1. Início
  2. / Economia
  3. / Apagão fiscal pode chegar antes de 2027: juros reais altíssimos, déficit duplo e máquina pública à beira da paralisação se o crédito secar
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Apagão fiscal pode chegar antes de 2027: juros reais altíssimos, déficit duplo e máquina pública à beira da paralisação se o crédito secar

Publicado em 03/10/2025 às 22:56
O Apagão fiscal ameaça o Brasil antes de 2027, com juros reais elevados, dívida cara, déficit persistente e risco de crédito travado que pode paralisar a máquina pública.
O Apagão fiscal ameaça o Brasil antes de 2027, com juros reais elevados, dívida cara, déficit persistente e risco de crédito travado que pode paralisar a máquina pública.
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

Juros reais altíssimos, déficits gêmeos e risco de crédito travado: por que o Apagão fiscal entrou no radar e como ele pode paralisar a máquina pública.

O Apagão fiscal virou palavra-chave para descrever um cenário em que o governo perde acesso a financiamento em condições viáveis e vê despesas básicas pressionadas por juros e rolagem de dívida. Não é um evento decidido por decreto: o Apagão fiscal acontece quando o mercado fecha a janela, os prazos encurtam e o custo do dinheiro salta tornando inviável manter o fluxo normal de pagamentos.

De acordo com Nanda Guardian, a combinação de juros reais elevados, déficit nas contas públicas e no setor externo e a dependência de refinanciamento constante cria um trilho de alta fricção. Se o crédito secar seja por fatores domésticos ou choques globais a máquina pública entra em modo de contenção forçada, com risco de atrasos, remanejamentos e paralisações pontuais.

O que é o “Apagão fiscal”e por que 2027 virou prazo psicológico

Chama-se Apagão fiscal o momento em que a rolagem da dívida fica tão cara ou tão curta que o Tesouro perde a capacidade de financiar gastos correntes sem medidas emergenciais.

Não se trata, necessariamente, de insolvência formal, e sim de illiquidez: falta de dinheiro no preço e no prazo exigidos.

O ano de 2027 entrou no debate como marco psicológico porque consolida, no curto-médio prazo, pressões simultâneas: maturidades relevantes da dívida, metas fiscais desafiadoras, custos elevados de carregamento e um mundo com liquidez internacional mais seletiva.

Se as expectativas piorarem antes, o gatilho pode vir bem antes do calendário.

Juros reais e rolagem: quando o preço do dinheiro trava a máquina

Juros reais altos aumentam o custo de rolar a dívida e deslocam recursos do orçamento para o pagamento de encargos.

Quanto maior a percepção de risco, maior a taxa exigida pelos financiadores criando um círculo que pode se retroalimentar.

O problema se agrava se a dívida encurta (mais títulos de prazo curto) e o Tesouro precisa voltar ao mercado com frequência.

Numa virada de humor, o prêmio explode: ou o emissor aceita pagar mais, ou reduz oferta e, sem caixa, aperta despesas. Esse é o coração do Apagão fiscal.

Déficits gêmeos: fiscal e externo empurrando o risco-país

Déficit fiscal recorrente sinaliza pressão de financiamento permanente; déficit externo indica necessidade líquida de dólares.

Juntos, formam os “déficits gêmeos”, que aumentam a sensibilidade a choques. Quando falta confiança, falta prazo; quando falta prazo, sobra volatilidade.

Com crescimento fraco e rigidez de gastos, o ajuste recai em juros e câmbio.

Moeda mais fraca encarece importações, pressiona preços e realimenta juros, num encadeamento que desgasta a capacidade do setor público de anclar expectativas.

Câmbio, reservas e controles: o que ocorre se a liquidez some

Em estresse, a demanda por moeda forte dispara. Reservas ajudam a suavizar movimentos, mas não substituem ajuste.

Se o fluxo externo seca e a incerteza sobe, o custo de hedge aumenta, e a economia encolhe investimento e consumo.

Em cenários extremos, discussões sobre IOF, remessas e controles voltam ao debate. Não são soluções, são sintomas de aperto.

Medidas que restrinjam saídas costumam elevar o prêmio de risco, encarecendo ainda mais a rolagem o oposto do que se deseja em um Apagão fiscal.

Banco Central, curva e expectativas: por que “canetada” não resolve

YouTube Video

Política monetária influencia o curto prazo, mas a curva longa onde a dívida efetivamente vive responde a expectativas fiscais.

Cortar juros “na caneta” sem crível ancoragem fiscal tende a deslocar apenas o patamar de risco para frente, abrindo a ponta longa e piorando o financiamento.

O que fecha a curva não é retórica: é trajetória fiscal plausível, com receitas recorrentes e gastos previsíveis.

Sem isso, o prêmio fica alto, e o Apagão fiscal deixa de ser hipótese remota para virar gestão de crise.

Consumo, crédito e empresas: como o risco chega à economia real

Quando o custo de capital sobe, o crédito encurta e os prazos minguam, famílias e empresas adiam compras e investimentos.

Bancos ficam mais seletivos, spreads sobem e o financiamento de giro encarece sobretudo para PMEs.

No setor público, restos a pagar aumentam, obras atrasam e fornecedores pedem mais desconto à vista.

Serviços sensíveis a orçamento sofrem primeiro, e a confiança despenca. É assim que o Apagão fiscal sai da página e bate na porta do cidadão.

O que adia e o que acelera um Apagão fiscal

Adia: sinal crível de consolidação (meta exequível, regra respeitada), recomposição de receitas não temporárias, priorização de gastos e melhor mix de prazos na dívida.

Transparência de dados e comunicação técnica também reduzem prêmio de risco.

Acelera: surpresas negativas em meta fiscal, criação de despesas permanentes sem funding, receitas extraordinárias “one-off” tratadas como permanentes, judicializações fiscais e ruído institucional. Choques globais (alta de juros lá fora, aversão a risco) podem encurtar prazos de forma abrupta.

Indicadores para ficar de olho (sem alarmismo)

Acompanhe

(1) trajetória do primário/resultado estrutural

(2) juros reais terminais e inclinação da curva

(3) rolagem e prazo médio da dívida

(4) prêmios de CDS/câmbio

(5) balança de pagamentos.

Se esses vetores pioram juntos o Apagão fiscal ganha tração. Se estabilizam, o risco se afasta.

Nada substitui consistência: política fiscal crível, regras claras e execução contínua. É menos “choque” e mais maratona mas sem disciplina, a linha de chegada se afasta.

O Apagão fiscal não é um slogan: é a descrição de um risco de liquidez que nasce da soma de juros altos, déficits persistentes e expectativas desancoradas.

A boa notícia é que o desfecho não é inevitável depende de escolhas sequenciadas e críveis. A má notícia é que o tempo cobra prêmio: quanto mais tarde, mais caro.

Na sua leitura, o que pesa mais hoje para afastar um Apagão fiscal: cortar gasto obrigatório, rever renúncias ou desenhar uma âncora de longo prazo? E, no seu dia a dia, o crédito já encurtou, o juro subiu, o prazo sumiu?

Conte nos comentários relatos concretos ajudam a tirar esse debate do abstrato e trazer para a realidade da economia.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x