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De “fracasso chinês” a orgulho paulista: o projeto da Linha 17-Ouro que pode salvar a imagem da BYD

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 13/10/2025 às 23:55
Monotrilho da BYD circulando em via elevada na Linha 17-Ouro, em São Paulo, simbolizando inovação no transporte urbano.
Trem do projeto SkyRail da BYD em operação de teste na Linha 17-Ouro, marco da mobilidade moderna e sustentável no Brasil.
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Após ser rotulado como fracasso na China, SkyRail da BYD ganha uma nova chance no Brasil com a Linha 17-Ouro, projeto bilionário que pode redefinir o futuro da mobilidade urbana e recuperar a credibilidade global da empresa chinesa.

A gigante chinesa BYD, reconhecida mundialmente pelo sucesso no mercado de veículos elétricos, enfrenta agora um grande desafio. A empresa quer provar que também pode revolucionar o transporte sobre trilhos. O projeto SkyRail, lançado há quase uma década, nasceu com promessas futuristas, mas enfrentou dificuldades desde o início em seu país de origem.

Criado em 2016 pelo empresário Wang Chuanfu, o monotrilho foi apresentado como uma aposta em mobilidade urbana sustentável na China. A companhia investiu mais de US$ 1 bilhão no sistema e planejava levá-lo a 200 cidades chinesas. No entanto, o projeto avançou apenas em poucas localidades, como Xi’an, Yinchuan e Shenzhen, onde opera de maneira limitada.

Além disso, conforme reportagem da Bloomberg publicada em outubro de 2025, o SkyRail foi descrito como o “primeiro grande fracasso” da BYD. A fabricante, que domina o mercado de veículos elétricos e baterias, ainda luta para se consolidar no transporte ferroviário, embora mantenha planos ambiciosos de expansão global.

Estações abandonadas e trens enferrujados revelam o impasse na China

De acordo com a Business Standard, a expansão do SkyRail não alcançou o resultado esperado. Em cidades como Anyang e Guilin, há estações inacabadas e trens enferrujados, sinais claros de interrupção nas obras. Além disso, o cenário expôs o impacto da falta de apoio governamental e da desaceleração econômica chinesa.

Em 2021, o governo chinês suspendeu novos financiamentos para sistemas sobre trilhos. A decisão buscava conter o endividamento local, mas acabou prejudicando projetos promissores. A BYD, que dependia desses recursos, viu seus planos ficarem parados e, consequentemente, precisou reformular sua estratégia.

Ainda assim, a empresa reagiu com o SkyShuttle, um sistema mais compacto, automatizado e econômico. O modelo, semelhante a um people mover, não atraiu novos contratos, embora tenha reforçado o compromisso da companhia com soluções sustentáveis. Wang Chuanfu, porém, continua defendendo a visão de um transporte urbano moderno, limpo e eficiente — e, acima de tudo, adaptado às necessidades das grandes cidades.

Brasil vira palco da redenção da BYD

Com o declínio da experiência chinesa, o Brasil surgiu como o cenário ideal para um recomeço. Assim, a BYD assumiu o comando da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo, um projeto paralisado há anos após a falência da malaia Scomi, antiga fornecedora dos trens.

A fabricante chinesa herdou o desafio de adaptar o SkyRail à infraestrutura existente e também de instalar sistemas de sinalização, controle e portas de plataforma. Por isso, o contrato, avaliado em R$ 989 milhões, prevê 14 trens com cinco carros, 60,8 metros de comprimento e capacidade para 616 passageiros. Além disso, o acordo inclui a execução da infraestrutura associada ao sistema, o que reforça o compromisso da BYD com a entrega.

O primeiro trem chegou ao Porto de Santos em julho de 2024, enquanto o segundo desembarcou em dezembro do mesmo ano, segundo o Metrô de São Paulo. A previsão é de que o sistema comece a operar em março de 2026, tornando-se o primeiro SkyRail funcional fora da Ásia. Dessa forma, a BYD pretende mostrar ao mundo que o projeto pode dar certo quando bem estruturado.

Linha 17-Ouro simboliza desafio técnico e esperança comercial

Wang Chuanfu, fundador da BYD, o governador de SP, Tarcísio de Freitas (GESP)

Apesar do entusiasmo, o caminho até 2026 ainda apresenta muitos desafios técnicos. O monotrilho brasileiro precisou de adaptações para funcionar sobre uma viga-guia projetada para outro modelo. Além disso, a BYD precisa reconquistar a confiança do público, abalada pelos problemas da Linha 15-Prata, que enfrentou falhas e atrasos.

