Petrobras finaliza o Polo GasLub, antigo Comperj, após 16 anos de paralisações e escândalos de corrupção. O projeto agora foca no processamento de gás natural do pré-sal, prometendo impacto no mercado energético brasileiro.
Após 16 anos de espera e bilhões em prejuízos, a Petrobras finalmente deu vida ao que um dia foi considerado um dos maiores símbolos de corrupção no país.
Mas o que levou essa gigante do setor de energia a reerguer um projeto bilionário que muitos consideravam morto? Será que, dessa vez, o Comperj realmente cumprirá suas promessas?
Na última sexta-feira (06), a Petrobras recebeu a autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para começar a receber o gás natural dos campos do pré-sal no agora chamado Polo GasLub Itaboraí.
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A obra, iniciada em 2008 e marcada por escândalos de corrupção, voltou a ser finalizada, mas com um escopo muito diferente do que se planejava originalmente.
R$ 75 bilhões e 30 mil empregos: o que restou do sonho original?
O projeto do Comperj, que previa um grande complexo petroquímico, se reduziu a uma unidade de processamento de gás natural. A inauguração oficial está marcada para esta sexta-feira (13), e o evento contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O objetivo? Processar o gás natural extraído dos campos do pré-sal, trazido por um gasoduto de 355 quilômetros, a maior parte submarina.
Mesmo com um escopo reduzido, a capacidade de impacto é impressionante. As estruturas instaladas no Polo GasLub têm capacidade para processar 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Segundo a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, esse volume é superior às importações de gás feitas pela empresa atualmente, o que significa que o novo polo contribuirá significativamente para a autossuficiência energética do Brasil.
A saga de corrupção e paralisações
O Comperj foi concebido como um ambicioso projeto para atrair fábricas de plástico e indústrias petroquímicas para Itaboraí, no Rio de Janeiro.
Contudo, o projeto se transformou em um dos maiores símbolos da Operação Lava-Jato, com o envolvimento da Petrobras em escândalos de corrupção, superfaturamento e pagamento de propinas.
Desde 2008, a estatal já contabilizou ao menos US$ 14 bilhões em prejuízos relacionados ao empreendimento.
Em 2015, as obras foram paralisadas. Já no governo de Michel Temer, entre 2017 e 2018, a Petrobras abandonou de vez os planos de construir refinarias no local, reduzindo o escopo do projeto.
Mesmo assim, a finalização da UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) e da Rota 3, uma das partes da rede de gasodutos submarinos, enfrentou várias paralisações.
A crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 e desavenças com as construtoras em 2022 também atrasaram o andamento.
Novos planos à vista: o futuro do Polo GasLub
O presidente Lula deve marcar presença na inauguração do polo na próxima sexta-feira, o que reforça a expectativa de que o governo irá dar continuidade a projetos de expansão no local.
O Plano Estratégico 2024-2028 da Petrobras já prevê a construção de refinarias de diesel e de biocombustíveis, como bioquerosene de aviação.
O plano é visto como fundamental para a transição energética do país e para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Apesar disso, a execução desse plano estratégico, que envolve investimentos de US$ 102 bilhões, foi um dos fatores que resultaram na saída de Jean-Paul Prates da presidência da Petrobras no governo Lula.
Magda Chambriard, que assumiu o cargo em junho de 2024, agora tem a missão de acelerar essas obras, incluindo a ampliação do Polo GasLub.
Além das refinarias, a Petrobras também anunciou a intenção de construir um parque termelétrico no local, com capacidade para gerar até 1,867 gigawatts (GW) de energia, utilizando gás natural.
A transformação de um gigante adormecido
Com uma história marcada por altos e baixos, corrupção e paralisações, o Comperj — agora Polo GasLub — finalmente se aproxima de seu renascimento.
E, embora o projeto original tenha sido drasticamente reduzido, a nova versão do empreendimento ainda promete causar um grande impacto no mercado de gás e energia no Brasil.
A pergunta que fica é: com tantos obstáculos no caminho, o Polo GasLub conseguirá atingir todo o seu potencial ou será apenas mais uma promessa não cumprida?