Nestlé confirma investimento bilionário em fábrica centenária de Araras (SP), que será modernizada com inteligência artificial, novo prédio industrial e foco em exportações, reforçando o papel da cidade como polo estratégico no mercado de cafés.
A Nestlé confirmou Araras (SP) como o foco do novo ciclo de investimentos em café no Brasil. Serão R$ 1 bilhão até 2028 para modernizar e ampliar a unidade de cafés solúveis.
O plano prevê aumento de 10% na capacidade — hoje de 37 mil toneladas por ano —, uso de inteligência artificial no processo industrial e manutenção de Araras como polo exportador, com embarques a mais de 65 países.
A operação tem 1.062 colaboradores e sustenta entre 3 mil e 5 mil empregos indiretos em serviços e cadeia de fornecedores, segundo o site The Agribiz, que publicou a informação nesta quarta-feira (3).
-
Classe média denuncia sufoco em 2025: bancos exigem 30% de entrada e milhares de imóveis vão a leilão
-
EUA avaliam impor novas tarifas contra autopeças estrangeiras alegando ‘segurança nacional’, medida pode atingir bilhões em exportações e acende alerta no Brasil
-
Especialista explica que 1 erro no MEI pode transformar CNPJ em dívida pessoal e gerar bloqueios de crédito futuro
-
Casa nova sem sufoco: crédito bilionário promete juros reduzidos e prazo maior para reformas até 2026
Investimento bilionário e papel de Araras no plano da empresa
O aporte de R$ 1 bilhão torna a fábrica de Araras a campeã de investimentos entre as 18 unidades da multinacional no país no período até 2028.
A medida se soma aos R$ 500 milhões anunciados em maio para fortalecer o negócio de cafés no Brasil, dentro de um orçamento mais amplo de R$ 7 bilhões no país até 2028.
Ao concentrar a expansão em Araras, a companhia preserva a vocação histórica da cidade na trajetória da marca no Brasil, iniciada em 1921 com a produção de leite condensado.
O que muda na planta: prédio de sete andares e eficiência energética
O pacote financeiro contempla a construção de um edifício de sete andares dedicado às etapas de extração, torra e secagem do café.
Além da automação, a fábrica adotará soluções para reduzir consumo de energia.
Segundo o diretor da unidade, Fábio Kuhn, haverá reaproveitamento de calor do processo: “Vamos também capturar o vapor que sai a partir da extração de café para transformá-lo em energia”.
Desde a década de 1980, a unidade já utiliza a queima de borra de café como biomassa no sistema térmico, de acordo com o The Agribiz.
Capacidade produtiva, portfólio e exportações
Com a modernização, a capacidade avança dos atuais 37 mil t/ano em café solúvel para um patamar 10% maior.
No dia a dia, a unidade entrega em média 33 mil toneladas anuais da marca Nescafé e sustenta um portfólio amplo, com 189 produtos entre frascos de vidro, sachês e latas.
Parte relevante dessa produção segue para Chile, Canadá e países africanos, mercados que respondem por 30% a 40% do volume exportado pela planta, sem prejuízo do abastecimento nacional.
As cápsulas seguem fabricadas em Montes Claros (MG).
Como o Nescafé é feito: etapas industriais e controle por IA
O percurso do grão até o produto final passa por torra, moagem e extração — etapa semelhante ao café coado, só que em escala industrial.
Em seguida, o concentrado passa por evaporação para ganhar densidade e então é seco e convertido em pó.
Em condições normais, todo o ciclo leva cerca de oito horas, com monitoramento contínuo de variáveis de processo.
O parque é altamente mecanizado, com armazenagem e distribuição robotizadas, e já opera com apoio de ferramentas de inteligência artificial para controle e previsibilidade.
Matéria-prima e receitas: conilon e arábica em diferentes proporções
Para alimentar as linhas, a fábrica recebe por ano 70 mil toneladas de café verde.
A composição média do insumo é de 90% conilon — em grande parte do Espírito Santo — e 10% arábica, sobretudo de Minas Gerais.
Os blends variam conforme o produto: há cerca de 140 receitas cadastradas, incluindo itens 100% arábica.
A definição dos cortes busca atender padrões de sabor e consistência exigidos para o café solúvel, com ajustes finos orientados por dados de processo e painéis sensoriais, conforme destacou o The Agribiz.
Empregos, cadeias locais e histórico da unidade
A unidade de Araras reúne 1.062 colaboradores diretos e também produz achocolatados, o que amplia a diversidade de funções e turnos.
No entorno, a movimentação de fornecedores, logística, serviços e comércio gera entre 3 mil e 5 mil empregos indiretos.
Fundada há mais de um século, a planta nasceu para fabricar leite condensado e, ao longo do tempo, ganhou novas vocações, entre elas a de exportadora de café solúvel.
Hoje, integra uma rede que inclui a operação de cápsulas em Montes Claros, especializada em NESCAFÉ Dolce Gusto.
Por que Araras permanece estratégica para a Nestlé
A continuidade de investimentos da Nestlé na cidade combina infraestrutura industrial, mão de obra qualificada e logística capaz de escoar tanto para o mercado interno quanto para o externo.
Além disso, o projeto reforça a adoção de tecnologias da indústria 4.0 e de práticas de economia de energia, alinhadas às metas corporativas de eficiência.
Ao expandir a capacidade, a companhia se posiciona para atender a demanda de mercados consolidados e, ao mesmo tempo, sustentar novos lançamentos no portfólio de solúveis.
Com a obra prevista até 2028 e a promessa de ganhos de produtividade, a aposta em Araras tende a redefinir a escala e o padrão tecnológico do café solúvel feito no Brasil.
Na sua avaliação, quais efeitos desse investimento da Nestlé devem ser sentidos primeiro: os empregos na região, a oferta para exportação ou a inovação no processo?
O País que é o maior produtor de café assiste os estrangeiros expertos ganhando dinheiro e nos extorquindo com seus preços absurdos no mercado interno. Tudo isso porque aqui com a cotação do dólar e euro já é mais barato o custo de produção e exportação, afinal, o lucro fica com a matriz Suíça.
Deixem o café mais barato pra os EUA, não é isso que eles querem??! Ou exportem pra lá o café Guandu. Viva a nossa soberania!!
É sabido que os maiores produtores de café do Brasil são os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais. No Espírito Santo cerca de 90% e Exportação. A Nestlé me abre uma indústria em São Paulo, com toda a infraestrutura logística e portuária do Espírito Santo. Realmente a reforma tributária precisa entrar em vigor e acabar com as incoerências existentes. Parabéns a Araras, ganhando uma multinacional sem sequer ser maior produtora de café do Brasil.
Se você leu o texto deve saber que essa fábrica já existe a bastante tempo. Desde 1921 a Nestlé está em Araras e vem ampliando e modernizando a sua planta industrial. Por qual motivo abriria uma nova planta em uma cidade qualquer do ES e MG?
Araras SP tem a primeira fabrica da Nestlé no Brasil, inaugurada em 1921, a planta é gigantesca, um complexo que gera emprego pra boa parte da cidade e região, aliás, a cidade de Araras cresceu no entorno da fábrica.