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Projeto de produção de energia nas termelétricas de Macaé poderá afetar o Rio Macaé, fazendo com que a população local fique sem água, segundo projeções do Instituto Arayara

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 01/08/2022 às 22:15
Atualizado em 02/08/2022 às 08:35
A cidade de Macaé possui atualmente um projeto de complexo com 15 termelétricas para operarem na região, mas pode sofrer com falta d’água em razão da influência da produção de energia no curso do Rio Macaé.
Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
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A cidade de Macaé possui atualmente um projeto de complexo com 15 termelétricas para operarem na região, mas pode sofrer com falta d’água em razão da influência da produção de energia no curso do Rio Macaé.

Conhecida atualmente como um grande polo de produção de petróleo, a cidade de Macaé, no Rio de Janeiro, se prepara nesta segunda-feira, (01/08), para focar na produção de energia a base de termelétricas. Mas pode acabar sofrendo com um desabastecimento d’água no futuro. Isso, pois, o complexo de 15 usinas termelétricas pensado para a região afetará diretamente o curso do Rio Macaé para a geração do recurso, impactando na qualidade de vida dos moradores da região. 

Rio Macaé pode ser afetado com a instalação de usinas termelétricas para a produção de energia em projeto pensado para a cidade de Macaé

A cidade de Macaé se prepara atualmente para se tornar a grande referência no estado do Rio de Janeiro quanto à produção de energia, uma vez que, além de duas termelétricas (UTEs) instaladas, tem uma terceira em construção e planos para mais 12 em projeto de expansão do setor energético na região.

No entanto, a instalação dessas usinas pode afetar o meio ambiente devido à necessidade de recursos e o Ministério Público Federal (MPF) já abriu um inquérito para apurar os impactos de todas elas juntas na qualidade do ar do município.

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Embora esse seja um grande problema para o projeto de instalação das termelétricas na região, há uma questão ainda maior em jogo, o abastecimento de água, uma vez que mais de 80 mil pessoas já sofrem sem ter acesso a esse recurso na região.

Dessa forma, a polêmica da produção de energia e os impactos no Rio Macaé se agravou na última semana, quando a justiça proibiu a instalação de termelétricas flutuantes em outro ponto do Rio, a Baía de Sepetiba. 

A situação se agrava quando pelo menos sete das usinas termelétricas que pretendem ser instaladas no norte de Macaé utilizarão a água do Rio Macaé para a produção de energia, impactando diretamente no curso hidrográfico da região.

Além disso, os dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) mostram que as duas usinas termelétricas já em operação e a nova, quando somadas, devem precisar de 230 litros de água por segundo, o equivalente a 55% de toda a água consumida no município.

Deficit de abastecimento d’água do Rio Macaé pode se agravar fortemente com projeto de instalação de usinas na região carioca 

Além dos dados da ANA e do Iema quanto à necessidade de utilização da água do Rio Macaé para a produção de energia na região, levantamentos do instituto Arayara estimam que o déficit hídrico na região poderia chegar a 180% se as novas unidades forem, de fato, instaladas.

Os órgãos ambientalistas apontam negligência também do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e pelo Ibama, uma vez que esse problema não está sendo considerado no projeto de instalação das termelétricas na região. A autoridade estadual busca garantir um forte crescimento econômico na cidade, mas não está atenta aos impactos que esse projeto de produção de energia pode causar.

Por fim, o cenário do abastecimento de água na região de Macaé pode se agravar nos próximos anos, já que o Comitê da Bacia do Rio Macaé projeta que, entre 2027 e 2032, o rio poderá secar nos piores cenários de estiagem na região onde ficam as principais captações, causando fortes impactos na qualidade de vida dos moradores da região carioca, em troca do crescimento do setor energético para suprir a alta demanda do mercado brasileiro atual.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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