Representantes da Petrobras disseram em entrevista online que a estatal vai seguir o que está na LEI e que os interesses concentram-se em preço, qualidade e segurança. A construção naval brasileira executará apenas 25% das obras
Os principais estaleiros do Brasil estavam contando com a solidariedade da Petrobras nesses últimos tempos. O anúncio da estatal para afretar 3 navios plataformas do tipo FPSO (Unidade flutuante de armazenamento e transferência) para o gigantesco Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, deixou a construção naval nacional em alerta, junto com a esperança de que estas obras fossem executadas no país, gerando emprego e reaquecendo a economia deste setor. Mas parece que não foi desta vez.
Houve uma entrevista online com dois representantes da Petrobras na última seta-feira(31): Carlos Alberto de Oliveira, diretor de E&P e Roberto Castello Branco, atual presidente da estatal.
Oliveira disse que seguirá o que está na lei, ou seja, a obrigatoriedade de cumprir pelo menos 25% de conteúdo local nacional, que geralmente são apenas montagens de módulos, topsides, cascos e outros pequenos serviços modulares. A maior parte, cerca de 75%, ficará no exterior. ( Amadores asiáticos, naturalmente).
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Castello Branco disse nessa mesma mesma entrevista que a Petrobras deve trabalhar em cima de 3 vertentes fundamentais: preço, qualidade e segurança.
Construir em estaleiros asiáticos é barato no curto prazo
A construção naval brasileira é referência em qualidade técnica e segurança na execução de obras em navios plataformas do tipo FPSO e outras unidades destinadas ao segmento offshore / marítimo. A principal barreira que este setor enfrenta no momento recai sobre custos de produção.
Construir em estaleiros da China, Cingapura, Sul Coreanos e outros países asiáticos é barato, pois não há quase nada de direitos trabalhistas. A moeda brasileira (REAL) está muito desvalorizada, ressaltando que o petróleo é uma commoditie, então quase tudo que é negociado neste mercado são em dólares comerciais (USD).
Temos a questão da regulação tributária brasileira, sendo este um dos grandes impeditivos para obras e projetos de grande porte sejam executados aqui com mais vigor.
Você sabe onde fica o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo? O Campo de Búzios fica no Brasil e já responde por mais de 20% da nossa produção. Confira: https://t.co/aGuXodI0tR #EnergiaParaTransformar#JuntosNossaEnergiaFicaMaisForte pic.twitter.com/Acph1jK56C
— Petrobras (@petrobras) July 29, 2020
Resumo da metodologia que a Petrobras utiliza para contratar ou afretar navios plataformas do tipo FPSO
Nas palavras de Oliveira nesta mesma entrevista, ele passou um resumo em três etapas de como funciona o processo de contratação das plataformas, até começar de fato a serem construídas:
- A Petrobras usa um sistema de pré-qualificação de empresas e escolhe que detém expertise técnico para participar das licitações dos FPSO’s
- Em seguida, haverá um processo de competitivo no tocante à contratação de unidades próprias
- Neste ponto, as empresas vencedoras detém autonomia para decidir em quais estaleiros desejam construir, desde que 25% destas obras sejam feitas no Brasil, que é o conteúdo local.
Há 6 FPSO sendo construídos no exterior neste momento:
- FPSO Carioca – China
- FPSO Guanabara – China.
- FPSO Almirante Barroso – China
- FPSO Anitta Garibaldi – China
- FPSO Anna Nery – Malásia
- FPSO Sepetiba – China
Para mais detalhes técnicos da construção destas unidades, empresas envolvidas e respectivos estaleiros, acessem o Petronoticias aqui.
O diretor executivo de Desenvolvimento da Produção, Rudimar Andreis Lorenzatto explica que trabalha em um cenário que à atual pandemia não vai atrapalhar o andamento destes projetos três projetos para o campo de Búzios: “Como nós temos um processo que está se iniciando agora e só vamos assinar esses contratos em 2021, esperamos que o efeito da Covid-19 para a construção desses três FPSOs já tenha passado”