Uma teoria que vem ganhando atenção no meio científico propõe que os humanos podem já ter encontrado vida em Marte — e a destruído acidentalmente. Segundo a hipótese, experimentos realizados por sondas da NASA nas décadas passadas podem ter eliminado micro-organismos marcianos antes que fossem corretamente identificados.
A busca por vida fora da Terra continua sendo uma das maiores obsessões da ciência moderna. Desde sondas espaciais até estações de escuta, esforços são feitos diariamente para encontrar qualquer sinal de existência alienígena. Mas uma teoria polêmica reacendeu um antigo debate: e se a vida em Marte já tivesse sido encontrada — e destruída por engano?
A teoria do erro acidental
O ponto central da discussão vem de um artigo de opinião publicado em 2023 no site Big Think. O autor, Dirk Schulze-Makuch, doutor em ciências e professor da Universidade Técnica de Berlim, afirma que as sondas Viking da NASA, lançadas na década de 1970, podem ter detectado sinais de vida marciana.
No entanto, os próprios experimentos realizados pelos cientistas teriam eliminado qualquer chance de confirmação.
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Na época, os módulos Viking encontraram compostos orgânicos clorados no solo de Marte.
Essas substâncias são formadas por moléculas de carbono ligadas a átomos de cloro.
A equipe da NASA concluiu que se tratava de contaminação vinda da Terra. Por isso, não levou o achado adiante.
Décadas depois, com novas sondas explorando Marte, descobriu-se que os compostos clorados estavam realmente presentes no planeta, e não eram resultado de contaminação externa.
Água demais para um ambiente seco
Segundo Schulze-Makuch, a vida em Marte pode ter evoluído para sobreviver em ambientes extremamente secos.
Isso incluiria a adaptação a rochas salinas, capazes de absorver umidade da atmosfera.
A entrada repentina de água terrestre, utilizada nos testes realizados pelas sondas Viking, teria matado os possíveis micróbios presentes nas amostras de solo.
Essa hipótese parte de estudos sobre microrganismos extremófilos — seres que vivem em condições muito difíceis, como calor, frio, salinidade ou acidez extremos.
Schulze-Makuch acredita que micróbios desse tipo poderiam ter vivido em Marte, tolerando compostos agressivos como cloretos e percloratos, que são comuns por lá.
A resposta da NASA sobre a teoria de vida em Marte
A tese causou controvérsia e ganhou repercussão no meio científico. Mas nem todos concordam. Chris McKay, astrogeofísico e cientista sênior da própria NASA, rebate a ideia.
Segundo ele, não há qualquer evidência nos resultados da missão Viking que comprove a presença de vida.
“A afirmação de que a Viking pode ter ‘encontrado e eliminado’ vida é incorreta”, declarou McKay. Para ele, a equipe da época estava preparada para lidar com o tipo de reação que poderia ocorrer ao adicionar água ao solo marciano.
Os procedimentos foram conduzidos com base no conhecimento disponível sobre ambientes salinos e frios, parecidos com os de Marte.
Ou seja, mesmo que os testes causassem algum tipo de reação, isso já estava previsto. A ausência de sinais diretos de vida torna, para McKay, a tese de Schulze-Makuch inválida.
Novas descobertas reforçam a hipótese
Apesar das críticas, Schulze-Makuch segue firme em sua teoria. Ele aponta que a descoberta recente de alcanos — compostos orgânicos formados apenas por carbono e hidrogênio — pelo rover Perseverance fortalece a ideia de que Marte já teve ou ainda tem alguma forma de vida.
Esses compostos foram detectados em solos marcianos e reforçam, segundo o professor, a tese de que microrganismos podem ter sobrevivido em nichos isolados, mesmo nas duras condições do planeta.
Em setembro do ano anterior, Schulze-Makuch publicou um artigo atualizado na revista Nature Astronomy, no qual retoma os argumentos apresentados no texto do Big Think. A nova publicação conta com apoio de evidências coletadas por missões mais recentes a Marte.
Um debate que ainda divide
Com a aproximação dos 50 anos do primeiro lançamento da missão Viking, o tema voltou a ganhar força.
A pergunta permanece no ar: será que a humanidade esteve tão perto de confirmar vida alienígena — e perdeu a chance por um erro de protocolo?
O professor recomenda a leitura completa de seus artigos para quem quiser entender a fundo sua linha de raciocínio. Para ele, o caso ainda não está encerrado.
Mesmo sem consenso, o debate continua a inspirar novas buscas e alimentar a imaginação de quem acredita que não estamos sozinhos no universo.