Astrônomos fizeram uma descoberta fascinante ao observar manchas estelares na superfície de uma estrela gigante, revelando novas pistas sobre a dinâmica das atmosferas estelares.
Astrônomos do Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam, da Universidade de Potsdam e do Observatório Konkoly fizeram uma descoberta intrigante. Usando uma técnica inovadora, eles observaram manchas gigantes na superfície da estrela XX Trianguli, localizada a 640 anos-luz de distância, na constelação de Triangulum.
Essa estrela, uma gigante brilhante do tipo K0, é parte de um sistema binário. Estudos revelaram que suas manchas estelares são caóticas e imprevisíveis, diferentemente das manchas solares observadas no Sol.
“Manchas estelares se comportam de forma semelhante às solares, mas em uma escala muito maior”, explica o professor Klaus Strassmeier, principal autor do estudo. A equipe usou uma técnica chamada imagem Doppler, capaz de mapear a superfície estelar por meio da inversão de perfis de linhas espectrais.
- Vacas se alinham com o campo eletromagnético da Terra? Pesquisadores respondem
- Nem energia eólica, nem fusão solar! Bill Gates avança com projeto nuclear que visa revolucionar a geração de energia
- Crânio jurássico com 200 milhões de anos foi descoberto na China revela nova espécie de dinossauro
- Ciência surpreende com esponja de algodão e osso de lula que remove 99,9% dos microplásticos e aponta para um futuro mais limpo e sustentável
Uma estrela “Pintada”
XX Trianguli não é uma estrela comum. Com uma massa apenas 10% maior que a do Sol, ela possui um raio dez vezes maior e uma temperatura de 4630 K. Seu período de rotação de 24 dias está sincronizado com o período orbital do sistema binário.
Anteriormente, os cientistas descobriram que a estrela tinha uma mancha gigantesca, com uma área 10.000 vezes maior que o maior grupo de manchas já registrado no Sol. Essa dimensão equivale a dez vezes o diâmetro do disco solar.
Agora, os astrônomos foram mais longe, capturando 99 imagens detalhadas da superfície da estrela. Essas imagens revelaram mudanças significativas no fotocentro, o ponto que representa o “centro de luz” da estrela.
O que são Manchas Estelares?
Assim como no Sol, as manchas em XX Trianguli são áreas escuras na superfície da estrela, causadas por temperaturas mais baixas em comparação às regiões ao redor. Essas manchas podem alterar o brilho da estrela, deslocando levemente o centro de luz percebido pelos observadores.
No caso de XX Trianguli, o deslocamento do fotocentro chegou a 24 microssegundos de arco, cerca de 10% do raio visível da estrela. Isso demonstra a magnitude do fenômeno.
No entanto, diferentemente do Sol, as manchas de XX Trianguli não seguem um ciclo regular. Em vez disso, elas se formam de maneira aparentemente caótica, indicando que o dínamo interno da estrela é desordenado e não periódico.
Impacto na Busca por Exoplanetas
A descoberta também traz implicações importantes para a astronomia. As variações no fotocentro causadas pelas manchas podem imitar ou esconder os pequenos movimentos provocados por exoplanetas em órbita. Isso representa um desafio significativo para a detecção de novos planetas.
“Essas variações adicionam uma limitação intrínseca às técnicas astrométricas usadas na busca por exoplanetas”, afirma Strassmeier.
Importância da Descoberta
Essa pesquisa destaca a complexidade das dinâmicas estelares e mostra como técnicas avançadas, como a imagem Doppler, podem revelar detalhes fascinantes de estrelas distantes. Além disso, os dados coletados podem ajudar a entender melhor os processos internos dessas gigantes celestes e refinar métodos de observação de exoplanetas.
Os resultados foram publicados na revista Nature Communications, marcando mais um avanço significativo na exploração do universo.