Frete China-Brasil dispara e deve encarecer produtos importados para brasileiros
A China tornou-se em 2020 o primeiro parceiro comercial do Brasil a superar a marca histórica de uma corrente de comércio em produtos de frete (exportação + importação) superior a US$ 100 bilhões. Foram exatamente US$ 101.728 bilhões comercializados pelos dois países. As exportações brasileiras alcançaram a cifra igualmente recorde de US$ 67.685 bilhões e as importações totalizaram US$ 34.042 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
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Produtos na rota dos contêineres da China sofrerão aumento
Roupas, equipamentos eletrônicos, pneus e todos os produtos trazidos por contêineres de países como China, Coreia e Japão sofrerão os impactos diretos deste reajuste, que deverá começar a ser mais perceptível agora no início de 2021, à medida em que vão ocorrendo os desembarques, já com a forte alta no frete.
Indiretamente a disparada do frete deve afetar todas as mercadorias comercializadas no Brasil, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) Ricardo Alípio da Costa. Ele destaca que os pneus, mesmo os fabricados no Brasil, dependem de matéria-prima importada como o aço.
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“Toda a logística interna de insumos, alimentos, medicamentos e produtos em geral no Brasil é feita por caminhões. O pneu é o terceiro item mais caro no custo de manutenção de um caminhão, portanto, a elevação do seu preço tem grande impacto no custo total do transporte interno de mercadorias”, disse Alípio.
Oferta e demanda
No maior porto do Brasil, responsável por cerca de 30% da movimentação contêineres do país, o Porto de Santos, não se verifica aumento tão expressivo no segundo semestre que pudesse relacionar a disparada do frete com excesso de demanda. Segundo dados divulgados pelo próprio terminal, no mês de outubro a movimentação de contêineres foi apenas 0,2% superior ao mesmo mês de 2019.
Prática reiterada
Movimento semelhante no preço do frete, mas em um espaço maior de tempo, ocorreu entre outubro de 2015 e dezembro de 2017. Conforme amplamente noticiado à época, deliberadamente armadores reduziram à metade os serviços de navegação entre Ásia e Brasil, o que elevou em seis vezes o custo do frete e tornou a rota a mais cara do mundo.