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Prometeu, prometeu e… Carro de ‘Elon Musk brasileiro’ não é elétrico, muito menos nacional: vem da China

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 17/12/2024 às 18:25
Carro elétrico do “Elon Musk brasileiro” será híbrido e importado da China. Projeto enfrenta promessas não cumpridas e polêmicas.
Carro elétrico do “Elon Musk brasileiro” será híbrido e importado da China. Projeto enfrenta promessas não cumpridas e polêmicas.

Flávio Assis, autointitulado “Elon Musk brasileiro”, prometeu o primeiro carro elétrico nacional, mas a realidade é diferente. A Lecar mudará o foco para híbridos, produzirá veículos na China e enfrenta resultados tímidos na pré-venda.

Na corrida para revolucionar o mercado automotivo nacional, uma promessa audaciosa feita por um empresário brasileiro chamou atenção nos últimos meses.

Com anúncios milionários e comparações com ninguém menos que Elon Musk, a expectativa de um veículo elétrico 100% brasileiro foi amplamente divulgada.

Mas a realidade revelou algo muito diferente, frustrando aqueles que acreditaram no sonho futurista e inovador.

Segundo informações apuradas pelo jornalista Boris Feldman, especialista em automóveis, e publicadas em sua coluna na CNN Brasil nesta terça-feira (17), o carro anunciado pelo empresário Flávio Figueiredo Assis não será elétrico, tampouco terá produção nacional.

Entre mudanças no projeto, transferências de fábricas e anúncios controversos, a trajetória da empresa Lecar passou longe de entregar o prometido.

O “Elon Musk brasileiro” e suas promessas iniciais

Flávio Figueiredo Assis, milionário que fez fortuna no mercado financeiro, criou a empresa Lecar com o sonho de fabricar o primeiro carro elétrico nacional. A promessa foi ousada, mas com o tempo, o discurso começou a mudar.

A sede da Lecar foi estabelecida em São Paulo, enquanto a fábrica seria montada inicialmente em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Segundo o próprio empresário, o Lecar 459, modelo de estreia, passaria por um rigoroso processo de homologação em Londres, com avaliações de impacto, aerodinâmica e segurança.

A previsão inicial de lançamento no mercado era dezembro de 2024, com preço de R$ 279 mil e autonomia de 400 km por carga.

“A produção seria massiva, com 50 mil unidades ao ano”, afirmou o empresário.

Mudanças de planos e a virada para o híbrido

No decorrer de 2024, a produção foi transferida para o Espírito Santo, estado natal de Assis. No entanto, além da mudança geográfica, a ideia de um carro elétrico foi abandonada.

Segundo ele, o modelo híbrido atenderia melhor às demandas do mercado e teria seu custo reduzido pela metade, fixado agora em R$ 143 mil.

Ao longo de suas declarações, Assis anunciou que, além do sedã inicial, a Lecar produziria uma picape, batizada de CyberCampo, uma clara referência à Cybertruck da Tesla.

Tentativa frustrada de ocupar a fábrica da Ford

A Lecar também demonstrou interesse em adquirir a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, competindo diretamente com a gigante chinesa BYD.

No entanto, conforme apontou o governo baiano, a empresa sequer apresentou a documentação mínima necessária para participar da licitação. Sem conseguir concretizar a negociação, a vitória ficou com a BYD.

Produção na China e o “apoio” do governo

Diante das dificuldades em viabilizar uma fábrica no Brasil, Assis anunciou que as primeiras unidades do carro serão produzidas na China.

A nova previsão aponta que os protótipos estarão prontos em março de 2025, com entregas previstas para agosto de 2026.

Além disso, o empresário afirmou que a Lecar receberia R$ 3 bilhões do governo. Porém, conforme destacou Boris Feldman em sua análise, não há qualquer verba pública destinada ao projeto.

O valor anunciado se refere, na verdade, ao total de tributos que a empresa deixaria de recolher caso estivesse em plena operação dentro do programa Mover, uma política de incentivo à mobilidade do governo federal.

Histórico de projetos frustrados

O sonho de lançar um carro nacional já foi motivo de frustração em outros momentos da indústria brasileira.

Empresas como IBAP, Obvio, Megastar e Bravo Motors também tentaram trilhar esse caminho, mas falharam por falta de estrutura e recursos.

O exemplo mais notório é o da Bravo Motors, que promete desde 2021 fabricar baterias e veículos elétricos, mas até hoje não conseguiu reunir o investimento necessário para sair do papel.

Pré-venda polêmica e resultados tímidos

Apesar dos inúmeros obstáculos, a Lecar lançou uma pré-venda do seu primeiro modelo. Interessados poderiam reservar o veículo mediante um sinal de R$ 1.300.

Segundo o diretor de marketing da empresa, apenas 26 pessoas demonstraram interesse em adquirir o carro.

Mesmo assim, Assis anunciou o lançamento de um segundo lote de mil unidades, justificando o movimento com base no “sucesso do plano”.

Em resumo, a promessa de um carro elétrico 100% brasileiro não passava de uma estratégia de marketing.

O veículo será híbrido, fabricado na China, e ainda está longe de entrar em produção comercial.

A realidade versus a promessa

Para muitos, a trajetória de Flávio Figueiredo Assis e da Lecar lembra uma série de promessas não cumpridas.

Sem fábrica, sem carro elétrico e com resultados questionáveis na pré-venda, o projeto continua envolto em incertezas.

Será que o “Elon Musk brasileiro” conseguirá realizar seu sonho, ou a Lecar entrará para a lista de empresas que ficaram pelo caminho?

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Jader
Jader
18/12/2024 17:55

Picaretão

NCD
NCD
21/12/2024 08:38

Alguém acreditou nele??? Eu não!!!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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