Produto brasileiro está dominando o mercado chinês, com um crescimento explosivo nas exportações.
O Brasil, conhecido mundialmente por sua liderança na produção de café, agora se encontra em uma nova posição no mercado internacional.
Mas o que poucos esperavam é que essa liderança ganharia uma força inédita em um lugar improvável: a China.
Este país, tradicionalmente associado ao chá, está vivendo uma verdadeira revolução no consumo de café, e o grão brasileiro é o grande protagonista dessa mudança.
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A ascensão do café na China
Embora o chá seja uma bebida milenar na China, com registros que remontam a mais de 3 mil anos, o café tem conquistado cada vez mais espaço.
De acordo com dados recentes do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações de café para o país asiático cresceram de forma exponencial.
Somente em julho, a China importou 51.714 sacas de café do Brasil, elevando o total de janeiro a julho de 2024 para mais de 594 mil sacas.
A mudança cultural é evidente: enquanto em 2013 cerca de 190 milhões de chineses consumiam café, esse número já ultrapassa os 330 milhões.
A maioria desses consumidores são jovens que trabalham em escritórios, principalmente mulheres, como afirma Marcos Mattos, diretor-geral do Cecafé em entrevista ao site Exame.
“Há uma mudança cultural muito importante na China, no aspecto de globalização. E o café é o símbolo dessa globalização”, destacou Mattos.
Cafeterias e a globalização do café
Um dos fatores que mais contribuíram para essa transformação cultural foi a proliferação de cafeterias na China.
Atualmente, o país conta com cerca de 50 mil estabelecimentos desse tipo, um número que reflete o investimento crescente em indústrias de torrefação e moagem.
Essas cafeterias não são apenas locais de consumo, mas também pontos de encontro que fomentam a cultura do café entre os chineses.
O Brasil, como maior produtor global de café, colheu 55 milhões de sacas na safra 2023/2024, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Este volume coloca o país à frente de outros grandes produtores como a Colômbia e o Vietnã. Essa supremacia no mercado mundial coloca o Brasil em uma posição estratégica para atender à crescente demanda chinesa.
O crescimento explosivo das exportações para a China
Entre as safras 2019/2020 e 2024/2025, o consumo de café na China aumentou em mais de 60%, e as expectativas para 2024 são ainda mais promissoras.
Segundo dados obtidos com exclusividade pela Exame em parceria com o Cecafé, as exportações brasileiras de café para a China deverão alcançar 2,5 milhões de sacas em 2024, um aumento de 65% em relação ao ano anterior.
O valor total das exportações deverá atingir US$ 525 milhões, marcando um crescimento de 64% comparado a 2023.
O fortalecimento dos laços comerciais entre Brasil e China se reflete também em acordos significativos. Neste ano, o Brasil assinou um memorando de entendimento com a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China e principal importadora de café brasileiro, que conta com mais de 16 mil lojas no país. O acordo prevê a compra de cerca de 120 mil toneladas de café brasileiro, num valor estimado de US$ 500 milhões.
Desafios climáticos e logísticos
Apesar das perspectivas promissoras, o setor cafeeiro brasileiro enfrenta desafios consideráveis, principalmente em relação às mudanças climáticas e aos problemas logísticos.
Em março de 2024, chuvas intensas atingiram as regiões produtoras de café conilon no Espírito Santo e no sul da Bahia, enquanto a seca foi o principal obstáculo no ciclo anterior.
No aspecto logístico, as limitações do Porto de Santos, responsável por 69% das exportações e importações do país, geram preocupações.
Em julho de 2024, 60% dos navios destinados à exportação de café enfrentaram alterações de escala ou atrasos nos principais portos brasileiros.
O Porto de Santos registrou o maior tempo de espera, com até 55 dias entre a abertura do primeiro e do último deadline, conforme o Boletim Detention Zero, elaborado pela startup ElloX em parceria com o Cecafé.
O futuro do café brasileiro no cenário global
Apesar dos desafios, o setor cafeeiro brasileiro se mantém confiante em sua posição de liderança no mercado global. Orlando Editore, head de café na consultoria Datagro, acredita que o crescimento da demanda chinesa impulsionará ainda mais a produção brasileira.
“O crescimento da China vai impulsionar a demanda por café brasileiro, especialmente por blends. Esse tipo de café continua a dominar o consumo global, e o Brasil, como maior produtor de café do mundo há muitos anos, se mantém nesse pódio sem sinais de declínio”, afirmou Editore.
O futuro parece promissor para o café brasileiro, que não só está conquistando novos mercados como também fortalecendo sua posição nos tradicionais. A China, com seu apetite crescente por café, pode ser a chave para a expansão contínua do Brasil no cenário global.
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