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Plano de mobilidade de grande cidade brasileira vai beneficiar 150 MIL pessoas por dia, mas tem um problema: mais de MIL árvores serão destruídas e isso tem tirado o sono dos moradores

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 11/11/2024 às 01:33
Obra de mobilidade em Curitiba gera polêmica: promessa de progresso coloca 1.089 árvores em risco, mobilizando moradores e ambientalistas.
Obra de mobilidade em Curitiba gera polêmica: promessa de progresso coloca 1.089 árvores em risco, mobilizando moradores e ambientalistas.
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Cidade enfrenta polêmica ambiental com obra que prevê atender 155 mil pessoas, mas ao custo de mais de mil árvores derrubadas.

Mais uma obra polêmica pode transformar Curitiba — mas será a cidade ou a natureza que pagará o preço?

Por trás do ambicioso projeto Inter 2, que promete revolucionar a mobilidade urbana de uma das cidades mais desenvolvidas do país, está a previsão de um impacto ambiental de proporções preocupantes, afetando diretamente o dia a dia dos moradores e a paisagem da capital paranaense.

Com milhares de árvores ameaçadas, os moradores de 28 bairros veem-se divididos entre o avanço prometido e o preço ambiental.

A mobilidade urbana e a promessa do Inter 2

O projeto Inter 2, uma iniciativa da Prefeitura de Curitiba em conjunto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), visa transformar a cidade por meio de um corredor de mobilidade que promete atender 155 mil passageiros diariamente.

Este corredor circular busca interligar diferentes eixos urbanos, promovendo uma alternativa para o trânsito e diminuindo a dependência de veículos particulares, utilizando ônibus elétricos em sua estrutura.

Contudo, o progresso tem gerado uma série de preocupações ambientais.

Para que o Inter 2 possa operar, serão derrubadas 1.089 árvores adultas, muitas delas localizadas em regiões com áreas verdes significativas.

Segundo dados do movimento SOS Arthur Bernardes, apenas em um trecho específico — o lote da Rua Presidente Arthur Bernardes, que possui um parque linear de dois quilômetros — 624 árvores saudáveis serão removidas para dar lugar às novas vias e infraestruturas.

Verônica Rodrigues, moradora e ativista do movimento, critica duramente a obra, afirmando que, embora o projeto seja vendido como sustentável, “de sustentável não tem nada”.

Greenwashing e impacto ambiental

Conforme relatado pelos organizadores do SOS Arthur Bernardes, a justificativa da prefeitura para o impacto ambiental do Inter 2 é o uso de ônibus elétricos, que promete reduzir as emissões no futuro.

Porém, Verônica acusa o projeto de “greenwashing” — termo que descreve práticas que mascaram ações danosas ao meio ambiente com uma falsa aparência de sustentabilidade.

A ativista destaca que o BID, financiador do projeto, também tem responsabilidade, já que possui políticas de enfrentamento às crises climáticas que, no entanto, estariam sendo negligenciadas neste caso.

A bióloga Ionete Hasse foi uma das primeiras a perceber os riscos ambientais do Inter 2, quando participou de uma reunião pública onde foram anunciadas as remoções das árvores.

“Como bióloga, minha preocupação inicial foi com a extensão da vegetação suprimida no corredor verde da Rua Presidente Arthur Bernardes”, comentou Ionete, em entrevista ao ICL Notícias.

Em busca de esclarecimentos, ela entrou em contato com a prefeitura, que respondeu apenas de forma vaga: “árvores serão cortadas”.

Movimento de resistência ganha força

A resposta insatisfatória levou Ionete a iniciar o movimento SOS Arthur Bernardes, colocando uma faixa em seu apartamento com a frase “SOS Arthur Bernardes”, que rapidamente tornou-se o símbolo do protesto.

Desde maio de 2023, a mobilização já coletou mais de 10 mil assinaturas e conquistou o apoio de diversas entidades, incluindo a ONG Observatório de Justiça e Conservação, que ingressou com uma Ação Civil Pública para tentar impedir a continuidade das obras.

Verônica Rodrigues conta que o movimento ganhou adesão rápida e tem impactado diversos bairros de Curitiba. “A cidade está parada.

As obras têm gerado transtornos para o trânsito e estão dificultando o ir e vir da população”, diz Verônica. Além disso, há críticas quanto à falta de transparência no projeto.

Segundo os líderes do SOS Arthur Bernardes, não houve audiência pública nem estudo de impacto ambiental adequado para uma obra de tal magnitude.

Obra: irregularidades e impactos no cotidiano

De acordo com Verônica, o projeto carece de estudos de impacto de vizinhança e ambientais, o que comprometeria sua viabilidade em termos de sustentabilidade e segurança.

“A prefeitura é autoritária e ignorou a possibilidade de alternativas locacionais”, comenta ela, referindo-se a um procedimento legal que avalia locais alternativos para minimizar impactos em grandes obras.

A ausência desses estudos levanta preocupações entre os moradores, que acusam a administração pública de violar tanto normas ambientais quanto administrativas.

Após uma denúncia do movimento SOS Arthur Bernardes, o Ministério Público chegou a emitir uma liminar para suspender temporariamente as obras, mas a prefeitura recorreu e conseguiu reverter a decisão.

O movimento, no entanto, continua a pressionar autoridades e buscar apoio popular para manter a luta em defesa das áreas verdes ameaçadas.

Casos semelhantes em outras regiões

Curitiba não é a única cidade brasileira enfrentando esse tipo de polêmica. Em São Paulo, a vereadora Renata Falzoni foi detida em outubro de 2024 durante um protesto na Vila Mariana, contra a derrubada de 180 árvores.

A prefeitura de São Paulo pretende abrir dois túneis na região, mas a medida gera forte resistência de moradores e ativistas.

“O túnel não vai resolver a questão da mobilidade, vai desalojar 500 pessoas e destruir a nascente do rio”, criticou Falzoni.

Segundo a vereadora, o projeto prevê a remoção de uma ciclovia e um canteiro central, prejudicando tanto a fauna local quanto as condições de mobilidade ativa.

Reflexão sobre o futuro da cidade

A controvérsia sobre o projeto Inter 2 de Curitiba levanta questões sobre os limites do desenvolvimento urbano e o preço que as cidades devem ou não pagar em nome da mobilidade.

Com um número crescente de cidadãos se opondo a intervenções que comprometem áreas verdes, o que define realmente uma obra como sustentável? Curitiba enfrenta um dilema, e a luta de seus moradores pode inspirar novas reflexões sobre o equilíbrio entre progresso e preservação.

E você, o que pensa? O progresso vale o sacrifício ambiental? Deixe seu comentário!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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