1. Início
  2. / Energia Renovável
  3. / Entenda o porquê os valores do Cbios vêm subindo e batendo recordes nos últimos meses, segundo dados da ANP
Tempo de leitura 3 min de leitura

Entenda o porquê os valores do Cbios vêm subindo e batendo recordes nos últimos meses, segundo dados da ANP

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 12/07/2022 às 17:02
Atualizado em 28/07/2022 às 01:14
O Brasil prevê falta de Cbios após 2023, os créditos de descarbonização deverá viver déficit a partir de 2024, isso acontecerá caso o Conselho Nacional de Políticas Energéticas mantenha as metas anuais de compra já indicadas para as distribuidoras na próxima década.
Foto: Pixabay
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

O levantamento feito pela ANP aponta que o Cbios bateu um recorde de preço nos últimos dias de junho, se comparado ao final de maio. Estima-se que a alta foi de cerca de 70% do valor final no último mês, em decorrência de alguns fatores.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) divulgou, nesta terça-feira, (12/07), os dados sobre os valores cotados para os Cbios nos últimos meses. O levantamento foi feito com base na comparação dos preços do mês de maio ao final de junho e mostra que o valor bateu um recorde de cerca de R$ 202.

Entenda quais são os fatores que fazem os preços dos Cbios baterem recorde

Nesse sentido, segundo o gestor de projetos do Pecege, Haroldo Torres, os preços dos Cbios vêm aumentando por conta de dois fatores principais. O primeiro deles é o volume de Cbios obtidos pelas distribuidoras — sendo a parte obrigada de compra — e o segundo deles é o aumento significativo de compras dos títulos por parte de outros agentes de mercado — Ou seja, a parte que não é obrigada.

“Tudo indica que as distribuidoras vão atingir a meta. Isso mostra que elas estão adiantando as compras de Cbios, ou seja, esse é um vetor que explica esse comportamento de preço e reflete mudança no comportamento de aquisição das distribuidoras. O volume total de Cbios ofertados em 2022 foi de quase 14 milhões de Cbios, um volume abaixo do mesmo período do ano passado, que foi de 14,9 milhões. Em 2021, a meta das distribuidoras também era significativamente menor, com diferença de mais de 11 milhões de Cbios. Ou seja, elas anteciparam as compras no momento estou com uma oferta mais restrita, comprado a 2021, e com uma meta maior” afirma Torres.

É importante evidenciar que nos últimos dois anos, as distribuidoras estavam concentrando as suas compras mais no final do ano, próximo à data limite da meta, por isso a alta nos valores do Cbios chamou tanta atenção. Já em maio, o volume negociado de Cbios foi de  7,5 milhões, um crescimento de cerca de 54% em comparação a abril. Ainda em maio, os valores começaram a se fortalecer ainda mais, atingindo o recorde de R$ 119 reais e desde então não para de subir rapidamente, ultrapassando os R$ 200.

Aumento expressivo de compras do títulos por partes de outros agentes de mercado

O crescente aumento das compras de títulos por partes de outros agentes de mercado é o segundo motivo para o aumento expressivo nos valores dos Cbios, isso porque esses agentes não são a parte obrigada. O aumento das compras se dá por não haver previsão de resultado superavitário no mercado para 2023, causando o colapso dos Cbios e aumento da procura dos agentes.

“Até agora eles tinham parcela ínfima. No entanto, de maio para junho, o volume comprado da parte não obrigada subiu 179%. É um volume baixo quando comparado da parte obrigada, mas essa movimentação também pode ter empurrado a média dos preços para cima”, segue destacando Torres.

Dessa forma, o volume de Cbios exibidos até a segunda metade de junho é de 42% da meta anual, que é  cerca de 36,75 milhões de títulos, o número de Cbios disponibilizados no fechamento de junho é de 21,7 milhões de títulos. Além disso, o  volume de não obrigatórios somado ao que está na parte obrigada totaliza 63% da meta. Já o  volume negociado de Cbios na segunda quinzena de junho foi de 8,13 milhões de títulos.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

Compartilhar em aplicativos