, mas ainda é uma ideia muito futurística e exploratória.” Embora ainda haja muito trabalho a ser feito, a pesquisa está abrindo portas para novas maneiras de sustentar a vida no espaço, uma questão fundamental para o sucesso das missões de longo prazo.