Durante uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, uma máquina inovadora chamou atenção ao utilizar uma fonte de energia que promete transformar o campo e reduzir drasticamente as emissões no setor do agronegócio brasileiro.
A revolução sustentável no agronegócio brasileiro está cada vez mais próxima de se concretizar.
Durante a 30ª edição da Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, a Case IH apresentou ao público uma inovação que pode redefinir os padrões do setor: uma colhedora de cana movida a etanol.
O protótipo é baseado na Austoft 9000, modelo de duas linhas, e foi equipado com um motor Cursor 13 Ciclo Otto da FPT Industrial.
A potência atingida foi de 400 kW, valor muito próximo dos 420 kW entregues pelo motor diesel convencional.
Essa proximidade de desempenho surpreendeu os especialistas, considerando que o etanol possui um poder calorífico significativamente menor em comparação ao diesel — cerca de 60% inferior.
-
Um país dentro de outro país? Sim, existem três exemplos — e suas características são únicas; conheça
-
MZKT-79221: o mega-caminhão russo que carrega o míssil RS-24 Yars em temperaturas de até -50 °C, com 16 rodas, tração total e capacidade para 80 toneladas
-
Ele superou Fusca, Hilux e Civic: o carro mais vendido do mundo é japonês, já passa de 50 milhões de unidades e é sucesso também entre os brasileiros
-
Arqueólogos encontram na Amazônia vestígios de uma civilização perdida com 2.500 anos e infraestrutura avançada, incluindo estradas interligadas e áreas de habitação
Desempenho de campo: mais de 5 mil toneladas colhidas
A colhedora movida a etanol foi testada em campo real pela São Martinho, uma das maiores produtoras de cana-de-açúcar do Brasil.
Segundo os dados revelados pela fabricante, a máquina já colheu mais de 5 mil toneladas de cana, com desempenho técnico promissor.
Mesmo sem estar com sua curva de potência completamente otimizada, o equipamento mostrou robustez e eficiência.
“Ela está atendendo muito bem as exigências da operação”, afirmou Ednilson Novello, especialista de produto da Case IH.
Segundo ele, um dos grandes diferenciais da tecnologia é permitir ao produtor utilizar o próprio etanol que ele fabrica, dentro de um ciclo energético mais limpo e fechado.
Sustentabilidade aliada à produtividade
A substituição do diesel pelo etanol não é apenas uma questão de eficiência energética, mas também um passo crucial rumo à descarbonização.
A ideia central da Case IH é permitir que o produtor rural seja autossuficiente em energia, reduzindo custos e o impacto ambiental.
“O conceito é viabilidade com sustentabilidade”, destacou Novello.
Segundo ele, o uso do etanol na colhedora representa uma forma de valorizar o próprio produto do campo e de alinhar o agronegócio às metas globais de redução de emissões de carbono.
A iniciativa segue a tendência de várias outras frentes do setor agrícola mundial, que buscam soluções mais limpas para manter a produtividade diante das crescentes pressões ambientais.
Desafios técnicos: autonomia e desempenho
Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos a serem superados antes do lançamento comercial da colhedora movida a etanol.
O principal deles é a autonomia da máquina, já que o consumo de etanol tende a ser maior do que o de diesel para alcançar a mesma performance.
“Ainda há muito a desenvolver em termos de eficiência energética e capacidade de operação contínua”, admitiu Novello.
A previsão é que o produto ainda passe por várias fases de testes e ajustes ao longo dos próximos anos, sem previsão de lançamento para 2025.
Novos projetos: trator movido a etanol também está em desenvolvimento
A aposta no etanol como fonte de energia renovável não para por aí.
Além da colhedora, a Case IH revelou que está desenvolvendo um trator da linha 230 com motorização semelhante, também baseado no motor Ciclo Otto.
Esse trator, no entanto, ainda está em fase inicial de projeto e deverá começar seus testes de campo ao longo de 2025.
A iniciativa reforça o compromisso da empresa com tecnologias sustentáveis e adaptadas à realidade energética do produtor rural brasileiro.
Base robusta: a Austoft 9000 como plataforma tecnológica
O modelo base do protótipo é a Austoft 9000, colhedora de duas linhas lançada em 2023 que já incorporava importantes melhorias.
Foram mais de 20 atualizações técnicas, incluindo o motor FPT Cursor 11 de 420 cv, novo sistema hidráulico e eixo traseiro mais robusto.
A máquina também conta com o Controle Inteligente de Alimentação (Feed Rate Control), que ajusta automaticamente a velocidade de colheita conforme a densidade da cana.
Essa tecnologia permite ganhos de até 10% na produtividade, com uma redução de 10% no consumo de combustível.
Além disso, a Austoft 9000 é equipada com o sistema de telemetria AFS Connect, que permite ao operador e à equipe de gestão acompanhar o desempenho da máquina em tempo real, aumentando a eficiência operacional.
Produção nacional e capacitação
A colhedora é fabricada em Piracicaba (SP), unidade que já produziu mais de 9 mil máquinas da linha Austoft.
O desenvolvimento da 9000 contou com mais de R$ 100 milhões em investimentos e mais de 180 mil horas de testes em campo.
Outro ponto de destaque é o treinamento oferecido pela Case IH.
A empresa já capacitou mais de 20 mil pessoas no Brasil para operar suas colhedoras, promovendo inclusão tecnológica e desenvolvimento regional.
Essa capacitação em larga escala garante que as novas tecnologias sejam adotadas com eficácia e que os produtores tirem o máximo proveito de suas máquinas.
Caminho para o futuro do agro
A colhedora movida a etanol representa um marco na transição energética do agronegócio.
A tecnologia traz uma alternativa concreta ao uso de combustíveis fósseis, aproveitando um insumo abundante e renovável: o etanol.
Embora ainda em fase de testes, o projeto da Case IH aponta para um futuro onde autonomia energética e sustentabilidade caminham lado a lado, com potencial para transformar as operações agrícolas brasileiras.
A previsão é que, com os avanços nos próximos anos, a tecnologia esteja apta para ser lançada comercialmente com total confiabilidade e eficiência.
E você?
Você acredita que máquinas movidas a etanol podem substituir o diesel no campo? Como essa mudança pode impactar o futuro do agronegócio brasileiro? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe essa ideia sustentável!