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A Arábia Saudita admite que ‘The Line’, sua megacidade futurista de R$ 8 Trilhões, levará 50 anos para ser concluída

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/12/2024 às 20:48
Atualizado em 25/12/2024 às 11:36
Arábia Saudita
Foto: Reprodução

A Arábia Saudita revelou que ‘The Line’, seu projeto de megacidade futurista avaliado em R$ 8 Trilhões, só será concluído em 50 anos, mas defendeu sua estratégia.

A Arábia Saudita reconheceu oficialmente que o ambicioso projeto da cidade futurista Neom, incluindo o arranha-céu horizontal ‘The Line’, não será concluído antes de 50 anos.

Apesar disso, o governo insiste na viabilidade do empreendimento e rebate críticas com declarações firmes.

O anúncio foi feito durante um evento em Riad pelo Ministro das Finanças, Mohammed bin Abdullah Al-Jadaan, que destacou a escala sem precedentes do projeto e o foco em retornos de longo prazo.

O projeto Neom e suas ambições

O projeto Neom é a peça central do plano Vision 2030, liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Com orçamento estimado em US$ 1,3 trilhão, cerca R$ 8 trilhões, a iniciativa busca transformar a Arábia Saudita em um centro global de inovação e turismo.

Na proposta, destaca-se ‘The Line’, um arranha-céu horizontal de 170 quilômetros de extensão, revestido de fachadas espelhadas, projetado para abrigar 1,5 milhão de pessoas.

No entanto, recentes ajustes indicam que a extensão inicial será reduzida para 2,4 quilômetros, com capacidade para apenas 300 mil habitantes até 2030.

A ideia central de Neom é revolucionar o conceito de cidades, oferecendo soluções urbanísticas avançadas, como mobilidade sustentável, infraestrutura de ponta e serviços tecnológicos integrados.

A Arábia Saudita vê o projeto como uma estratégia para diversificar sua economia, atualmente dependente do petróleo.

Prazos contestados e desafios de financiamento

Inicialmente, a conclusão de Neom era esperada até 2030. Contudo, Al-Jadaan enfatizou que essa previsão era irrealista, explicando que “Neom é um plano de mais de 50 anos”.

Ele reforçou que os sauditas não são “tolos” e reconhecem os desafios de um projeto tão colossal.

Segundo especialistas, a principal dificuldade está na obtenção de financiamento estrangeiro. Torbjorn Soltvedt, da consultoria Maplecroft, afirmou ao The Telegraph que investidores estrangeiros “não acreditam completamente na visão de uma nova Arábia Saudita”.

Essa desconfiança é alimentada por questões como a volatilidade do mercado de petróleo e a incerteza econômica global.

Apesar disso, o governo saudita continua investindo bilhões de dólares na construção de Neom, com a expectativa de que projetos menores dentro do complexo gerem retorno no curto e médio prazo.

Mudanças na liderança e impactos nos projetos

Recentemente, uma mudança na liderança de Neom chamou atenção. Segundo comunicado oficial, a transição vai garantir “agilidade e eficiência” na execução dos planos.

No entanto, a troca gerou especulações sobre problemas internos na administração do projeto. Alguns analistas associam a reestruturação a dificuldades em manter o cronograma e a escala original de The Line.

Ainda assim, a Arábia Saudita insiste que o progresso está dentro do esperado. Imagens aéreas divulgadas no início do ano mostram avanços nas escavações ao longo da costa noroeste do país, onde a infraestrutura de Neom começa a tomar forma.

Controvérsias trabalhistas e direitos humanos

Apesar da grandiosidade do projeto, preocupações com condições de trabalho e direitos humanos têm ganhado destaque.

Grupos de defesa acusam a Arábia Saudita de explorar trabalhadores migrantes, muitos deles vindos de países como Índia, Bangladesh e Nepal.

Estatísticas recentes apontam que mais de 21 mil trabalhadores morreram em oito anos, desde o início da Vision 2030.

