Equipe de Pesquisadores na Islândia planeja perfurar uma câmara de magma próxima a um vulcão. O objetivo da iniciativa é buscar uma fonte de energia ilimitada e antecipar possíveis erupções.
A Islândia, uma nação insular amplamente reconhecida por seu uso de energia geotérmica, está à beira de um empreendimento científico sem precedentes. Sob a liderança de Hjalti Páll Ingólfsson e seu colega Björn Þór Guðmundsson, do Geothermal Research Cluster (GEORG) em Reykjavík, o país está prestes a iniciar um projeto de perfuração em uma câmara de magma próxima a um vulcão. Esse marco representa um avanço significativo na pesquisa geotérmica, com o objetivo de explorar a possibilidade de geração de energia infinita e obter informações valiosas sobre a rocha líquida oculta nas profundezas da Terra.
Projeto de energia infinita na Islândia deve começar até 2026
Os cientistas estudam a possibilidade de perfurar um vulcão na Islândia com o objetivo de encontrar uma fonte de energia infinita ilimitada. O projeto deve começar até 2026 e visa usar o magma para aquecer água e gerar eletricidade.
O projeto é liderado pela organização Krafla Magma Testbed (KMT), instituição que estuda energia geotérmica. O KMT escreveu em seu site que busca um futuro onde o mundo seja movido pela energia infinita do magma, os segredos escondidos sob os vulcões sejam revelados e onde as erupções vulcânicas catastróficas possam ser previstas.
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As regiões vulcânicas vêm sendo utilizadas há muito tempo para gerar energia na Islândia, mas este experimento pode ser o primeiro a perfurar uma câmara de magma próximo a um vulcão diretamente para captar energia.
Em entrevista ao Newsweek, David Pyle, professor de ciências da terra na Universidade de Oxford, apontou que o experimento passará por diversos desafios técnicos, incluindo a criação de equipamentos que resistem às altas temperaturas. Pyle afirma que, caso a perfuração da câmara de magma seja bem sucedida, as próximas etapas serão descobrir a melhor forma de extrair o calor.
Descoberta de câmara de magma na Islândia abre portas para a pesquisas
A temperatura do magma nunca foi medida diretamente, entretanto, a lava que sai na superfície pode chegar a até 1.200 °C, logo, o experimento também permitirá o estudo das câmaras magmáticas, da sua estrutura, o que desencadeia as erupções.
A descoberta de uma câmara de magma perto do vulcão Krafla, no nordeste da Islândia, abriu novas portas para a pesquisa geotérmica. Krafla, um dos vulcões mais ativos do mundo, está situado entre a crista médio-atlântica onde as placas tectônicas da Eurásia e da América do Norte divergem.
Ele entrou em erupção 29 vezes desde o século 9, com a atividade mais recente acontecendo entre 1975 e 1984. Esse período, conhecido como os fogos de Krafla, foi extensivamente estudado por vulcanologistas. Esses estudos levaram à identificação de uma potencial câmara de magma sob o vulcão da Islândia, estimada a estar entre 3 a 7 km de profundidade.
KMT foi estabelecido em 2014
O Icelandic Deep Drilling Project (IDDP), um consórcio de entidades industriais e governamentais, começou a perfuração em 2000 para explorar o potencial de aproveitamento da água supercrítica para energia geotérmica.
No entanto, em 2009, a uma profundidade de aproximadamente 2.104 metros, a broca penetrou inesperadamente uma câmara de magma, evidenciada pela facilidade súbita de perfuração e pela descoberta de obsidiana nas amostras do furo.
Esse encontro acidental não foi o único, eventos semelhantes aconteceram na caldeira Menengai no Quênia e no vulcão Kilauea no Havaí, demonstrando a viabilidade e segurança da perfuração em câmaras de magma sem desencadear erupções.
O poço de Krafla foi posteriormente utilizado na geração de energia por nove meses, atingindo uma temperatura de cabeça de poço de 450 °C antes de ser desligado por conta de problemas de superaquecimento.
Com base nessas experiências, o projeto KMT foi estabelecido em 2014. Sua missão principal é perfurar a câmara de magma para exploração científica, com planos de começar a perfuração em 2026 e gerar energia infinita.