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Construção civil — Fim dos pedreiros até 2030? Máquinas podem instalar até 3.000 tijolos por dia podem revolucionar a industria

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/01/2025 às 15:37
Construção civil
Foto: Reprodução

A tecnologia avança rapidamente na construção civil, e máquinas capazes de instalar milhares de tijolos por dia estão mudando a forma como construímos. Será o fim dos pedreiros?

A construção civil atravessa um momento de transformação sem precedentes, impulsionada por avanços tecnológicos que prometem reconfigurar práticas tradicionais.

Entre as inovações mais notáveis, os robôs de alvenaria surgem como uma solução revolucionária para desafios históricos do setor, como a baixa produtividade e a escassez de mão de obra qualificada.

Essas máquinas, especializadas no assentamento de tijolos, estão redefinindo os limites da eficiência, produtividade e sustentabilidade.

O papel histórico dos tijolos na construção

Desde as civilizações mais antigas, os tijolos desempenham um papel central na construção. Arqueólogos identificaram o uso de tijolos secos ao sol por volta de 7000 a.C., enquanto técnicas de queima em forno datam de aproximadamente 3500 a.C.

Apesar de milênios de história, os métodos tradicionais de alvenaria permaneceram essencialmente os mesmos, caracterizados pelo trabalho manual intenso e processos pouco mecanizados.

Essa estagnação histórica contribuiu para uma crise de produtividade no setor. Estudos apontam que, ao longo das últimas décadas, a eficiência no canteiro de obras tem diminuído, resultado de práticas arcaicas e da falta de inovações disruptivas.

Nesse contexto, os robôs de alvenaria surgem como uma resposta tecnológica para transformar a maneira como construímos.

A crise de produtividade na construção civil

A construção civil enfrenta uma crise crônica de produtividade. Comparado a outros setores, como a manufatura, o ritmo de inovação e ganho de eficiência tem sido lento.

Essa situação é agravada pela dificuldade em atrair mão de obra qualificada e pelos altos índices de desperdício de materiais em obras tradicionais.

Robôs como o Hadrian X, desenvolvido pela empresa australiana FBR, e o SAM100, da americana Construction Robotics, representam um avanço significativo.

Esses dispositivos utilizam tecnologias avançadas para aplicar argamassa e posicionar tijolos com precisão, seguindo modelos digitais baseados em projetos arquitetônicos.

Em condições ideais, essas máquinas podem instalar até 3.000 tijolos por dia, um volume impressionante em comparação aos 300 a 500 tijolos assentados por um pedreiro tradicional no mesmo período.

Esse salto de produtividade está alinhado à revolução da Indústria 4.0, onde automação, inteligência artificial e análise de dados desempenham papéis centrais na reconfiguração de processos industriais.

A construção civil, um dos setores mais resistentes a mudanças, finalmente começa a integrar essas tecnologias em larga escala.

O futuro da automação na construção

De acordo com um estudo do Fórum Econômico Mundial, até 2030 cerca de 41% das tarefas na construção civil podem ser automatizadas, especialmente atividades que exigem esforço repetitivo, como a alvenaria e a mistura de materiais.

Embora algumas atividades humanas sejam substituídas, o impacto nos empregos tende a ser mitigado pela complexidade de certas tarefas.

Trabalhos que exigem criatividade, solução de problemas e personalização continuarão sendo realizados por pessoas, enquanto as máquinas aliviam o peso do trabalho físico extenuante.

Estudos da McKinsey & Company indicam que tecnologias como robôs de alvenaria têm o potencial de aumentar a produtividade do setor em até 50%.

O funcionamento dos robôs de alvenaria

Robôs de alvenaria são projetados para realizar tarefas repetitivas com alta precisão. Equipados com algoritmos sofisticados, sensores e sistemas de visão computacional, eles conseguem navegar no ambiente de trabalho ee executar atividades como:

  • Posicionamento de tijolos com precisão milimétrica;
  • Ajuste automático da aplicação de argamassa;
  • Adaptação a diferentes tipos de tijolos e formatos complexos;
  • Integração com ferramentas e softwares de planejamento.

Esses dispositivos minimizam erros humanos, como a aplicação desigual de argamassa, e reduzem o desperdício de materiais no canteiro de obras. A combinação de automação e precisão traz um novo nível de qualidade às construções.

