O Brasil destaca o potencial dos biocombustíveis, com ênfase no etanol, como combustível estratégico rumo à descarbonização. O tema foi pautado com vigor durante a participação da Conferência sobre Navegação Verde da América Latina da IMO.
Nesta terça-feira, (29/08), o Brasil está liderando uma mudança de postura na busca pela descarbonização marítima, defendendo ativamente o uso do etanol como combustível principal. A discussão foi pautada na Conferência sobre Navegação Verde na América Latina, organizada pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês). Enquanto enfrenta resistência europeia baseada em preocupações com a insegurança alimentar, o Brasil destaca a adaptabilidade da infraestrutura existente e busca apoio global, incluindo de China e EUA, para posicionar-se como líder na definição do futuro energético marítimo.
Conferência sobre Navegação Verde da IMO debate uso do etanol como combustível marítimo
A Conferência sobre Navegação Verde na América Latina, organizada pela IMO, está marcando um momento decisivo para o Brasil.
O país está intensificando seus esforços na defesa do etanol como principal combustível marítimo para impulsionar a descarbonização do setor.
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Com enfoque na redução das emissões, o Brasil assume uma posição proativa nesse encontro regional, realizado no Chile nos dias 28 e 29 deste mês.
A crescente urgência em lidar com as mudanças climáticas levou os membros da IMO a concordarem com uma meta ambiciosa: alcançar emissões líquidas zero até 2050.
Esse acordo foi firmado durante a reunião do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho (MEPC 80) em julho.
Nesse contexto, o uso de biocombustíveis surge como alternativa estratégica, com o etanol liderando o caminho para a descarbonização marítima.
Enquanto o Brasil defende veementemente o etanol como a resposta à descarbonização marítima, os países europeus expressam reservas.
Preocupações sobre insegurança alimentar na produção de biocombustíveis são levantadas pelos europeus, que preferem soluções baseadas em eletrificação e hidrogênio.
No entanto, o modelo brasileiro argumenta que biocombustíveis sustentáveis podem coexistir com a produção de alimentos, impulsionando uma integração entre agricultura e energia.
A Datagro, uma influente consultoria agrícola, destacou que a infraestrutura já estabelecida para o armazenamento de combustíveis fósseis pode ser facilmente adaptada para o etanol.
Essa abordagem revela-se uma alternativa prática e econômica para a descarbonização marítima, enquanto soluções como o hidrogênio verde enfrentam desafios logísticos e financeiros.
China e EUA podem apoiar Brasil na adoção do combustível para a descarbonização do transporte marítimo
Apesar das controvérsias com a Europa, o Brasil recebe neste momento um respaldo internacional significativo na sua defesa do etanol como combustível marítimo.
Fontes indicam que China e Estados Unidos estão dispostos a apoiar o Brasil nos fóruns internacionais para a adoção de biocombustíveis, visando a diminuição das emissões marítimas.
A reunião da IMO no Chile oferece uma oportunidade crucial para consolidar essa parceria global em prol da descarbonização.
O Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) destaca a importância de o Brasil não apenas seguir, mas liderar na inovação para a descarbonização marítima.
“O Brasil tem que decidir se quer participar da inovação ou se vai ser um mero comprador do que os europeus decidirem. Temos muitas oportunidades, principalmente na navegação interior e na cabotagem, de usar soluções nacionais”, afirmou o presidente Carlos Augusto Müller.
Com a vida útil dos navios ultrapassando 25 anos, a transição para fontes de energia mais limpas é urgente.
O Brasil poderá então oferecer suas soluções e conhecimentos, especialmente nas rotas internas de navegação e cabotagem, para moldar um futuro marítimo sustentável.
Dessa forma, a voz do Brasil na conferência da IMO reflete não apenas a busca por uma navegação verde, mas também a busca por um papel ativo e determinante em um setor que está rapidamente transformando seu cenário energético.