O polêmico padrão adotado em 2011 ainda gera dúvidas. Saiba os bastidores dessa mudança e quem ganhou com ela.
Em 2011, o Brasil passou a adotar oficialmente um novo padrão de tomadas elétricas, com três pinos.
A mudança, que gerou resistência e até memes, segue até hoje como tema de debates entre consumidores, eletricistas e fabricantes de eletrodomésticos.
Mas o que motivou essa decisão? Quem ganhou com a troca? E, afinal, ela realmente trouxe mais segurança?
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A padronização das tomadas no Brasil: o que mudou
Até 2011, o país convivia com uma verdadeira “bagunça elétrica” nas residências e estabelecimentos comerciais.
Era comum encontrar uma variedade de plugues e tomadas: de dois pinos chatos, dois pinos redondos, até modelos importados incompatíveis com as instalações locais.
Essa falta de padronização causava acidentes, curtos-circuitos e improvisações perigosas com adaptadores.
Além disso, dificultava a vida do consumidor, que muitas vezes precisava de extensões ou adaptadores para conectar eletrodomésticos comprados em diferentes regiões do país.
A partir de 1º de janeiro de 2011, passou a valer a obrigatoriedade do uso do padrão brasileiro de plugues e tomadas (NBR 14136), estabelecido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) com base em estudos iniciados em 1998.
Por que o novo padrão foi criado
A principal justificativa para a mudança foi a segurança elétrica.
O novo modelo, com três pinos redondos — sendo o terceiro o fio terra —, promete reduzir o risco de choques elétricos, curtos e incêndios domésticos.
Segundo o Inmetro, o novo padrão brasileiro de tomadas aumenta o contato elétrico entre o plugue e a tomada, reduzindo falhas e superaquecimentos.
O pino de aterramento oferece uma camada extra de proteção contra choques, especialmente em eletrodomésticos de maior potência.
Além disso, a adoção de um padrão único nacional teria como meta reduzir os custos de produção e logística para os fabricantes de aparelhos elétricos, que antes precisavam adaptar seus produtos a diferentes configurações regionais.
O que dizem os críticos da mudança
Apesar da justificativa técnica, a mudança não foi bem recebida por grande parte da população.
Muitos brasileiros se viram obrigados a trocar adaptadores, filtros de linha e aparelhos antigos.
Além disso, o custo para se adequar à nova norma — tanto para fabricantes quanto para consumidores — foi um dos pontos mais criticados.
Houve também especulações de que empresas ligadas à indústria elétrica teriam se beneficiado da decisão, lucrando com a venda de novos adaptadores e componentes.
No entanto, nunca houve comprovação de lobby direto por parte dessas empresas, embora o tema tenha sido alvo de CPI em 2006 e discutido na imprensa.
Quem definiu o padrão?
O modelo adotado no Brasil foi inspirado em um sistema semelhante usado em outros países, mas com adaptações próprias.
A escolha do design final foi feita pela ABNT em parceria com o Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei) e seguiu estudos técnicos realizados por engenheiros, eletricistas e órgãos reguladores.
O padrão brasileiro não foi copiado diretamente de nenhum outro país.
Embora lembre o tipo “N”, utilizado na Suíça e África do Sul, possui especificações próprias, como espessura dos pinos e distância entre eles, o que o torna incompatível com o restante do mundo.
Ou seja: o plugue brasileiro é único, e não pode ser usado em nenhum outro país sem adaptadores — o que aumentou as críticas de quem via na mudança um isolamento desnecessário.
Houve redução de acidentes?
De acordo com dados do Inmetro e da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), a padronização contribuiu sim para a redução de acidentes domésticos relacionados a choques elétricos causados por tomadas.
Relatórios apontam que, entre 2010 e 2020, houve queda de cerca de 18% nos registros de acidentes por falha em conexões elétricas em residências.
Apesar disso, o número de mortes por choques ainda permanece elevado no Brasil, e a falta de aterramento correto continua sendo um desafio em muitas casas, o que reduz a eficácia da nova tomada.
E os aparelhos com dois pinos?
O padrão atual permite que aparelhos com dois pinos continuem sendo usados normalmente.
O terceiro pino, o de aterramento, é obrigatório apenas em equipamentos que exigem essa proteção extra, como geladeiras, máquinas de lavar e micro-ondas.
Assim, o modelo de três furos da nova tomada é compatível com plugues de dois pinos, desde que respeitem o novo espaçamento.
Contudo, aparelhos antigos com pinos mais grossos, ou que não seguem a norma NBR 14136, ainda exigem adaptadores — o que gera confusão entre os consumidores.
O padrão vai mudar de novo?
Não há previsão de novas alterações no padrão brasileiro de tomadas.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), junto com o Inmetro, afirma que a norma atual é segura, eficiente e segue válida.
Fabricantes já se adequaram completamente à produção do novo modelo, e os custos com a manutenção de dois padrões foram eliminados, ao menos para a indústria.
Por outro lado, o Brasil ainda sofre com instalações elétricas antigas, sem aterramento ou fora dos padrões de segurança, o que reduz parte dos benefícios esperados pela mudança.
Uma mudança que unificou, mas ainda gera dúvidas
A adoção do padrão de tomadas com três pinos foi feita com foco na segurança e na padronização nacional.
Apesar dos altos custos iniciais e da resistência da população, os dados indicam uma contribuição positiva na redução de acidentes elétricos.
Ainda assim, a falta de comunicação clara e a exclusividade do padrão brasileiro no mundo seguem como pontos sensíveis.
Mas, diante de todos esses fatores, fica a pergunta: será que valeria a pena adotar um padrão internacional — mesmo que com novo custo — para facilitar a vida dos brasileiros que viajam e usam produtos de fora?
Gostei muito. Além de padronizar as tomadas, deixou tudo mais seguro. A tomada, trouxe uma estabilidade mecânica também, coisa que não existia na profusão de tipo de tomadas que existiam antes. Sem falar para as crianças, que gostam de enfiar os dedinho em qualquer buraco. O choro é livre, mas a solução foi ótima. As empresas que importam aparelhos elétricos atualmente já informam aos fabricantes dos produtos, a padrão das nossas tomadas.
Estas mudanças em tomadas são semelhantes às reformas gramaticais, visam apenas vendas de produtos.
Resposta bem mais simples do que todo o texto: PROPINA.
O lobby das indústrias de material elétrico custou caro. A estimativa é de aproximadamente 400 milhões de tomadas vendidas em curto prazo.
Rolou grana grossa aí