Você já se perguntou o que faz uma empresa de beleza investir bilhões em infraestrutura, mesmo quando o cenário econômico parece desfavorável? A resposta pode estar nas estratégias ousadas do Grupo Boticário, que não apenas aposta alto, mas também redefine o futuro do mercado de cosméticos no Brasil.
Nesta quinta-feira (08), o Grupo Boticário fez um anúncio que promete movimentar o setor de beleza e gerar impactos significativos no mercado nacional. A companhia revelou planos de investir cerca de R$ 1,8 bilhão na construção de uma nova fábrica em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, marcando o início de uma nova era para a marca.
Este será o quarto complexo industrial do grupo, que já conta com unidades em Camaçari (Bahia), São José dos Pinhais (Paraná) e uma recente aquisição em São Paulo, com a fábrica da Truss.
A escolha por Pouso Alegre, conforme explicou Artur Grynbaum, vice-presidente do conselho do Grupo Boticário, em entrevista à Exame, foi estratégica. “Ela vai dar conta dos planos futuros, mas principalmente nos deixar num ponto central e ainda mais perto dos consumidores”, afirmou Grynbaum, destacando a localização como um fator crucial para o sucesso da operação.
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A nova planta deve começar a funcionar em 2028, e a expectativa é que ela aumente a capacidade de produção do grupo em 50%, além de gerar 800 novos empregos diretos. Com esse crescimento, o Grupo Boticário se prepara para atender à crescente demanda do mercado interno, que continua sendo o principal foco da companhia.
No entanto, o mercado externo, embora ainda pouco representativo, não fica de fora dos planos de expansão da empresa. “Com a Truss no portfólio, o grupo pode, nos próximos 24 meses, incluir de 15 a 20 novos parceiros internacionais”, revelou Grynbaum.
Outros investimentos
Além da nova fábrica, o Grupo Boticário também anunciou investimentos robustos em outras áreas. Cerca de R$ 700 milhões serão destinados à expansão da malha logística em todo o Brasil, enquanto R$ 840 milhões vão fortalecer a unidade de São José dos Pinhais, com a ampliação de até 40% da capacidade das linhas de produção e melhorias na estrutura administrativa.
Esses investimentos fazem parte de uma estratégia maior que visa consolidar a posição do Grupo Boticário no mercado brasileiro, especialmente após os desafios enfrentados durante a pandemia de COVID-19.
Apesar de um impacto inicial nas vendas devido à dependência do varejo físico, o grupo conseguiu crescer 70% entre 2021 e 2023, alcançando um total de R$ 30,8 bilhões em vendas, sendo 30,5% desse crescimento registrado apenas no último ano.
De olho nas oportunidades
Embora o mercado brasileiro seja o principal alvo, o grupo não perde de vista as oportunidades no exterior. A marca O Boticário já é uma das principais em Portugal e, com a Truss, os planos de internacionalização devem ganhar ainda mais força.
A Truss, conhecida por seus produtos capilares profissionais, já está presente em mais de 50 países, e a expectativa é que o grupo amplie sua presença global nos próximos anos.
No entanto, esses planos ambiciosos não ignoram os desafios do mercado. Grynbaum reconhece que o ambiente fiscal atual, com incertezas em relação à redução dos juros básicos e a confiança instável do consumidor, apresenta ventos “não tão favoráveis”.
Ainda assim, o executivo acredita que o investimento é essencial para garantir a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo. “Estamos há 47 anos aqui e queremos estar pelo menos mais 100 anos”, afirmou.
Para financiar esses novos projetos, o Grupo Boticário pretende utilizar uma combinação de recursos, incluindo capital próprio e alternativas de mercado, demonstrando uma abordagem cautelosa e estratégica frente às adversidades econômicas.