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Nasa mostra que EUA está transformando ilha abandonada em uma base global de transporte de armas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/04/2025 às 20:20

Os Estados Unidos estão transformando uma ilha abandonada no meio do Pacífico em uma central ultrassecreta para testes de foguetes militares capazes de cruzar o planeta em poucas horas com toneladas de armamento ou suprimentos estratégicos.

Os Estados Unidos estão reativando uma remota ilha no Pacífico com histórico de testes nucleares para transformá-la em uma base estratégica de transporte militar global, segundo documentos oficiais e imagens de satélite recentes analisadas por especialistas em defesa.

O Atol de Johnston, localizado a cerca de 1.300 km a oeste do Havaí, foi escolhido como o novo centro de testes do ambicioso programa Rocket Cargo Vanguard, desenvolvido pela Força Espacial dos EUA.

A iniciativa pretende utilizar foguetes reutilizáveis para transportar carga e até tropas para qualquer lugar do planeta em poucas horas, oferecendo uma vantagem logística incomparável em caso de conflitos armados.

Essa transformação militar ocorre num momento de crescente tensão geopolítica global, especialmente em regiões como o Indo-Pacífico, onde os Estados Unidos buscam manter sua influência frente ao avanço da China.

Segundo o Departamento da Força Aérea, a ilha será equipada com duas plataformas de pouso e poderá realizar até 10 testes por ano durante os próximos quatro anos.

A expectativa é que os primeiros lançamentos ocorram ainda em 2025, dependendo da aprovação ambiental.

De território tóxico a polo aeroespacial

O Atol de Johnston carrega um passado sombrio.

Entre os anos 1950 e 2000, a ilha serviu como palco para testes nucleares e depósito de armas químicas e biológicas.

Foi lá que, em 1962, aconteceu a explosão nuclear conhecida como Starfish Prime, considerada a maior já registrada no espaço.

Após décadas de uso militar controverso, a ilha foi oficialmente desativada em 2003 e convertida em Refúgio Nacional de Vida Selvagem, tornando-se parte do Monumento Nacional Marinho do Patrimônio das Ilhas do Pacífico.

Ainda assim, estruturas como uma pista de pouso de 2,7 km e outras instalações militares permanecem visíveis em imagens de satélite — e agora serão reutilizadas.

A escolha do local não foi por acaso.

A Força Aérea descartou outras localidades, como o Atol de Kwajalein, a Ilha Midway e a Ilha Wake, alegando limitações logísticas e riscos ambientais.

O Johnston se destacou por ser de domínio federal, de acesso controlado, e por estar menos exposto a eventos climáticos severos — fator decisivo após tempestades prejudicarem testes em outras regiões.

Rocket Cargo Vanguard: um projeto ambicioso

Liderado pelo Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA (AFRL), o Rocket Cargo Vanguard é um dos projetos mais ousados da nova era da guerra moderna.

Seu objetivo é reduzir o tempo de transporte de carga militar de dias ou semanas para apenas algumas horas, utilizando foguetes de grande porte, com foco na mobilidade e na velocidade de resposta.

Desde 2020, o Pentágono investe recursos significativos na exploração dessa tecnologia.

A ideia é desenvolver sistemas capazes de transportar até 100 toneladas de equipamentos — ou mesmo soldados — diretamente para zonas de conflito, empregando trajetórias orbitais ou suborbitais.

Tal capacidade logística poderia transformar o modo como os Estados Unidos projetam poder militar ao redor do globo.

A aposta na SpaceX e na Starship

A SpaceX, empresa de Elon Musk, é uma das principais parceiras no desenvolvimento dessa nova logística militar, com seu foguete Starship sendo apontado como peça-chave do programa.

Em 2022, a empresa recebeu um contrato de US$ 102 milhões para testar tecnologias de transporte de carga e apoio humanitário por meio de voos experimentais.

Apesar de alguns testes da Starship terem enfrentado falhas e explosões, o Pentágono permanece confiante.

Para o general Philip Garrant, comandante do Space Systems Command, a combinação de alta capacidade de carga e reutilização torna a Starship uma das opções mais promissoras para o Rocket Cargo Vanguard.

Além do uso militar, a tecnologia poderá beneficiar operações humanitárias em regiões de difícil acesso, acelerando o envio de medicamentos, alimentos ou suprimentos de emergência em casos de desastres naturais.

Reativação estratégica no tabuleiro global

A transformação do Atol de Johnston em uma base de pouso para foguetes espaciais reutilizáveis representa mais que uma simples inovação logística.

É uma resposta direta à nova dinâmica dos conflitos globais, nos quais o tempo de resposta pode definir o desfecho de uma operação.

Se aprovada a avaliação ambiental, prevista para maio de 2025, a ilha passará a desempenhar um papel central na estratégia militar norte-americana.

Especialistas acreditam que o local poderá se tornar um hub logístico aeroespacial de uso contínuo, ampliando a presença dos EUA no Pacífico e reforçando sua capacidade de agir com rapidez em qualquer cenário emergente.

A decisão também sinaliza o avanço da militarização do espaço e a integração cada vez mais próxima entre empresas privadas e o aparato de defesa dos Estados Unidos.

Nesse contexto, o Atol de Johnston poderá sair da condição de território esquecido para se tornar um dos centros neurálgicos do futuro da guerra moderna.

Implicações ambientais e éticas

O retorno das atividades militares na ilha reacende debates sobre os impactos ambientais e éticos da militarização de áreas naturais.

Grupos ambientalistas têm expressado preocupação com a reativação do Atol de Johnston, alertando para os riscos de contaminação, perturbação da fauna local e a possível violação de tratados internacionais de preservação.

Por outro lado, autoridades garantem que os testes serão conduzidos com rígidos protocolos ambientais, e que o local já passou por um processo de descontaminação completo.

Ainda assim, organizações como o Greenpeace pedem maior transparência e monitoramento público das operações planejadas.

Um novo paradigma na logística militar

O projeto Rocket Cargo Vanguard exemplifica uma tendência crescente: a transformação da logística militar por meio da tecnologia aeroespacial.

Ao utilizar foguetes reutilizáveis para reabastecimento, os Estados Unidos podem redefinir completamente suas estratégias de resposta a crises.

Com isso, o mundo observa atento os desdobramentos dessa nova fase da corrida tecnológica e militar.

O que antes era um território esquecido, hoje se projeta como uma peça-chave na engrenagem da defesa global dos Estados Unidos.

Será que essa nova logística ultrarrápida poderá ser usada apenas para fins de segurança, ou estaremos caminhando para uma nova era de disputas militares no espaço?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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