Relatórios da ITV revelam que cerca de 100 mil migrantes estão desaparecidos, enquanto centenas de mortes permanecem sem explicação.

Entre as denúncias mais graves, estão atrasos salariais de até 10 meses, jornadas excessivas e alimentação inadequada. Um motorista que trabalha no projeto relatou que a exaustão causou um aumento nos acidentes, com cerca de cinco ocorrências mensais.

Além disso, o estresse extremo tem levado muitos trabalhadores a desenvolver doenças graves.

Uma jornalista disfarçada, identificada como Noura, entrevistou trabalhadores no local, que descreveram condições próximas à escravidão.

Somos tratados como mendigos”, afirmou um deles. Outro relato chocante revelou que trabalhadores não têm permissão para deixar o país para visitar suas famílias.

Resposta oficial de Neom

Diante das acusações, a administração de Neom afirmou estar avaliando as denúncias e prometeu ações corretivas, quando necessário.

Em comunicado, ressaltaram que todos os contratados devem cumprir o Código de Conduta da empresa, baseado nas leis sauditas e nas normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Inspeções frequentes seriam realizadas para garantir o cumprimento das regras.

Apesar dessas declarações, grupos de direitos humanos permanecem céticos, apontando a falta de transparência e a ausência de consequências para violações recorrentes.

Críticos destacam que a escala do projeto dificulta a implementação de medidas eficazes para proteger os trabalhadores.

Impactos sociais e ambientais

Além das controvérsias trabalhistas, o impacto ambiental e social de Neom também preocupa especialistas.

A construção de The Line envolve a escavação de grandes áreas desérticas e montanhosas, o que pode afetar ecossistemas locais e deslocar comunidades.

A Arábia Saudita enfrenta críticas por falta de diálogo com moradores da região, muitos dos quais foram obrigados a deixar suas casas sem compensação adequada.

Outro aspecto levantado é a viabilidade técnica de The Line. Embora o conceito de um arranha-céu horizontal seja inovador, engenheiros questionam a sustentabilidade do design, que depende de tecnologia de ponta e materiais altamente específicos.

Conclusão: um futuro incerto

Enquanto a Arábia Saudita continua promovendo Neom como símbolo de modernidade e inovação, os desafios práticos e éticos permanecem. O governo aposta no longo prazo para convencer investidores e superar as críticas.

Contudo, com prazos estendidos e controvérsias crescentes, o sucesso de Neom está longe de ser garantido.

As imagens das escavações e as promessas de luxo futurista contrastam fortemente com as denúncias de abusos e mortes nos bastidores.

Por enquanto, a Arábia Saudita reafirma seu compromisso com o projeto, mesmo diante de obstáculos gigantescos. Como disse Al-Jadaan, “este é um programa de longo prazo”.

Porém, as questões sociais e econômicas em torno de Neom podem determinar se ele será lembrado como um marco na história ou um exemplo de ambição desenfreada sem sustentação.

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Jhonnes
Jhonnes
26/12/2024 08:46

Essa cidade e insustentável por se só. Os moradores seriam milionários, que não torram nem um ovo.quem faria a cidade funcionar seria os trabalhadores que não morariam lá.

Máximo Ortega
Máximo Ortega
Em resposta a  Jhonnes
26/12/2024 08:46

A está sendo explorada através da falta de concessionária que explique quais são essas condições deles. Quem faria essa cidade funcionar seria os trabalhadores que não morariam lá, e os moradores resultados seriam grandes, estando com ajudas ou não. Porque o governo diz não pode construir e resolver problemas tratando mal os trabalhadores. Como as pessoas são exploradas e não tratadas como seres humanos preocupamos, devido às notícias sobre a Arábia Saudita prolongar o complote da construção da cidade em 50 anos devendo R$8 trilhões dando uma crore grande cheio na parte ajuda e da movimentação do valor.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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