Brasil detém 90% de toda reserva global de nióbio. O investimento em pesquisa já praticado vai garantir o protagonismo do país na revolução global do nióbio
Nióbio, um metal de transição capaz de transformar as propriedades de outros materiais e abundante no Brasil, se torna um verdadeiro curinga para a indústria, presente em segmentos distintos, como mobilidade urbana, infraestrutura, energia, saúde e engenharia aeroespacial. O Brasil, a maior referência na produção do metal em todo o mundo, se tornará protagonista na revolução tecnológica global, que esse metal promete fazer.
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A líder produtora de nióbio no mundo, a brasileira CBMM, investe entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões no programa de tecnologia, que tem como objetivo desenvolver novas soluções e aplicações com base em nióbio para diferentes setores.
Brasil detém 90% de toda reserva global de nióbio
90% do mercado mundial de nióbio pertence ao Brasil, sendo a CBMM pioneira no desenvolvimento de suas inúmeras aplicações. “Se voltarmos seis décadas no tempo, o mercado era igual a zero. A CBMM, além de desenvolver processos em Araxá, fez um grande trabalho de explicar para o mundo o benefício de adicionar esse metal nas mais diversas aplicações, tanto no Brasil como no exterior. Talvez essa seja a principal virtude que fez da empresa referência mundial”, disse Giuliano Fernandes, head de marketing e comunicação da companhia mineira.
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Mas, afinal, para que serve esse metal tão abundante no Brasil?
Ao longo dos anos, com o avanço da ciência de materiais, as principais características do nióbio foram descobertas: alta condutividade térmica e elétrica, maleabilidade, ductilidade — que é a capacidade de deformar sem quebrar —, alta resistência à corrosão, ao calor e ao desgaste. Entre suas inúmeras aplicações, a mais conhecida está relacionada à siderurgia, segmento que utiliza o metal há mais de meio século.
Para se ter uma ideia, 80% do volume de vendas da CBMM atendem a indútria siderúrgica. Quando misturado ao nióbio purificado, o aço fica consideravelmente mais resistente, razão pela qual o metal se expandiu para o setor de energia. A liga metálica de ferronióbio é fundamental, também, para o transporte de gás. “Toda tubulação de gás usa nióbio. Pequenas quantidades alteram a composição do aço. Quando você refina o grão e dá propriedade ao aço, ele fica mais resistente, mais tenaz. Então, para a tubulação de gás, é importantíssimo”, explicou Rogerio Pastore, head de desenvolvimento do mercado global (setor de energia) da CBMM.
Os nanocristais, materiais 10 mil vezes menores do que um grão de aço, são produzidos em formas de fitas, a partir de uma liga com aproximadamente 6% de nióbio em sua composição. A nova composição está alvoroçando a indústria eletrônica e a automobilística. “Eles têm propriedades magnéticas excelentes. E, hoje, com toda essa revolução dos celulares, são cada vez mais demandados. É um material que cresce a números quase que exponenciais todo ano”, pontuou Pastore.
Além disso, esse magnífico metal possui um poder transformador no carregamento de aparelhos de celular sem fio. “A função da fita de nanocristal dentro do celular é fazer com que o aparelho não interfira no carregador e vice-versa.”
Além de contribuir para a evolução do wireless, os nanocristais geram alta precisão em medidores de energia. Na indústria automotiva, o uso de baterias de nióbio em carros elétricos revela cooperação deste elemento para um mundo mais sustentável. “A melhoria de segurança veicular exige materiais mais resistentes e mais avançados, e o nióbio se mostrou um grande aliado desta revolução que aconteceu”, disse Fernandes.
Nióbio promete revoluciar o mercado de aviação
A aviação também está inserida na revolução desse incrível metal. Atualmente, pesquisadores buscam saber se existe a possibilidade de fazer uma liga à base de nióbio nas turbinas das aeronaves. A ciência, por sua vez, trabalha com aplicações para nos levar a voos mais longos.
O foguete Falcon 9, lançado em novembro do ano passado, em direção à Estação Espacial Internacional, levou a capsula Dragon com quatro tripulantes, e ela tem ligas especiais baseadas ou contendo nióbio nos motores de propulsão e na ponta do foguete.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento fez com que o Brasil desse os primeiros passos e se tornasse referência nesse segmento há mais de seis décadas. Esse mesmo investimento vai garantir que o país seja protagonista da revolução do nióbio no mundo.