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Descoberta maior jazida de ‘ouro negro’ da história! Com 500 BILHÕES de barris de petróleo de capacidade, a reserva é maior do que a encontrada na Arábia Saudita, mas tem um problema: ela não pode ser explorada

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/11/2024 às 01:23
Maior reserva de petróleo descoberta na Antártida pela Rússia; com 500 bilhões de barris, exploração é barrada pelo Tratado da Antártida.
Maior reserva de petróleo descoberta na Antártida pela Rússia; com 500 bilhões de barris, exploração é barrada pelo Tratado da Antártida.

Uma reserva de petróleo com potencial de 500 bilhões de barris foi descoberta. No entanto, essa riqueza não pode ser explorada. Entenda o porquê!

Imagine uma reserva de petróleo tão colossal que faria até a Arábia Saudita parecer modesta.

Esse tesouro negro, agora localizado em águas profundas e geladas da Antártida, poderia transformar os rumos energéticos globais e reequilibrar forças econômicas.

No entanto, uma barreira legal impenetrável impede qualquer exploração desse recurso inestimável.

A Rússia foi a responsável pela descoberta dessa vasta reserva, mas a utilização desse “ouro negro” está longe de ser uma realidade, uma vez que a região encontra-se protegida por acordos internacionais.

A descoberta histórica no Mar de Weddell

A magnitude da descoberta russa na Antártida, relatada pelo jornal Valor Econômico, impressiona: cerca de 500 bilhões de barris de petróleo, quase o dobro das reservas comprovadas da Arábia Saudita em 2022, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A revelação veio de uma missão conduzida por navios de pesquisa russos no Mar de Weddell, uma área que faz parte das reivindicações de território ultramarino britânico.

Contudo, o acesso e a exploração dessas reservas esbarram em um desafio aparentemente insuperável: o Tratado da Antártida.

O tratado, em vigor desde 1959, regulamenta a exploração do continente gelado.

Ele estabelece que a Antártida é uma zona dedicada à ciência e à paz, sem reconhecimento de soberania sobre qualquer território.

Sete países, incluindo o Reino Unido e a França, mantêm reivindicações históricas suspensas, enquanto a Rússia segue realizando atividades de pesquisa, às vezes controversas, na região.

Restrições ambientais e desafios políticos

Apesar do imenso potencial exploratório, o Tratado da Antártida proíbe qualquer tipo de exploração mineral ou extração de recursos naturais.

O documento, reforçado pela Convenção de Proteção Ambiental da Antártida em 1991, busca preservar o ecossistema local, considerado sensível e crucial para o equilíbrio climático global.

Segundo Jefferson Simões, vice-presidente do Comitê Científico de Investigação Antártica (SCAR), o tratado não só assegura o caráter pacífico do território, mas também evita que a região se torne palco de conflitos internacionais.

Para Simões, qualquer tentativa de exploração colocaria em risco um ambiente frágil e repleto de espécies adaptadas ao clima extremo da Antártida.

Durante o rigoroso inverno antártico, por exemplo, o mar congela, o que significa que um vazamento de petróleo causaria danos duradouros ao ecossistema.

“Na Antártida, a degradação de óleos seria muito mais lenta, impactando a cadeia alimentar por décadas”, explica o especialista.

Acordos internacionais e novas tensões com a Rússia

A descoberta traz à tona discussões sobre o futuro da Antártida e a posição da Rússia na geopolítica energética.

Para Luis Augusto Rutledge, analista de geopolítica e energia do Centro de Estudos das Relações Internacionais (Ceres), a presença russa na Antártida é um alerta para a comunidade internacional.

Segundo o especialista, “a Rússia tem realizado levantamentos de petróleo e gás em áreas inexploradas, o que pode culminar em uma revisão do Tratado e provocar debates sobre os recursos locais”.

Rutledge alerta para o risco de um conflito entre a Rússia e o Ocidente, caso as tensões aumentem em torno da soberania e da exploração desses recursos.

Ele lembra que, após a invasão da Ucrânia, a postura russa diante de acordos internacionais foi questionada.

Segundo ele, a atividade russa na Antártida gera desconfiança, uma vez que, embora apresentada como científica, pode esconder interesses de exploração energética.

Os altos custos e desafios técnicos

Mesmo que houvesse uma abertura para a exploração das reservas, especialistas apontam que as dificuldades técnicas e financeiras tornam esse empreendimento inviável no curto prazo.

De acordo com Jefferson Simões, os desafios vão além da presença do recurso; a distância e as condições climáticas extremas da Antártida também elevam significativamente os custos logísticos e ambientais.

“A Antártida é um dos ambientes mais agressivos da Terra, e há outras áreas no planeta para exploração de petróleo e gás com custos muito mais baixos e mais atrativas economicamente”, destaca.

Além disso, a Rússia enfrenta uma série de barreiras econômicas que tornam o investimento ainda menos vantajoso, especialmente com as sanções internacionais e o isolamento geopolítico crescente.

Para Simões, essa descoberta, ao menos nos próximos anos, é mais uma curiosidade do que uma possibilidade concreta de exploração.

O papel climático da Antártida no mundo

A Antártida não é apenas uma fonte potencial de energia, mas também desempenha um papel fundamental no equilíbrio climático global.

Situada no Polo Sul, essa região abriga cerca de 90% do gelo do planeta, representando aproximadamente 80% da água doce mundial.

Esse continente atua como um dos principais reguladores do nível médio dos mares e influencia a circulação atmosférica e oceânica.

Simões ressalta que o impacto da Antártida no sistema climático é tão vital quanto o da Amazônia, sendo ambos essenciais para o controle do clima global.

Embora o potencial energético da reserva seja tentador, sua exploração implicaria riscos ambientais imensuráveis e desestabilizaria uma área crucial para o equilíbrio climático.

Por ora, as políticas de preservação prevalecem, mas a descoberta desse “ouro negro” certamente reacenderá debates diplomáticos e ambientais, sobretudo entre nações com interesses de exploração.

Será que um dia os países conseguirão chegar a um acordo para explorar essa reserva de petróleo na Antártida sem comprometer o equilíbrio ambiental global?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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