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China reage às tarifas dos EUA e mira nas terras raras em um embate geopolítico estratégico!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 14/04/2025 às 23:43
Atualizado em 15/04/2025 às 00:01
China - EUA - economia - geopolítica - Donald Trump
foto/reprodução: Divulgação

Pequim aplica taxas elevadas e aumenta restrições a produtos americanos, visando fortalecer sua posição no mercado de terras raras

No atual cenário de geopolítica entre China e EUA, Pequim acaba de fazer um movimento tático ao focar em um ponto crítico: as terras raras.

Esses materiais estratégicos são essenciais para os setores tecnológico e industrial, e sua importância só aumenta em meio às tensões entre as duas potências econômicas.

Taxas elevadas e restrições comerciais

A partir de amanhã, 10 de abril, a China aplicará uma taxa de 84% sobre todos os produtos importados dos EUA.

Essa medida é uma resposta direta às tarifas impostas por Washington, especialmente durante a administração de Donald Trump, que entrarão em vigor no dia 9 de abril.

Contudo, a resposta chinesa vai além de apenas impostos: Pequim também suspendeu as licenças de importação para seis empresas americanas e aumentou o controle sobre a exportação de certas terras raras.

Esse cenário evidencia uma escalada nas tensões comerciais, onde cada lado busca aplicar pressão sobre o outro.

A questão das tarifas não é apenas um aspecto econômico, mas reflete uma luta maior por influência tecnológica e de mercado.

A imposição de taxas elevadas pode ser vista como uma forma de retaliar as políticas protecionistas dos EUA, que visam proteger indústrias locais e reduzir a dependência de produtos importados.

Um histórico de medidas estratégicas

Este não é o primeiro uso de restrições por parte da administração de Xi Jinping como forma de pressão sobre os EUA. Em dezembro de 2023, a China já havia limitado a exportação de tecnologias de processamento de terras raras para proteger seus interesses estratégicos.

No início de dezembro de 2024, foram proibidas exportações de minerais críticos para os EUA, incluindo elementos essenciais para a indústria de semicondutores, como gálio, germânio e antimônio, além de materiais utilizados em aplicações militares.

A utilização de terras raras como uma ferramenta de pressão econômica e política não é uma novidade.

Em 2010, a China já havia restringido a exportação de terras raras, levando o Japão a buscar alternativas de fornecimento.

Essa estratégia levou a uma maior conscientização global sobre a dependência das terras raras e incentivou outros países a investirem em suas próprias capacidades de extração e refino.

O monopólio das terras raras

As terras raras consistem em um conjunto de 17 elementos indispensáveis para a fabricação de produtos como smartphones, baterias, turbinas eólicas, veículos elétricos e chips eletrônicos. Sem esses materiais, a economia moderna enfrentaria sérias dificuldades.

A China domina cerca de 90% da produção mundial de terras raras, o que lhe confere um poder de barganha considerável, especialmente em relação a países que dependem de suas exportações.

Este monopólio é resultado de uma combinação de fatores, incluindo investimento em tecnologia de extração, políticas governamentais que favorecem a indústria local e práticas de mineração que, embora frequentemente criticadas por serem ambientalmente prejudiciais, permitem uma produção em larga escala.

A China também tem investido em novas tecnologias para reciclar terras raras de produtos eletrônicos, o que pode aumentar ainda mais sua capacidade de controle sobre o mercado.

Riscos da estratégia chinesa

Embora essa estratégia fortaleça a posição da China na guerra comercial, ela não é isenta de riscos.

Em 2010, restrições semelhantes levaram muitos países a buscar fornecedores alternativos, o que pode se repetir e reduzir a dependência do Ocidente a longo prazo.

Contudo, no curto prazo, EUA e seus aliados ainda enfrentam desafios significativos, pois a cadeia produtiva continua fortemente dependente do refino chinês.

Além da busca por alternativas, a pressão da China pode incentivar as potências ocidentais a acelerar o desenvolvimento de suas próprias capacidades de extração e refino de terras raras.

A União Europeia, por exemplo, já identificou a necessidade de diversificar suas fontes de suprimento e tem trabalhado para facilitar a mineração de terras raras em seus próprios territórios.

Uma disputa além do comércio

A escalada atual entre China e EUA demonstra que o conflito vai além do comércio: trata-se de uma disputa estratégica global.

Cada decisão tomada por essas potências visa enfraquecer o avanço da outra na corrida tecnológica.

Nesse xadrez geopolítico, as terras raras emergem como um calcanhar de Aquiles para os EUA, um ponto vulnerável que Pequim está mais do que disposta a explorar.

As tensões também se refletem em outras áreas, como a tecnologia 5G, onde as empresas chinesas, como a Huawei, têm sido alvo de restrições nos EUA.

Essa disputa mostra que a competição entre China e EUA é multifacetada, envolvendo não apenas questões comerciais, mas também segurança nacional e inovação tecnológica.

No contexto atual, o papel das terras raras apenas se tornará mais crucial, à medida que a demanda por tecnologias limpas e sustentáveis aumenta.

As baterias de veículos elétricos e as turbinas eólicas, por exemplo, dependem fortemente de materiais raros, o que torna a questão ainda mais pertinente.

Estamos, possivelmente, à beira de uma nova Guerra Fria, desta vez alimentada por elementos invisíveis, porém indispensáveis para a economia moderna.

A forma como EUA e China gerenciam essa dinâmica nas próximas décadas poderá moldar não apenas suas economias, mas também a ordem mundial como um todo.

FONTE: XATAKA

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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