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Com área equivalente a mais de 70 mil campos de futebol, a planta solar da Índia será maior que cidades como Recife ou Campinas, e mudará o futuro da energia
Índia ergue a maior planta solar do planeta: 500 km² no deserto para abastecer mais de 16 milhões de casas com energia limpa
Um projeto grandioso está tomando forma no coração do deserto de Kutch, na Índia. Trata-se da construção da maior planta de energia solar do mundo, uma iniciativa liderada pela empresa Adani Green Energy Limited (AGEL), que está transformando uma área árida de mais de 500 km² em uma central de geração elétrica sustentável sem precedentes. Quando concluído, o complexo será capaz de fornecer energia limpa para 16,1 milhões de residências, marcando um divisor de águas na transição energética da Índia.
Um deserto transformado em epicentro da revolução verde
O empreendimento está sendo erguido na região de Kutch, no estado de Gujarat, uma das áreas mais ensolaradas do planeta. Com terreno plano e baixos índices de umidade, a localização é estratégica para a instalação de painéis fotovoltaicos bifaciais, que captam radiação tanto da frente quanto do verso dos módulos, aumentando significativamente a eficiência de geração.
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Além da energia solar, o complexo contará com aerogeradores de última geração, capazes de gerar até 5,2 megawatts cada. Essa integração de fontes renováveis, solar e eólica, faz parte do conceito de infraestrutura híbrida, promovendo estabilidade e melhor aproveitamento da matriz energética.
Uma usina que já começou a funcionar
Embora a construção da planta esteja prevista para ser finalizada apenas em 2030, uma parte das operações já está em funcionamento. Segundo dados da própria Adani Green Energy, já estão sendo gerados 551 megawatts de energia limpa, que são injetados na rede elétrica indiana. O objetivo final do complexo é atingir 30 gigawatts de potência instalada, o equivalente a quase toda a capacidade solar atualmente instalada no Brasil, por exemplo.
Inteligência artificial e automação no centro da operação
Um dos destaques mais inovadores do projeto é o uso de inteligência artificial e sistemas autônomos para monitorar, diagnosticar e corrigir falhas nos milhares de módulos solares instalados. A AGEL pretende automatizar quase 100% da manutenção e supervisão da usina, reduzindo custos e aumentando a confiabilidade da produção.
“Esse projeto simboliza uma mudança de paradigma para a Índia e o mundo. Estamos utilizando o melhor da tecnologia para acelerar a transição energética”, afirmou Gautam Adani, fundador do conglomerado Adani Group, durante evento recente em Nova Délhi.
Uma resposta direta à crise climática e à dependência do carvão
Mais de 70% da energia elétrica consumida na Índia ainda é proveniente do carvão, uma das fontes mais poluentes do planeta. A construção da planta solar de Kutch representa não apenas um avanço tecnológico, mas uma resposta urgente à crise climática e à necessidade de diversificar a matriz energética indiana.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA), a Índia será o país com maior crescimento em demanda energética global até 2040, superando inclusive a China em expansão proporcional. A meta nacional é alcançar 500 gigawatts de energia renovável até 2030, e o projeto da AGEL será um dos pilares dessa estratégia.
Atualizações recentes e impacto global
Em maio de 2025, a Adani Green Energy confirmou a instalação de novos módulos solares de alta eficiência fabricados localmente, como parte do programa governamental “Make in India”. Também foi iniciada a construção de linhas de transmissão de ultra-alta tensão (UHVDC) para levar a energia gerada até grandes centros urbanos como Mumbai e Délhi.
Paralelamente, a Índia firmou acordos de exportação de tecnologia renovável com países da África e do Sudeste Asiático, com o objetivo de tornar-se líder global em soluções sustentáveis. O projeto de Kutch será usado como modelo replicável em zonas desérticas de outros países.
O maior projeto energético do século XXI?
Com área superior à de cidades como Porto Alegre ou Belo Horizonte, o complexo solar de Gujarat está sendo comparado, em escala e ambição, ao projeto chinês de energia solar de Tengger e ao parque solar Noor, no Marrocos. No entanto, ao atingir sua capacidade máxima, nenhuma outra planta terá a mesma produção de energia baseada exclusivamente em fontes limpas.
Se as previsões se confirmarem, a Índia poderá evitar a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ até 2040 apenas com os projetos da AGEL, consolidando-se como um dos protagonistas da luta global contra o aquecimento global.
“Este será o projeto mais importante da minha carreira e talvez da história da energia limpa na Ásia”, declarou Gautam Adani em recente entrevista à Bloomberg.
