A Ucrânia expõe frustração com o G20: enquanto bombardeios devastavam Odessa, o Brasil negava um pedido de Zelensky e ignorava o maior conflito global desde 1945. Embaixador descarta risco nuclear, critica Lula por não usar sua influência e denuncia falta de pressão contra a Rússia.
No cenário internacional, poucos temas são tão urgentes quanto a guerra na Ucrânia. Entretanto, o encontro do G20, realizado recentemente no Brasil, evitou confrontar diretamente o conflito mais devastador na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Esse posicionamento provocou críticas diretas do embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, que revelou detalhes surpreendentes sobre a postura brasileira, minimizou ameaças nucleares russas e defendeu que a ausência de Volodymyr Zelensky foi uma oportunidade perdida para negociações de paz.
Enquanto líderes mundiais discutiam segurança alimentar e energética, os olhos de Kiev estavam voltados para Brasília, esperando por um apoio mais robusto que, segundo Melnyk, nunca veio.
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Brasil no G20: uma postura de neutralidade que frustrou
De acordo com Andrii Melnyk, o G20 poderia ter sido uma plataforma essencial para impulsionar uma solução pacífica para o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Contudo, o Brasil optou por não priorizar o tema. Em entrevista à GloboNews, o embaixador classificou como “decepcionante” o distanciamento brasileiro diante de um conflito que afeta não apenas a Europa, mas todo o globo.
“O Brasil não quis lidar com essa questão. Para nós, foi um grande desapontamento ver a maior guerra no mundo desde 1945 sendo relegada no debate”, afirmou Melnyk.
A insatisfação do diplomata também se deve à rejeição de um pedido de Zelensky, presidente ucraniano, que desejava participar do encontro.
Segundo ele, o presidente Lula negou a solicitação, limitando as discussões sobre a guerra a um papel periférico no evento.
Declaração final: o silêncio sobre a Rússia
A declaração oficial do G20 destacou o impacto humanitário e econômico da guerra, pedindo o fim do conflito e saudando iniciativas para uma paz duradoura.
No entanto, não houve qualquer menção direta à Rússia como responsável pela guerra, o que gerou críticas de especialistas e autoridades ucranianas.
Melnyk apontou que a ausência de referências explícitas enfraquece a pressão internacional contra Moscou, um ponto corroborado pelo professor Carlos Frederico Coelho, do Instituto de Relações Internacionais da PUC.
“No ano passado, houve menção explícita à Rússia na declaração do G20. Desta vez, isso foi omitido, mostrando uma postura mais neutra e genérica”, explicou o especialista.
Para Melnyk, essa neutralidade não contribui para a paz. Ele argumentou que países influentes, como o Brasil, têm a responsabilidade de assumir posições mais firmes em relação a crises globais.
“O G20 tinha o potencial de ser o início de novas discussões de paz, mas isso foi descartado”, lamentou.
Escalada nuclear? Um risco descartado
Entre os temas mais polêmicos, as ameaças nucleares do presidente russo, Vladimir Putin, foram classificadas por Melnyk como pouco preocupantes.
O embaixador enfatizou que, ao longo dos mil dias de guerra, o Kremlin recorreu diversas vezes a essa retórica, mas nunca cumpriu suas ameaças.
“Se a Rússia usasse armas nucleares, seria uma linha vermelha não apenas para nós, mas também para países como Brasil e China. Sem dúvida, Moscou perderia o pouco de credibilidade que ainda tem”, avaliou Melnyk.
O diplomata acredita que as ameaças nucleares fazem parte de uma estratégia de intimidação que não deve ser levada a sério pela comunidade internacional.
Ataques em meio ao G20
Enquanto os líderes das principais economias do mundo estavam reunidos, a realidade na Ucrânia seguia brutal
. No primeiro dia da cúpula, bombardeios russos em Odessa resultaram na morte de 10 civis, segundo Melnyk. No dia seguinte, novos ataques deixaram mais 12 vítimas. Esses eventos, destacou o embaixador, reforçam a urgência de uma ação global mais decisiva.
Outra questão abordada foi a decisão dos Estados Unidos de permitir o uso de mísseis norte-americanos em território russo.
O embaixador esclareceu que a Ucrânia usará esse armamento exclusivamente contra alvos militares, respeitando as leis internacionais de guerra.
Lula e sua influência: um papel subestimado?
Melnyk também destacou o papel que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia desempenhar como mediador do conflito.
Ele acredita que a influência global do Brasil seria valiosa para iniciar diálogos construtivos entre Rússia e Ucrânia. No entanto, segundo o diplomata, Lula não demonstrou interesse em atuar ativamente nessa frente.
“O Brasil tem peso diplomático, mas a falta de engajamento limita seu impacto em crises globais como esta. É uma oportunidade desperdiçada”, argumentou.
Um apelo por mais envolvimento
Embora frustrado com o G20, o embaixador reiterou que a Ucrânia continuará buscando apoio internacional para frear a agressão russa.
“Nossa mensagem é clara: a guerra não pode ser ignorada, pois suas consequências afetam a todos. Precisamos de aliados comprometidos com a paz”, finalizou Melnyk.
Será que o Brasil deveria abandonar sua postura neutra e assumir uma posição mais ativa em relação ao conflito na Ucrânia?