Bacci está convencido de que os estaleiros brasileiros já possuem competência para retomar a construção naval, apesar de serem necessários investimentos em atualização e treinamento da força de trabalho.
O novo presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, discutiu recentemente em Brasília com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) a possibilidade de estaleiros envolvidos na Operação Lava Jato retornarem às licitações da subsidiária da Petrobras. Bacci acredita que as mudanças no país nos últimos anos contribuíram para a construção de uma governança sólida, a fim de evitar problemas futuros em contratações.
Entre os estaleiros em questão estão EAS, Enseada, Sinergy, Ecovix, QGI, Vard Promar, Mauá, Jurong e Keppel. A CGU demonstrou disposição para encontrar soluções que permitam o retorno desses estaleiros à construção naval. Bacci acredita que os estaleiros nacionais já têm capacidade para retomar a construção, embora sejam necessários investimentos em modernização e capacitação de mão de obra.
Frota verde e financiamento pelo Fundo da Marinha Mercante
A Transpetro busca construir uma “frota verde” de navios com tecnologias de redução de emissões de carbono. A ideia é que os novos projetos sejam financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), com participação do BNDES nas discussões do grupo de trabalho. A proposta segue as diretrizes apresentadas pelo BNDES em audiência na Câmara dos Deputados, que abordava o uso de critérios ambientais para financiar embarcações para óleo e gás.
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Bacci descarta a possibilidade de retomar o antigo Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), mas enfatiza a importância de continuidade nos projetos de construção naval. A expectativa é que a construção naval seja incluída no programa de obras prioritárias de infraestrutura anunciado pelo governo.
Conteúdo local e diversificação de clientes
O presidente da Transpetro confirmou que o aumento das obrigações de contratação nacional estará na pauta do governo. O assunto deve ser tratado no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com a possível adoção de diferentes índices mínimos para cada tipo de navio e aumento gradual das exigências de contratação nacional ao longo dos anos.
A Transpetro é responsável pela movimentação de petróleo e derivados e possui 26 navios próprios em operação, com idade média de oito anos. Embora a Petrobras continue sendo a principal cliente, Bacci vê o aumento da frota como uma oportunidade para disponibilizar embarcações para terceiros. “Temos várias operadoras no Brasil que precisam de navios”, afirmou.
Além disso, Bacci ressaltou a importância de construir navios aliviadores de bandeira nacional, a fim de evitar problemas geopolíticos no descarregamento de petróleo. Com a perspectiva de privatização descartada, a
Transpetro planeja lançar novos concursos para contratação de funcionários ainda este ano. A intenção é também ampliar a diversidade na empresa e aumentar o número de mulheres em cargos de gestão.
Novos investimentos e capacitação da mão de obra
O presidente da Transpetro reconhece que serão necessários novos investimentos para modernizar as plantas industriais e capacitar a mão de obra do setor naval. “Estou confiante de que vamos ter projetos em vários estados”, afirmou. Esses investimentos são fundamentais para garantir a competitividade dos estaleiros nacionais e a retomada da construção naval no país.
A capacitação da mão de obra envolve não apenas a formação técnica, mas também a conscientização sobre a importância da sustentabilidade e do compromisso com o meio ambiente. Com a criação da frota verde, a Transpetro espera se tornar referência no setor de óleo e gás, contribuindo para a redução das emissões de carbono e o avanço das práticas sustentáveis.
Desafios e perspectivas futuras
Embora os estaleiros nacionais enfrentem desafios significativos para retomar a construção naval, a Transpetro, juntamente com o TCU, a CGU e o governo federal, busca soluções viáveis para superar as adversidades e permitir que esses estaleiros voltem a participar de licitações. A retomada da construção naval no Brasil é fundamental para impulsionar a economia e gerar empregos qualificados no país.
As discussões em andamento com o TCU, a CGU e o CNPE sobre contratação nacional, financiamento e conteúdo local mostram o compromisso das autoridades e da Transpetro em revitalizar a indústria naval brasileira. A criação de uma frota verde e a aposta na sustentabilidade, juntamente com a modernização dos estaleiros e a capacitação da mão de obra, são medidas que podem garantir um futuro promissor para o setor no país.
Com a retomada da construção naval e a diversificação de clientes, a Transpetro espera fortalecer sua posição no mercado e contribuir para o crescimento sustentável da indústria naval brasileira. Ao enfrentar os desafios e buscar soluções inovadoras, a empresa demonstra seu compromisso com o desenvolvimento do setor e a preservação do meio ambiente, garantindo um futuro mais verde e sustentável para o Brasil.