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Especialistas alertam os EUA: ou desenvolvem a tecnologia de energia solar espacial, ou terão que comprá-la da China

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/12/2024 às 14:09
energia solar espacial
Foto: Reprodução

Especialistas alertam que os Estados Unidos precisam investir urgentemente em tecnologia de energia solar espacial ou dependerão da China, que já lidera essa inovação revolucionária.

Enquanto o Congresso americano discute mudanças tímidas na política energética, a China está acelerando no desenvolvimento de uma tecnologia que pode transformar o cenário global de energia: a capacidade de transmitir energia solar espacial para a Terra. Essa tecnologia pode ser a mais transformadora desde da energia nuclear.

Esse avanço, que parecia ficção científica, pode em breve se tornar realidade — e, caso os EUA não ajam rapidamente, correm o risco de depender da China para acessar essa inovação.

Energia solar espacial

Especialistas explicam que a energia solar baseada no espaço (SBSP, na sigla em inglês) é simples em conceito, mas revolucionária em impacto.

Satélites captam a energia solar no espaço e a enviam para a Terra por meio de micro-ondas seguras, semelhantes ao WiFi. Diferente de fazendas solares terrestres, esses sistemas funcionam 24 horas por dia, independentemente de condições climáticas ou da ausência de luz solar.

Space-Based Solar Power (SBSP) compreende uma constelação de satélites no espaço, coletando energia solar e transmitindo-a com segurança para receptores na Terra ou no espaço. 

Essa tecnologia pode resolver um dos maiores desafios enfrentados pela infraestrutura energética americana.

Só a Costa Leste dos Estados Unidos precisará do equivalente a 15 novas usinas nucleares na próxima década para atender à crescente demanda de energia. Eventos climáticos extremos e redes elétricas obsoletas tornam a situação ainda mais crítica.

A China assume a liderança da energia solar espacial

Enquanto os EUA debatem, a China avança rapidamente. O país já anunciou um protótipo de sistema SBSP até 2030.

Caso concretizado, será o maior objeto construído pelo homem no espaço. A ambição chinesa vai além de energia: dominar essa tecnologia significa demonstrar capacidades espaciais que podem transformar a dinâmica militar e industrial no espaço.

Peter Garretson, especialista em SBSP e membro do Conselho de Política Externa dos EUA, não mede palavras. “A China estará produzindo isso em menos de 20 anos, e nós compraremos deles”, alertou em um recente briefing no Congresso.

Por que isso importa?

Um experimento de transmissão de energia de micro-ondas no solo. Foto: Dong Shiwei, National Key Laboratory of Science and Technology on Space Microwave, Academia Chinesa de Tecnologia Espacial em Xian

A energia representa cerca de 10% do PIB global. Quem liderar a SBSP não apenas assegura independência energética, mas também controla um mercado multitrilionário que definirá a próxima era de operações espaciais.

A indústria espacial e de manufatura deve ultrapassar US$ 1 trilhão até 2040, e um projeto liderado pelos EUA criaria milhares de empregos bem remunerados em território americano.

O cenário não é apenas econômico. A SBSP oferece vantagens estratégicas, como maior segurança energética, redução de dependência de fontes externas e fornecimento de energia limpa e confiável.

Além disso, a liderança nesse setor consolidaria a influência americana no espaço e em terra.

A estrutura de aço de 75 metros de altura que hospeda sistemas para testar energia solar baseada no espaço, na Universidade Xidian em Xi’an, norte da China. 
Crédito: Universidade Xidian

Os EUA ainda podem liderar

Apesar da ameaça chinesa, os EUA têm uma base sólida para competir. Empresas americanas já demonstraram as tecnologias essenciais, e startups como Aetherflux e Virtus Solis, junto a gigantes como Northrup Grumman, estão prontas para lançar missões de demonstração.

Graças a iniciativas como a SpaceX, os custos de lançamento diminuíram significativamente.

No entanto, a fragmentação dos esforços entre NASA, Departamento de Energia e Departamento de Defesa impede um avanço coordenado. Diferente da abordagem centralizada da China, os EUA carecem de um programa nacional unificado.

O caminho a seguir

O Congresso precisa agir rapidamente. Um programa nacional de SBSP deve ser liderado pela Força Espacial dos EUA, com financiamento adequado e coordenação clara.

Estima-se que o investimento necessário, alguns bilhões de dólares na próxima década, será pequeno comparado aos benefícios econômicos e estratégicos.

Uma parceria entre governo, empresas e universidades pode viabilizar uma demonstração comercial até 2027. Com o suporte técnico e infraestrutura dos EUA, um cronograma agressivo é possível. O presidente deve priorizar essa iniciativa como parte de uma estratégia para fortalecer a liderança americana no setor.

Um marco para o futuro

A SBSP não é apenas uma nova fonte de energia. Ela resolve problemas cruciais: segurança energética, confiabilidade da rede elétrica e sustentabilidade climática. Também posiciona os EUA como líderes no desenvolvimento de tecnologias espaciais avançadas, essenciais para o século XXI.

A questão central é: os EUA liderarão ou ficarão para trás? O mundo não espera. A China está em movimento, e os próximos passos do Congresso serão decisivos. A oportunidade de mercado está clara, e a tecnologia está ao alcance. O que falta é um compromisso nacional.

O desafio da nova corrida energética

Durante a Corrida Espacial, os americanos chegaram à Lua em menos de uma década. Agora, a corrida energética exige o mesmo nível de dedicação. Liderar a SBSP não é apenas uma questão de inovação, mas uma necessidade estratégica.

Os Estados Unidos têm os recursos, a expertise e o mercado. Tudo o que falta é vontade política. A decisão de agir agora definirá o papel da América na próxima grande transformação energética global. O futuro da energia e da liderança americana no espaço está em jogo.

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Danielfjal
Danielfjal
10/12/2024 19:31

Há um erro de concordância verbal na manchete. “Ou desenvolvem ou terão de comprá-la ficaria bem melhor.

Dan
Dan
11/12/2024 08:59

a energia q se gasta p por estas estruturas no espaço ao justifica-as. é mais fàcil e barato cobrir 10% dos desertos americanos c placas chinesas

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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