O governo brasileiro está em tratativas com os EUA, Rússia e China para viabilizar a produção de pequenos reatores nucleares para gerar energia no país. O objetivo, liderado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é criar uma política nacional que amplie a exploração de urânio e modernize o setor nuclear, em linha com a transição energética. A reportagem é do O Globo.
Nos últimos quatro meses, técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME) vêm estudando o tema dos reatores nucleares, e o lançamento da política está previsto para o início de 2024. Entre os pontos do projeto estão a modernização da usina Angra 1, a conclusão de Angra 3, além do fortalecimento da mineração de urânio. Atualmente, o Brasil possui a sexta maior reserva mundial de urânio, mas apenas 30% do território foi prospectado.
Parcerias estratégicas com EUA, Rússia e China para os reatores nucleares
Para viabilizar a implementação dos pequenos reatores nucleares para gerar energia, o governo busca acordos de transferência de tecnologia com potências globais. Executivos da Rosatom, corporação estatal russa, têm reuniões agendadas com o MME nesta segunda-feira. Negociações também estão avançando com os EUA e China, que podem colaborar para atrair investimentos e facilitar a produção desses reatores no Brasil.
A agenda internacional também previa discussões durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia, em um encontro com Vladimir Putin. Porém, a viagem foi adiada devido a um acidente doméstico com Lula.
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A ideia central é que o Brasil se torne independente na produção de pequenos reatores nucleares, abrindo caminhos para atrair operações energéticas intensivas, como novos data centers.
Exploração de urânio e cadeia nuclear
A nova política do governo pretende intensificar a exploração de urânio no Brasil, recurso considerado subutilizado. Em Santa Quitéria (MG), por exemplo, a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) aguarda autorização do Ibama para começar a explorar uma das maiores reservas do país, com capacidade para produzir até 2 mil toneladas anuais e alimentar os pequenos reatores nucleares.
Por lei, a exploração de urânio é monopólio da União, e os avanços na mineração dependem da expansão da atuação da INB. A retomada da mineração em dezembro de 2020, na Mina do Engenho, em Caetité (BA), já representou um passo importante para a cadeia nuclear brasileira.
Energia limpa e sustentável
A aposta em reatores nucleares para gerar energia está alinhada à transição energética, já que a geração nuclear é uma fonte limpa, sem emissão de gases poluentes. O governo quer estruturar toda a cadeia nuclear, desde a intensificação de estudos sobre reservas locais até a produção dos pequenos reatores, consolidando o Brasil como referência global no setor.
A iniciativa promete não apenas diversificar a matriz energética, mas também consolidar o país como um dos maiores produtores de urânio do mundo, fortalecendo a economia e abrindo novas fronteiras tecnológicas.