A Philips já foi a segunda maior fabricante de semicondutores do mundo, mas perdeu espaço enquanto a ASML, empresa que ela mesma ajudou a criar, se tornou líder absoluta na produção de máquinas de litografia. Como uma das gigantes da tecnologia caiu e deixou escapar um mercado bilionário?
Imagina só: você cria um mercado, investe nele por décadas, ajuda a desenvolver a tecnologia que vai revolucionar tudo e, no fim das contas, fica pra trás e vê outra empresa dominar o jogo. Pois é, foi exatamente isso que aconteceu com a Philips.
Nos anos 1970, a empresa holandesa era simplesmente a segunda maior fabricante de semicondutores do planeta, perdendo só para a Texas Instruments. E não era qualquer empresa: a Philips era uma potência, com mais de 400 mil funcionários espalhados pelo mundo. Mas enquanto a tecnologia dos chips evoluía, ela não conseguiu acompanhar o ritmo, e acabou ficando de fora do próprio mercado.
O mais curioso? Foi a própria Philips que ajudou a fundar a ASML, empresa que hoje é essencial para a fabricação dos chips mais avançados do mundo. Então, como foi que a Philips perdeu tudo? Bora entender essa história.
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O domínio da Philips no setor de semicondutores
Se hoje pensamos na Philips como uma marca de eletrodomésticos, lâmpadas e equipamentos médicos, no passado ela era muito mais que isso. Nos anos 70, a empresa era uma das maiores forças tecnológicas do mundo.
Só na Holanda, eram 90 mil funcionários. O portfólio da Philips incluía rádios, televisores, eletrodomésticos e equipamentos médicos. Mas o mais impressionante era que a empresa fazia tudo internamente – desde o design até a fabricação dos seus produtos.
O pioneirismo nos semicondutores
O interesse da Philips pelos semicondutores não foi de uma hora pra outra. Lá nos anos 50, a empresa já tinha sacado que os chips seriam o futuro. Por isso, investiu pesado na criação de centros de pesquisa e fechou parcerias com universidades e laboratórios de tecnologia.
E a Philips não se limitou a fabricar chips – ela também criou as próprias máquinas de litografia usadas para produzi-los. Isso significava que a empresa tinha controle total sobre o processo, algo que poucas conseguiram na época.
O resultado? Na década de 70, a Philips já estava no topo do mercado, atrás apenas da Texas Instruments. Mas o problema de estar no topo é que, se você não continuar inovando, a queda vem mais rápido do que você imagina.
O nascimento da ASML
Nos anos 80, o mercado de chips estava mudando rápido. As empresas queriam chips menores, mais rápidos e mais eficientes. E pra isso, era preciso evoluir as máquinas de litografia.
A Philips sabia que precisava se atualizar, mas não queria encarar esse desafio sozinha. Foi aí que, em 1984, fez uma parceria com a ASM International, outra empresa holandesa especializada em semicondutores.
A ideia era simples: a Philips entrava com sua expertise em óptica e litografia, e a ASM com o conhecimento na fabricação de chips. Dessa fusão nasceu a ASML (Advanced Semiconductor Materials Lithography), empresa que mudaria para sempre a indústria dos semicondutores.
Mal sabia a Philips que, anos depois, a ASML se tornaria a líder mundial em máquinas de litografia – e que ela mesma ficaria pra trás.
O declínio da Philips no setor de chips
Enquanto a ASML crescia e se tornava cada vez mais essencial para a indústria, a Philips começou a perder competitividade. O mercado mudou, os desafios aumentaram e a empresa simplesmente não acompanhou o ritmo.
E não foi só uma questão de tecnologia. Segundo especialistas, a Philips era uma empresa muito burocrática e engessada, com dificuldade de tomar decisões rápidas. Isso fez com que ela perdesse espaço enquanto outras gigantes, como Intel e Samsung, avançavam.
O maior erro: vender as ações da ASML muito cedo
Se a Philips tivesse segurado sua participação na ASML, será que a história teria sido diferente? Difícil dizer. O fato é que a empresa vendeu suas ações cedo demais, perdendo a chance de lucrar com o crescimento explosivo da ASML.
Hoje, todas as grandes fabricantes de semicondutores do mundo – TSMC, Intel, Samsung, SK Hynix, entre outras – dependem das máquinas de litografia da ASML para fabricar seus chips.
E a Philips? Ficou de fora.
ASML: A gigante que herdou o legado da Philips
Se você está lendo isso num smartphone, computador ou tablet, pode apostar que os chips dentro dele foram fabricados com máquinas da ASML.
A empresa é a única no mundo que produz máquinas de litografia EUV (Extreme Ultraviolet), uma tecnologia que permite fabricar os chips mais avançados da atualidade.
Enquanto isso, a Philips… bem, não tem mais nada a ver com esse mercado.