As restrições na transmissão de energia renovável impactam o setor e geram perdas financeiras. Empresas buscam compensações e novos investimentos tentam solucionar o problema. O governo planeja medidas para melhorar a infraestrutura nos próximos anos.
O setor de energia renovável: avanços e dificuldades
Os cortes na geração de energia renovável vêm diminuindo. Contudo, o impacto sobre empresas e investidores ainda é significativo.
Além disso, barreiras na transmissão, disputas legais e incertezas sobre indenizações financeiras continuam influenciando o rumo do setor.
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Desde 2022, especialistas alertam sobre os desafios crescentes.
De acordo com a Aneel, os primeiros indícios de sobrecarga na rede de transmissão começaram a afetar o Nordeste no final de 2023.
Naquela época, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou ações emergenciais para mitigar os riscos de sobrecarga.
Redução dos cortes e impacto na produção energética
Queda nos Cortes de Energia Renovável, Mas o Setor Ainda Luta Contra Obstáculos
Em janeiro de 2025, os cortes na geração de energia renovável no Brasil diminuíram para 10,2% do total produzido.
Ou seja, uma leve melhora em relação aos 11,5% registrados em dezembro de 2024.
A queda ocorreu principalmente nas fontes de energia eólica e energia solar, que tradicionalmente enfrentam limitações devido à infraestrutura de transmissão defasada.
No caso da energia eólica, por exemplo, os cortes passaram de 9,5% para 9,3%.
Enquanto isso, a energia solar apresentou uma redução mais expressiva, de 17,8% para 12%.
Apesar dessa melhora, o setor ainda acumula prejuízos financeiros. A estrutura de transmissão não acompanha o crescimento da produção energética.
Além disso, o aumento no consumo de energia não avançou na mesma proporção da expansão das fontes renováveis, o que representa um desafio extra para os investidores.
Regulação e desafios financeiros
Conflitos Jurídicos e Busca por Compensações
A disputa entre os geradores de energia renovável e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permanece intensa.
Afinal, as empresas do setor exigem compensações pelas perdas na geração.
Companhias como Equatorial, CPFL, Eneva e Alupar relataram melhora em seus resultados financeiros devido à diminuição dos curtailments energéticos.
Por outro lado, Auren, Engie e Serena foram mais prejudicadas pelos cortes de geração.
Em agosto de 2024, a Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) e a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) acionaram a justiça para pressionar o governo e a Aneel por indenizações.
As associações relataram prejuízos financeiros bilionários causados pelas restrições do ONS.
Infraestrutura de transmissão e suas falhas
Impactos das Restrições e Medidas para Solução
Em janeiro de 2025, os cortes de geração devido à indisponibilidade da infraestrutura subiram para 6% da produção total, ante 0% em dezembro de 2024.
O problema surgiu em razão da falha no bipolo de transmissão de energia que conecta o Pará ao Rio de Janeiro.
Consequentemente, essa restrição permite compensação financeira pela energia não distribuída.
Além disso, algumas usinas já estão aptas a solicitar compensações, conforme avaliação do Ministério de Minas e Energia.
Em outubro de 2024, um encontro entre a Aneel, ONS e empresas do setor definiu que novos investimentos na rede de transmissão deveriam ser acelerados.
As estimativas indicam que, entre 2025 e 2027, as melhorias estruturais reduzirão significativamente esses problemas.
Expectativas e o futuro da energia renovável
Investimentos e Perspectivas para os Próximos Anos
Em 2024, investidores alertaram que as limitações operacionais impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) comprometiam a rentabilidade do setor.
Dessa forma, muitos revisaram seus projetos e estratégias de expansão.
A falta de ampliação das linhas de transmissão no Nordeste representa um gargalo crítico, pois impede que a energia produzida chegue de forma eficiente ao Sudeste.
O governo federal, por meio do Plano Nacional de Energia 2050, projeta investimentos superiores a R$ 200 bilhões para fortalecer a infraestrutura de transmissão nos próximos 25 anos.
Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os novos projetos darão prioridade à conexão dos parques eólicos e solares ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Mesmo com a redução nos cortes na geração de energia renovável, o Brasil ainda precisa superar desafios estruturais na rede de transmissão.
Além disso, é fundamental equilibrar a oferta e demanda de energia.
De acordo com especialistas do Instituto Brasileiro de Energia (IBE), ações emergenciais serão essenciais em 2025 para evitar crises energéticas futuras.