Mesmo com esses obstáculos, a empresa mostra avanços consistentes. Conforme relatórios recentes do governo paulista, há progresso constante nas obras e melhorias semanais no sistema. Assim, o objetivo é transformar o antigo “projeto amaldiçoado” em um símbolo de eficiência tecnológica e superação.

De acordo com o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, o novo monotrilho deve ligar o Morumbi ao Aeroporto de Congonhas, reduzindo o tempo de deslocamento e conectando polos econômicos essenciais da capital. Além disso, a integração do sistema deve impulsionar a economia local e atrair novos investimentos em mobilidade.

De fracasso a redenção: o que está em jogo para a BYD

O desempenho da Linha 17-Ouro poderá definir o futuro da BYD no setor ferroviário. Se o projeto for bem-sucedido, a empresa conseguirá reverter o estigma do SkyRail e abrir portas para novos contratos internacionais. Entretanto, se o sistema falhar, o risco de consolidar a imagem de um investimento bilionário mal-sucedido aumentará consideravelmente.

Wang Chuanfu, reconhecido por sua persistência e pela transformação da BYD em uma potência global, afirmou recentemente que a Linha 17 marcará o início de uma nova era tecnológica. Para ele, o Brasil é “a vitrine ideal” para provar que o SkyRail pode ser eficiente, sustentável e rentável, mesmo em contextos desafiadores.

Com a inauguração prevista para março de 2026, o país se prepara para descobrir se o trem do futuro realmente deixará para trás a imagem de abandono e finalmente conquistará os passageiros brasileiros. Assim, a BYD busca transformar um antigo fracasso em orgulho nacional e mostrar que persistência e inovação ainda são trilhos possíveis para o sucesso.

O que você acha que deve acontecer com o SkyRail da BYD? Ele conseguirá provar sua eficiência e transformar o transporte no Brasil ou repetirá os erros cometidos na China?

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Aislan Santos
Aislan Santos(@namikiri-namukogmail-com)
17/10/2025 08:29

Que terrível essa frase final “O que você acha que deve acontecer com o SkyRail da BYD? Ele conseguirá provar sua eficiência e transformar o transporte no Brasil ou repetirá os erros cometidos na China?”
A BYD não cometeu nenhum erro na China, aconteceu que os contratos em cidades onde o projeto não progrediu foi por falta de financiamento externo, não foi culpa da BYD. Eu detesto comentários de clickbait…
Existem mais de 50 empresas chinesas produtoras de veículos elétricos, elas são donas de várias marcas, cada uma com um conceito de estilo de carro elétrico, seja focado em compactos, em SUVs, ou em MiniVan de LUXO como a DENZA da BYD com Mercedes Benz, totalizando mais de 170 marcas chinesas, pertencentes a mais de 50 empresas…
As estimativas são que a maior parte massiva dessas MARCAS vão desaparecer na China, é apenas as já consolidadas vão permanecer ativas, e a BYD é uma delas que não vai cair, justamente por ter se tornado a número 1 no planeta Terra em vendas de carros elétricos, superando a japonesa NISSAN (número 1 na Europa) e a Tesla (número 1 no Mundo antes da BYD ultrapassar a Tesla).
A BYD só vai crescer, e tudo o que o Wang Chuanfu quer é ajudar o planeta Terra e por isso ele pensa em sustentabilidade, e para ajudar a população a migrar para os elétricos, a BYD é focada em baixa margem de lucro, ao mesmo tempo que mantém o nível de qualidade e confiabilidade no máximo.
Meu sonho de consumo era um NISSAN EL GRAND VIP ou o NISSAN SERENA, mas ambos foram cancelados pela Nissan de lançar no Brasil. Por isso não quero mais saber de Nissan e agora estou de olho na BYD e sua linha de Mini Vans DENZA, na qual o modelo hirbrido tem quase 1mil km de autonomia com 1 carga + tanque cheio.
É melhor que seja híbrido por garantia… Assim, tanto em apagão quanto em escassez de combustível, não ficaremos sem nos locomover…
O problema é o preço… Todas as MiniVans existentes (seja Nissan , Honda, Toyota, de marcas chinesas, incluindo a DENZA da BYD com Mercedes Benz – seja de combustível gasolina, seja 100% elétrico ou Híbrido) são de Luxo, focadas em ricos, artistas de TV, Atores, Atrizes, K-Pops, etc… Então tem preços inflacionados… É impossível para meros mortais de salário mínimo conseguir comprar uma…

Última edição em 20 horas atrás por Aislan Santos
Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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