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Enquanto alguns países ainda forçam jornadas de 12 horas em escala 6×1, outros abraçam a redução da carga horária para o bem-estar dos trabalhadores!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 09/04/2025 às 20:28
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foto/reprodução: Divulgação

Medidas em resposta a crises hídricas e à pressão sobre trabalhadores mostram como diferentes nações lidam com a jornada de trabalho

Em meio a uma crise hídrica e uma mudança cultural nas práticas laborais, a Venezuela e a China estão adotando medidas inesperadas para ajustar suas jornadas de trabalho.

Enquanto a Venezuela responde a uma emergência climática, a China busca aliviar a pressão sobre seus trabalhadores em um ambiente competitivo.

Crise hídrica na Venezuela e a redução da jornada de trabalho

Diante da crise hídrica que afeta os reservatórios de energia do país, o governo da Venezuela decidiu implementar uma redução na jornada de trabalho dos servidores públicos.

Essa medida, anunciada no final de março, ocorreu após a decretação de uma “emergência climática” que comprometeu o fornecimento de energia em várias regiões.

A nova jornada de trabalho foi estabelecida das 8h às 12h30 durante um período inicial de seis semanas.

Além disso, o governo implementou uma escala 1×1, permitindo que os trabalhadores atuassem um dia sim e outro não.

No entanto, setores essenciais, como saúde e segurança, continuaram funcionando normalmente.

O objetivo dessa redução é diminuir o consumo energético em meio a um clima intenso e a uma seca prolongada.

Contexto da crise energética

Este não é o primeiro episódio de crise energética na Venezuela; medidas semelhantes foram adotadas em 2016 e 2018, quando a baixa no nível da hidrelétrica de Guri — responsável por cerca de 80% da energia do país — também levou a uma redução da jornada de trabalho.

Agora, a situação se agrava com o aumento das temperaturas e a diminuição das chuvas.

O governo venezuelano orientou a população a colaborar com a redução do consumo de energia, recomendando ações como ajustar o ar-condicionado para 23 °C, aproveitar a luz natural e desligar aparelhos eletrônicos que não estão em uso.

Essas iniciativas buscam promover um uso mais consciente da energia em todos os níveis da sociedade.

Mudanças na China: a cultura 996 e o novo enfoque

Enquanto a Venezuela adota medidas para lidar com a crise hídrica, a China se destaca por sua abordagem inovadora em relação à jornada de trabalho.

Conhecida pela cultura 996 — que implica trabalhar das nove da manhã às nove da noite, seis dias por semana — a China agora enfrenta uma mudança significativa.

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foto/reprodução: Divulgação

Recentemente, a fabricante de drones DJI implementou uma política que obriga seus funcionários a deixar o trabalho exatamente às nove da noite.

Um grupo de recursos humanos percorre a sede da empresa, garantindo que todos os empregados deixem seus postos, como se fosse uma evacuação de emergência.

Essa mudança surpreendeu muitos trabalhadores e gerou discussões nas redes sociais, onde um funcionário comentou: “foi a primeira vez que me expulsaram do escritório“.

Motivos por trás da mudança

O termo neijuan, que pode ser traduzido como “involução”, refere-se à necessidade de reduzir a competição excessiva em determinados setores da economia.

A nova política da China visa evitar que as empresas desperdicem recursos em uma concorrência ineficiente, que exaure os trabalhadores sem trazer avanços significativos em rentabilidade ou inovação.

Embora a cultura 996 tenha sido defendida por figuras proeminentes da indústria chinesa, como Jack Ma, um número crescente de empresas, incluindo Haier e Midea, está se adaptando às novas diretrizes do governo, limitando a carga horária de seus funcionários.

A Haier, por exemplo, ordenou que seus colaboradores respeitem os dois dias de descanso no fim de semana, enquanto a Midea começou a exigir que os funcionários registrassem suas saídas às 18h20, em vez das 21h.

Implicações das mudanças nas jornadas de trabalho

As decisões tomadas tanto na Venezuela quanto na China refletem uma tendência global em direção à adaptação das leis trabalhistas e à busca por condições de trabalho mais humanas.

Na Venezuela, a redução da jornada de trabalho é uma resposta direta a uma crise ambiental, enquanto na China, a mudança busca aliviar a pressão sobre os trabalhadores em um sistema altamente competitivo.

Essas iniciativas também destacam a importância de um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, incentivando um ambiente onde os funcionários possam ser produtivos sem sacrificar sua saúde mental e bem-estar.

Em um mundo cada vez mais conectado e dependente da tecnologia, a forma como as empresas gerenciam suas jornadas de trabalho pode ter um impacto significativo na satisfação e na retenção de talentos.

Reflexões sobre o futuro das jornadas de trabalho

Neste contexto, tanto a Venezuela quanto a China estão se adaptando a novas realidades, mostrando que a redução da jornada de trabalho pode ser uma solução viável para enfrentar desafios econômicos e sociais.

À medida que mais países consideram implementar mudanças em suas normas trabalhistas, as experiências da Venezuela e da China podem servir como exemplos valiosos para outras nações em busca de um futuro mais sustentável e equilibrado para seus trabalhadores.

Através da análise das práticas em diferentes partes do mundo, fica claro que as mudanças nas jornadas de trabalho não apenas afetam os empregados, mas também têm repercussões significativas sobre o ambiente econômico e social.

A busca por um equilíbrio entre a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores é um desafio que continuará a moldar o futuro do trabalho em todo o planeta.

FONTE: CAPITALIST

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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