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Carros a Diesel são ‘proibidos’ e milhares deles tem um destino certo: Guerra da Ucrânia

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 26/11/2024 às 20:48
Carros a Diesel, Guerra da Ucrânia
Foto: Reprodução

Cidades europeias aumentam restrições aos carros a diesel, enquanto muitos desses veículos são enviados para apoiar as operações na guerra da Ucrânia

Desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, carros a diesel, como utilitários esportivos (SUVs) e picapes, deixaram de ser apenas veículos comuns para se tornarem ferramentas cruciais no campo de batalha.

Organizações sem fins lucrativos e voluntários vasculharam a Europa em busca desses carros a Diesel, que desempenham um papel vital no transporte de soldados feridos das linhas de frente para locais onde possam receber atendimento médico.

De acordo com relatórios ucranianos, mais de 60.000 veículos foram importados no primeiro ano do conflito. Muitos são doados diretamente, enquanto outros são adquiridos com fundos arrecadados. Para Ivan Oleksii, cofundador da organização Car for Ukraine, esses veículos são uma segurança. Desde a sua fundação, o grupo já enviou 500 veículos adaptados para as zonas de combate.

Impacto das regulamentações ambientais europeias contra os carros a Diesel

A busca por SUVs e picapes ganhou um impulso inesperado devido às rigorosas regulamentações ambientais europeias, que visam reduzir as emissões, retirando os carros a Diesel de circulação. Essas políticas, como a Zona de Emissão Ultra Baixa (ULEZ) de Londres, têm facilitado a disponibilidade de veículos para doação.

Lançada em 2019 e expandida em 2023, a ULEZ cobra taxas de motoristas cujos carros não atendem aos padrões de emissão.

Além disso, um esquema de desmanche implementado pela Transport for London permite que os londrinos façam com que seus veículos não estejam em conformidade com as normas para a Ucrânia. Segundo um comunicado oficial, mais de 330 veículos foram doados através desse programa até agosto.

Desafios e críticas ao programa

Apesar dos avanços, voluntários como Tony, que já liderou 40 trens para a Ucrânia, acreditam que o programa poderá ser mais eficaz. Ele argumenta que os incentivos financeiros para doação são inferiores ao que muitos proprietários poderiam obter no mercado de carros usados. Oleksii compartilha essa opinião, destacando que a falta de transparência e divulgação sobre o esquema de desmanche limitou seu impacto.

Enquanto isso, na Suécia, o grupo Blågula Bilen já enviou quase 800 veículos para a Ucrânia. O país possui altos impostos para carros a diesel, o que pode ter ajudado a liberar mais automóveis para doação.

Porém, organizações como a Iniciativa Humanitária Volyn, que já transportaram mais de 1.000 veículos de toda a Europa, relatam que grande parte de suas aquisições vem de áreas rurais, onde os veículos são usados ​​por agricultores e trabalhadores da construção civil.

Adaptação e uso no campo de batalha

Uma vez na Ucrânia, os veículos precisam ser adaptados para resistir às condições extremas da guerra. É aí que dois escritórios como a Iron Nuts, administrado por Artem Pastushyna, em Lviv.

Antes da guerra, Pastushyna trabalhou com soldagem como hobby. Hoje, ele transforma SUVs e picapes em veículos de evacuação médica, removendo janelas traseiras, instalando placas de metal e adaptando os interiores para transportar macas.

Esses veículos são essenciais para salvar vidas, mas também têm uma vida útil curta, devido às condições do terreno e ao risco constante de ataques. Alguns, como os fabricados por Pastushyna, são fornecidos com capas protetoras que já evitam danos graves em situações críticas.

O peso da guerra sobre os voluntários

O trabalho incessante de Pastushyna reflete o impacto emocional da guerra. Ele perdeu dois amigos próximos e dedica seus dias à adaptação de veículos como uma forma de aliviar o trauma. Apesar disso, ele mantém um objetivo claro: continuar ajudando o maior número possível de pessoas.

“Espero que ninguém sinta o que estamos passando agora”, desabafa Pastushyna. “A guerra é estúpida.”

O futuro da ajuda veicular

Com possíveis mudanças políticas globais, incluindo o risco de um corte no apoio à Ucrânia por parte dos Estados Unidos, o esforço para adquirir e adaptar carros a Diesel pode se tornar ainda mais crucial. Embora os desafios sejam consideráveis, a rede de organizações e voluntários continua unida para fornecer os meios necessários à sobrevivência em um cenário devastador.

Neste contexto, SUVs e picapes se tornaram mais do que veículos. Eles representam esperança e resiliência em tempos de adversidade. A luta pela Ucrânia passa por cada carro, cada adaptação e cada jornada até as zonas de combate. E enquanto houver guerra, esses veículos continuarão sendo uma linha de vida para muitos.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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