A Fiocruz lançou um edital com bolsas de iniciação científica. Essa oportunidade única oferece acesso ao conhecimento acadêmico e promete fomentar uma ciência mais inclusiva e democrática.
Imagine um projeto capaz de revolucionar o futuro de jovens moradores de uma das áreas mais vulneráveis do Rio de Janeiro, conectando-os diretamente ao coração da ciência nacional.
A Fiocruz acaba de lançar uma oportunidade única, e a corrida pelas vagas já começou. De acordo com a instituição, o programa de Iniciação Científica – IC Favelas e Periferias, lançado pela Presidência e pela Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, é o protagonista dessa história.
Ainda conforme a Fiocruz, o objetivo principal é proporcionar uma imersão no mundo acadêmico para jovens universitários moradores da Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro.
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Ciência para a inclusão e equidade social
Esse novo edital reforça a missão social da Fiocruz, que visa reduzir as desigualdades e democratizar o acesso ao conhecimento científico. Segundo Mario Moreira, presidente da Fiocruz, o programa é mais do que uma simples oferta de bolsas.
Ele destaca a importância de envolver jovens de territórios marginalizados no desenvolvimento de soluções para os problemas locais, fortalecendo sua participação na formulação de políticas públicas mais justas. Moreira defende que “a ciência precisa emergir dos territórios, dialogando com as realidades locais”. A ideia é fomentar um cenário onde a ciência é feita por e para as comunidades.
Impacto nas comunidades: além da Maré
Conforme Marcia Lenzi, coordenadora-adjunta da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, o impacto do edital não se limita à Maré. A iniciativa abrange também as comunidades de Manguinhos e Mata Atlântica, ampliando o acesso à pesquisa científica para jovens de diferentes favelas do Rio de Janeiro. Essa inclusão é um passo importante para transformar a realidade acadêmica dessas regiões, que muitas vezes são deixadas de fora dos grandes projetos de pesquisa.
Iniciação científica e pós-graduação: um caminho promissor
Lenzi destaca que a iniciação científica é uma etapa fundamental para os universitários que desejam ingressar em programas de pós-graduação, algo que ainda enfrenta grandes barreiras para quem mora em favelas.
Embora o acesso às universidades tenha sido facilitado pelas políticas afirmativas, a entrada na pós-graduação ainda é limitada. O edital da Fiocruz, então, pode ser a porta de entrada para muitos jovens que aspiram a continuar seus estudos em cursos de Mestrado ou Doutorado.
Ciência cidadã: o conhecimento que emerge das favelas
A ciência que emerge das favelas, também conhecida como ciência cidadã, é essencial para a criação de políticas públicas efetivas. A Fiocruz reconhece o valor desse conhecimento periférico e busca incorporá-lo à academia, como ressaltado por Marcia Lenzi.
Ela aponta que há vários coletivos na Maré produzindo saberes em diversas áreas, fortalecidos após a pandemia de Covid-19. Esse movimento de produção local de conhecimento se tornou uma peça-chave para a inclusão das favelas no cenário acadêmico nacional.
Desafios e resistência: a ciência frente à violência
A violência que assola comunidades como a Maré também afeta os pesquisadores que atuam no local. Lançar um edital como este é um símbolo de resistência tanto da Fiocruz quanto dos moradores, afirma Lenzi. O projeto não só oferece bolsas, mas promove a continuidade de pesquisas essenciais para a comunidade, inclusive na área de saúde pública, como o projeto de vigilância do mosquito Aedes aegypti, que ela coordena em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz.
Quem pode se inscrever?
Segundo o edital publicado em setembro de 2024, as inscrições estão abertas para moradores das favelas que já estejam cursando graduação em universidades e tenham interesse em participar de projetos de pesquisa científica.
Os interessados têm até o dia 4 de outubro para garantir sua vaga, mas apenas aqueles vinculados a unidades da Fiocruz no Rio de Janeiro poderão participar. A exigência é que os candidatos estejam sob a orientação de doutores que já atuam em atividades de pesquisa na instituição, com regime de dedicação exclusiva de 40 horas semanais.
Com 30 bolsas disponíveis, o programa promete se renovar anualmente, ampliando a cada ano a rede de estudantes beneficiados. O impacto dessa ação da Fiocruz pode ir muito além do âmbito acadêmico, influenciando diretamente a formulação de políticas públicas e a construção de uma ciência mais inclusiva e democrática.