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Ponte móvel que permite que trabalhadores recuperam estradas sem interromper o trânsito

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 26/03/2025 às 22:37
Foto: Reprodução

Uma nova ponte móvel está revolucionando o trabalho de manutenção em rodovias. Com ela, equipes conseguem realizar obras em trechos danificados sem a necessidade de interromper o fluxo de veículos, garantindo segurança e evitando congestionamentos.

Uma solução simples e ao mesmo tempo revolucionária está transformando a forma como estradas são pavimentadas na Suíça. Trata-se da Ponte Astra, uma estrutura móvel que permite a realização de obras sem bloquear o tráfego.

Quem já ficou preso no trânsito por causa de obras em rodovias sabe como isso pode ser frustrante. Apesar dos esforços para minimizar os impactos, os congestionamentos ainda são inevitáveis quando se realiza manutenção nas vias. Mas agora, uma iniciativa do Departamento Federal de Estradas da Suíça pode mudar esse cenário.

A Ponte Astra, com 257 metros de comprimento, permite que veículos sigam seu caminho normalmente enquanto, logo abaixo, equipes trabalham na recuperação da estrada. Simples na ideia, complexa na execução, a ponte chama atenção por seu potencial de mudar a lógica das obras rodoviárias.

Ponte móvel – Ideia antiga, solução moderna

O engenheiro Jürg Merian, conhecido como “Sr. Ponte Astra”, se inspirou em uma rampa austríaca que viu mais de dez anos atrás.

Na época, o modelo austríaco já permitia a passagem de veículos sobre obras, mas era limitado. A estrutura não era móvel, era difícil de instalar e desconfortável para os trabalhadores.

Sob a antiga rampa, o espaço era muito pequeno — apenas 1,6 metros — e o barulho dos carros podia ultrapassar 100 decibéis.

Isso tornava o ambiente de trabalho insalubre e ineficiente. A Suíça chegou a usar essa rampa, mas os problemas acabaram levando à busca por uma alternativa melhor.

A primeira tentativa falhou

Alguns anos depois, Merian decidiu aprimorar o conceito. Assim nasceu a primeira versão da Ponte Astra. Ela era mais larga, mais alta e, principalmente, móvel.

A ponte foi colocada sobre rodas e oferecia isolamento acústico, o que melhorou o ambiente de trabalho. A altura foi ampliada para três metros, e a largura passou a ser de cinco.

No entanto, novos problemas apareceram. Durante testes em 2022, a ponte precisou ser desmontada antes da conclusão das obras.

A inclinação das rampas de acesso era muito acentuada — 6,1% — fazendo com que veículos mais pesados quase parassem. Isso gerava longas filas e causava reclamações.

Nova versão é sucesso em testes

Agora, a ponte voltou em uma versão melhorada. A inclinação da rampa foi reduzida para apenas 1,25%, permitindo que veículos circulem a até 60 km/h.

A nova ponte está sendo testada na cidade de Recherswil, em Solothurn, e tem apresentado bons resultados.

Quase não há congestionamentos. Os motoristas ainda diminuem a velocidade ao ver a estrutura — afinal, não é todo dia que se vê uma ponte de 257 metros no meio da estrada —, mas os impactos no trânsito são mínimos. Alguns até desaceleram por curiosidade, mas isso não chega a causar retenções significativas.

Mais segurança e conforto para os trabalhadores

Além de manter o tráfego fluindo, a ponte móvel oferece vantagens para os profissionais envolvidos nas obras.

Ela protege contra sol e chuva e permite o trabalho durante o dia, evitando as incômodas jornadas noturnas, antes consideradas obrigatórias para não atrapalhar os motoristas.

Esse benefício fez com que o número de empresas interessadas em participar da obra aumentasse. Foram cinco ofertas para executar a pavimentação no local onde a Ponte Astra foi usada — número acima da média, segundo o departamento suíço.

Operação exige cuidado, mas compensa

A montagem da ponte exige planejamento. Ela precisa ser instalada diretamente sobre o trecho que será reformado e, depois, rebocada a uma velocidade de 0,5 km/h para o segmento seguinte. Esse deslocamento lento limita a produtividade: a equipe consegue pavimentar apenas metade do que faria em uma estrada totalmente interditada.

Mesmo assim, o Departamento Federal de Estradas considera o saldo positivo. O tráfego continua fluindo, os trabalhadores têm melhores condições e a aceitação pública da obra aumenta.

Interesse internacional cresce

A Ponte Astra foi revelada recentemente, mas já desperta a atenção de outros países. Noruega, Alemanha e Holanda demonstraram interesse em adotar a solução. A Suíça, por sua vez, está aberta à colaboração.

Curiosamente, a tecnologia não foi patenteada. Segundo as autoridades, o objetivo não é lucrar com a ideia. A função de um órgão federal, segundo eles, não é atuar como empresa comercial, mas sim servir ao público.

Essa decisão pode acelerar a adoção do modelo em outros lugares. Se der certo, a Ponte Astra pode se tornar referência mundial em manutenção de estradas com menor impacto para o trânsito.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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