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Brasileiros ainda usam gás de cozinha como combustível no carro? É muito perigoso

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/01/2025 às 00:08
gás de cozinha
Foto: Reprodução

Apesar dos riscos, o uso de gás de cozinha como combustível em carros ainda é uma realidade no Brasil. Saiba por que essa prática pode ser extremamente perigosa.

Com o aumento constante no preço dos combustíveis, algumas pessoas têm recorrido a práticas questionáveis na tentativa de economizarcombustível. Uma delas é a instalação clandestina de botijões de gás de cozinha (GLP) no carro.

Embora o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) proíba essa prática desde 1986, ainda há quem arrisque, motivado pelo custo mais baixo do GLP em comparação à gasolina ou etanol.

A Resolução 673 do Contran define o uso de GLP como infração grave, punível com 5 pontos na CNH, multa de R$ 195,23 e apreensão do veículo.

Ainda assim, kits de conversão são amplamente vendidos em plataformas online por valores entre R$ 500 e R$ 1.000. No entanto, os riscos são alarmantes, desde acidentes graves até danos permanentes ao veículo.

Por que o GLP não é seguro para automóveis?

O gás liquefeito de petróleo, ou GLP, é um composto derivado de butano e propano, diferente do GNV (gás natural veicular).

Enquanto o GNV é projetado para veículos, o GLP não é. O uso deste combustível impõe desafios técnicos e de segurança significativos. Por exemplo, o botijão de gás comum é projetado para permanecer estacionário, não para suportar vibrações e movimentos constantes em um veículo.

Instalações clandestinas, muitas vezes feitas de forma artesanal, utilizam peças inadequadas, como mangueiras improvisadas e conexões adaptadas de empilhadeiras. O resultado é um sistema altamente vulnerável a vazamentos e explosões.

Além disso, a falta de normas de segurança agrava os riscos, expondo motoristas e passageiros a perigos constantes.

Danos ao veículo: custo escondido da economia

Além dos perigos óbvios, a adaptação para GLP compromete seriamente a mecânica do veículo. Motores projetados para gasolina, etanol ou GNV não têm a taxa de compressão necessária para trabalhar com GLP, resultando em perda de potência e aumento do desgaste de peças.

Componentes como velas e cabos de ignição têm sua vida útil reduzida pela metade, de cerca de 30 mil km para apenas 15 mil km, segundo especialistas.

O cabeçote do motor também é especialmente vulnerável, podendo trincar devido à pressão irregular gerada pelo uso do gás. Problemas nas válvulas, como travamento e desgaste acelerado, são frequentes, já que o GLP não oferece lubrificação como os combustíveis líquidos.

A instalação improvisada de botijões também afeta o valor de revenda do carro. Perfurações feitas para fixar os botijões e outras modificações não autorizadas são desvalorizantes. Sem contar a perda de espaço no porta-malas ou caçamba, onde geralmente o botijão é colocado.

A prática de usar GLP em veículos não é nova. Durante os anos 1980, especialmente em comunidades periféricas, era comum encontrar automóveis adaptados para rodar com gás de cozinha, mesmo sendo proibido.

Em 1991, o uso foi oficialmente classificado como “crime contra a ordem econômica“, em um período de instabilidade no mercado global de petróleo, agravado pela Guerra do Golfo.

Apesar disso, há esforços para regulamentar o uso de GLP em veículos. Em 2019, o Projeto de Lei 4217 foi apresentado na Câmara dos Deputados, propondo a autorização do gás de cozinha em motores diversos. O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e aguarda votação no Plenário.

Economia que pode sair caro

Enquanto a regulamentação não avança, a prática permanece ilegal e arriscada. O GLP é uma solução aparentemente barata, mas que esconde custos elevados, seja pela redução da vida útil do motor, seja pelos riscos à segurança.

Além disso, o impacto ambiental do GLP também não deve ser ignorado. Embora seja mais limpo do que gasolina ou diesel em termos de emissões, sua produção e transporte ainda geram impactos significativos.

O uso de GLP em veículos é uma escolha que, embora pareça vantajosa à primeira vista, pode trazer prejuízos consideráveis. Entre os riscos mecânicos e as questões de segurança, a economia inicial pode rapidamente se transformar em um problema maior. Para quem busca alternativas econômicas, investir em soluções legalizadas, como a conversão para GNV, é sempre a melhor opção.

Os motoristas precisam estar atentos às consequências antes de cederem à tentação de economizar a qualquer custo. Afinal, o preço de uma decisão mal planejada pode ser alto, tanto para o bolso quanto para a segurança.

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Cesar
Cesar
18/01/2025 15:33

Vamos lá. O GLP trabalha em pressão menor que o GNV, prejudicando menos o motor comparado com GNV. Carros na Europa utilizam o gas GLP nos veículos, inclusive algumas montadoras já instalam o kit gas GLP de fábrica, e possuem sistema de lubrificação do cabeçote para suprir esse problema. Sugiro pesquisar um pouco antes de colocar uma matéria dessas cheias de inverdades. O problema do GLP aqui no Brasil é que é ilegal, o armazenamento em um cilindro não apropriado e o pior de tudo, alguém querer abastecer GNV no cilindro do GLP que irá explodir devido a diferença de pressão de ambos para se tornar liquefeito.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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