Agricultor tentou burlar o sistema de energia elétrica com métodos improvisados, mas acabou sendo flagrado e preso, gerando repercussão em todo o estado.
Uma tentativa ousada de driblar o sistema de cobrança de energia elétrica terminou em flagrante, algemas e uma lição sobre os limites da criatividade rural.
Um agricultor de 70 anos, morador da zona rural de Vila Valério, no Espírito Santo, foi preso após ser descoberto utilizando métodos ilegais para alimentar sua propriedade com energia elétrica sem passar pelo sistema de faturamento da concessionária.
A descoberta foi feita na quarta-feira (7), durante uma operação conjunta entre técnicos da EDP, empresa que distribui energia na região, e peritos da Polícia Científica.
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O alvo da fiscalização era uma propriedade localizada no Córrego Paraju, um distrito agrícola que concentra diversos produtores familiares e pequenas lavouras.
O que as equipes encontraram no local surpreendeu pela sofisticação improvisada do esquema ilegal.
Dois sistemas de fraude em funcionamento
Segundo a EDP, foram encontradas duas formas distintas de furto de energia: uma ligação direta à rede elétrica e uma adulteração no medidor oficial.
Em outras palavras, parte da energia era desviada diretamente da rede, sem qualquer registro, enquanto outra parte era camuflada por um medidor manipulado, que registrava apenas uma fração do consumo real.
A energia desviada abastecia duas casas, três secadores de café e uma máquina de beneficiar grãos.
Isso indica que o esquema não era apenas para uso doméstico, mas também para manter o funcionamento de equipamentos de produção agrícola — o que pode ter aumentado a gravidade da acusação.
“O que encontramos caracteriza claramente o furto de energia, que é crime previsto no Código Penal”, informou a EDP em nota à imprensa.
A empresa destacou que, por se tratar de uma prática que interfere diretamente no sistema de medição, a fraude pode comprometer até a segurança da rede elétrica local.
Prisão em flagrante e encaminhamento ao sistema prisional
Durante a inspeção, o agricultor acompanhou toda a operação, mas não teve como escapar das evidências técnicas.
Ele foi conduzido imediatamente à Delegacia Regional de Nova Venécia, onde a Polícia Civil confirmou a autuação por furto qualificado de energia elétrica.
Após os procedimentos legais, ele foi encaminhado ao sistema prisional.
O furto qualificado é tipificado no artigo 155 do Código Penal Brasileiro e, quando envolve fraude, pode levar a penas mais severas, que variam de dois a oito anos de reclusão.
No caso de adulterações no medidor, a legislação entende que houve um esforço para enganar o sistema de cobrança, o que configura agravante.
Criatividade ou crime? Os limites da “esperteza” no campo
Casos como o do agricultor de Vila Valério revelam uma realidade que vai além da simples tentativa de economizar na conta de luz.
Muitos moradores de áreas rurais enfrentam dificuldades para arcar com custos fixos e veem na “gambiarra” uma alternativa de sobrevivência.
No entanto, o problema se torna grave quando isso representa riscos à segurança pública, perdas financeiras para o sistema elétrico e configura crime.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o Brasil perde cerca de R$ 10 bilhões por ano com furtos de energia, popularmente conhecidos como ‘gatos’.
Boa parte dessas perdas acontece em áreas urbanas, mas a zona rural não está imune — e, em muitos casos, apresenta até mais vulnerabilidades à fiscalização.
Fiscalizações têm aumentado em todo o Brasil
Nos últimos anos, as concessionárias têm intensificado operações de inspeção e investido em tecnologia para identificar fraudes de forma remota.
Novos medidores inteligentes, sensores de consumo e cruzamento de dados permitem que desvios como o identificado em Vila Valério sejam detectados com mais precisão.
A EDP, por exemplo, afirma que realiza ações frequentes em propriedades rurais e urbanas, justamente para coibir práticas que lesam o sistema.
Além disso, há campanhas educativas para conscientizar a população sobre os riscos e consequências legais do furto de energia.
A prática, embora pareça vantajosa a curto prazo para quem a realiza, pode trazer sérias consequências.
Além da prisão e do processo criminal, o autor pode ser obrigado a ressarcir os valores estimados de energia desviada, o que pode gerar dívidas significativas.
Um caso que chama a atenção pela ousadia e pelo impacto
O episódio em Vila Valério gerou repercussão na região e reacendeu o debate sobre os desafios do fornecimento de energia em áreas agrícolas.
Enquanto uns apontam a necessidade de maior apoio e tarifas mais justas para o campo, outros alertam que a impunidade em fraudes como essa apenas estimula novas tentativas.
Apesar da idade avançada, o agricultor responderá judicialmente como qualquer outro cidadão.
A legislação brasileira não isenta pessoas idosas de responsabilidade penal, salvo em casos de incapacidade comprovada.
Este não é um caso isolado. Em 2024, outras ações semelhantes resultaram na prisão de produtores rurais em estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
As fraudes, em geral, seguem o mesmo padrão: ligações diretas, alterações em medidores e até redes paralelas improvisadas.
Uma lição sobre os riscos da desinformação e das “soluções fáceis”
Mesmo com todos os desafios econômicos enfrentados por produtores rurais, é fundamental que a busca por alternativas não ultrapasse os limites da legalidade.
Técnicos em energia alertam que os riscos de um sistema irregular vão além da questão financeira: podem causar curtos-circuitos, incêndios e acidentes graves.
Além disso, a depender da estrutura envolvida, o furto de energia pode comprometer o abastecimento de comunidades inteiras e causar sobrecarga em transformadores e cabos da rede.
A criatividade, quando usada de forma ilegal, pode virar armadilha.
O caso do agricultor de 70 anos é mais um alerta sobre como atitudes aparentemente “inofensivas” podem gerar consequências desproporcionais.
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