Benefícios da robotização no assentamento de tijolos

A introdução de robôs no setor de alvenaria oferece várias vantagens, tanto para construtoras quanto para trabalhadores:

Aumento de precisão e qualidade: Os robôs são projetados para seguir especificações rigorosas, eliminando erros comuns em construções manuais. Sensores e sistemas de visão computacional detectam e corrigem falhas em tempo real, garantindo um acabamento uniforme e duradouro.

Escala de produtividade: Enquanto um pedreiro experiente pode assentar entre 300 e 500 tijolos por dia, robôs como o Hadrian X conseguem instalar mais de 1.000 tijolos por hora. Essa capacidade acelera projetos e reduz significativamente os prazos de entrega.

Redução de custos: Embora o investimento inicial em robôs seja elevado, a economia a longo prazo é significativa. Eles substituem várias etapas do trabalho manual, diminuindo custos com mão de obra e reduzindo atrasos e desperdícios.

Segurança aprimorada: Canteiros de obras são conhecidos por seus altos índices de acidentes. Com a automação de tarefas arriscadas, os riscos para os trabalhadores diminuem, criando um ambiente mais seguro.

Limitações e desafios na construção civil

Apesar das inúmeras vantagens, a adoção de robôs de alvenaria enfrenta alguns desafios. O custo inicial elevado dos equipamentos pode ser proibitivo para pequenas e médias empresas.

Além disso, o treinamento necessário para operar essas máquinas exige especialização, o que pode retardar sua adoção em larga escala.

Outro fator é o impacto ambiental. Muitos robôs dependem de combustíveis fósseis para operar, o que contrasta com a crescente demanda por práticas sustentáveis no setor.

Ademais, o tempo necessário para configurar e alinhar essas máquinas no canteiro de obras pode representar um obstáculo para projetos menores.

Exemplos práticos: Hadrian X e SAM100

SAM100: O SAM100, desenvolvido pela Construction Robotics, é um sistema de alvenaria semi-automatizado que funciona como um assistente para pedreiros.

Ele automatiza tarefas como a aplicação de argamassa e o posicionamento inicial dos tijolos, permitindo que o pedreiro humano se concentre em ajustes finais. Essa colaboração entre homem e máquina aumenta a eficiência e reduz o esforço físico.

Hadrian X: O Hadrian X, por sua vez, é uma solução completamente automatizada. Desenvolvido pela FBR, ele consegue construir uma casa em até dois dias, incluindo a preparação de aberturas para portas e janelas, bem como a instalação de encanamentos e conduítes elétricos. Sua precisão e velocidade tornam-no ideal para projetos de grande escala.

Sustentabilidade na alvenaria automatizada

Robôs de alvenaria também desempenham um papel importante na sustentabilidade. Ao controlar a quantidade de materiais utilizados, como argamassa, eles ajudam a reduzir o desperdício.

Por exemplo, enquanto um pedreiro tradicional pode usar cerca de 1.000 gramas de argamassa por tijolo, um robô automatizado utiliza apenas 455 gramas, promovendo eficiência e economia de recursos.

Além disso, alguns robôs utilizam adesivos construtivos inovadores, que oferecem maior resistência estrutural e reduzem as emissões de carbono, contribuindo para um futuro mais sustentável.

Impactos na gestão de projetos

A introdução de robôs na construção civil está mudando a maneira como os projetos são planejados e gerenciados. Cronogramas se tornam mais precisos e fáceis de cumprir, enquanto os custos se tornam mais previsíveis. Essa previsibilidade é essencial para empresas que buscam maximizar o retorno sobre os investimentos.

O futuro da construção civil

A automação na construção civil está apenas no início. Tecnologias emergentes, como o Building Information Modeling (BIM) e sistemas baseados em inteligência artificial, prometem integrar ainda mais os robôs ao planejamento e à execução de projetos.

Embora desafios persistam, como os custos iniciais elevados e resistências culturais, os benefícios em termos de produtividade, sustentabilidade e segurança colocam a automação no centro da transformação do setor.

Os robôs de alvenaria, em particular, estão redefinindo a maneira como construímos, pavimentando o caminho para um futuro mais eficiente e tecnologicamente avançado.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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