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Um ‘colosso flutuante’ de 228 metros: o navio-sonda que desafia o fundo do mar brasileiro com perfurações de até 12 mil metros no pré-sal

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 02/07/2025 às 08:35
Um colosso flutuante de 228 metros: o navio-sonda que desafia o fundo do mar brasileiro com perfurações de até 12 mil metros no pré-sal
Foto: Um colosso flutuante de 228 metros: o navio-sonda que desafia o fundo do mar brasileiro com perfurações de até 12 mil metros no pré-sal
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Conheça o Valaris DS‑15, o navio-sonda de 228 metros que atua no pré-sal brasileiro, capaz de perfurar até 12 mil metros em águas ultraprofundas. Um colosso flutuante que representa o avanço da engenharia offshore no Brasil.

Imagine uma embarcação do tamanho de dois campos de futebol, flutuando sobre o oceano Atlântico, em pleno coração da Bacia de Santos. À primeira vista, parece mais uma cidade no mar — mas é um dos equipamentos mais sofisticados da engenharia offshore moderna. Estamos falando do Valaris DS-15, um navio-sonda de 228 metros de comprimento, capaz de realizar perfurações em águas ultraprofundas de até 3.600 metros de lâmina d’água e alcançar mais de 12.000 metros no subsolo marinho. Essa verdadeira fortaleza tecnológica é uma peça-chave para explorar os recursos do pré-sal brasileiro, um dos maiores tesouros energéticos do mundo.

O que é um navio-sonda?

O navio-sonda é uma plataforma de perfuração flutuante com propulsão própria, usada para perfurar o leito marinho em busca de petróleo e gás natural. Ao contrário das plataformas fixas ou semissubmersíveis, ele pode se mover entre campos e ajustar sua posição com sistemas de posicionamento dinâmico (DPS), mantendo-se estável mesmo com correntezas e ondas fortes.

O Valaris DS-15, pertencente à multinacional Valaris, é um dos mais avançados de sua categoria. Comissionado originalmente pela Ensco (posteriormente fundida com a Rowan), ele entrou em operação em 2013 e vem ganhando protagonismo nas operações da Petrobras.

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Valaris DS‑15: o perfil técnico do navio-sonda de elite

Com 228 metros de comprimento, 42 metros de largura e capacidade para mais de 200 tripulantes, o Valaris DS-15 está equipado com o que há de mais moderno para operações em águas ultraprofundas. Seu sistema de torre dupla (dual derrick) permite manobras simultâneas de perfuração e casing, acelerando o processo de construção de poços.

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Mas o grande destaque é a profundidade:

  • Capacidade de perfuração vertical total: até 12.192 metros (~40.000 pés)
  • Profundidade máxima de lâmina d’água: 3.658 metros (~12.000 pés)

Para fins comparativos: isso significa perfurar a uma profundidade maior que o ponto mais profundo do oceano Atlântico.

Além disso, o navio possui:

  • Sistema de BOP (Blowout Preventer) de última geração, com 6 ramais de segurança.
  • Riser de perfuração com mais de 6.000 metros.
  • Cabines climatizadas, área médica, heliporto e estrutura autossuficiente para semanas de operação contínua no mar.

O papel do DS-15 no pré-sal brasileiro

Desde que chegou ao Brasil, o Valaris DS-15 tem sido mobilizado para áreas estratégicas do pré-sal, como os campos de Mero, Búzios, Sépia e Tupi — verdadeiras joias da coroa da Petrobras. O pré-sal é uma província petrolífera abaixo de uma espessa camada de sal, localizada a mais de 5 km abaixo do nível do mar, e exige tecnologia extrema para ser acessada.

A alta pressão, altas temperaturas e sal corrosivo fazem do pré-sal um dos ambientes mais desafiadores do planeta. Apenas sondas de sexta ou sétima geração, como o DS-15, conseguem operar nessas condições com segurança e eficiência.

O navio tem sido usado tanto para perfuração exploratória, como para poços de produção, que posteriormente são conectados a FPSOs (navios-plataforma).

Uma operação de precisão milimétrica

Operar o Valaris DS‑15 exige uma orquestra de profissionais altamente qualificados. A sala de controle central da embarcação monitora centenas de variáveis em tempo real — da pressão do fluido de perfuração à posição do riser em relação às correntes marítimas.

A estabilidade da embarcação, mesmo com ondas de 6 metros e ventos superiores a 70 km/h, é garantida por um sofisticado sistema de propulsores azimutais computadorizados. Isso permite que o navio se mantenha fixo sobre o ponto de perfuração com margem de erro inferior a 1 metro — mesmo em mar aberto.

Durante a perfuração, os sensores embarcados analisam continuamente o retorno de fluido, a taxa de penetração e a composição das rochas atravessadas. A cada metro perfurado, o navio-sonda gera dados sísmicos, geológicos e operacionais cruciais para a decisão de continuidade.

Segurança, meio ambiente e autonomia

A Petrobras e a Valaris seguem rigorosos protocolos ambientais. O DS‑15 conta com sistema de controle de emissões atmosféricas, tratamento de resíduos, coleta seletiva e geradores de energia com menor impacto ambiental.

Além disso, as equipes de resposta a emergências fazem treinamentos contínuos de evacuação, incêndio, vazamento e falhas no sistema de BOP — que, como se sabe, é a última barreira de segurança contra um blowout (explosão descontrolada de gás e petróleo).

O navio é capaz de operar por mais de 60 dias sem necessidade de retorno ao continente, com logística feita via helicóptero e navios de suprimentos. Toda alimentação, tratamento de água, energia e comunicação são gerados a bordo.

Investimento bilionário para produzir petróleo a 7.000 metros de profundidade

O uso de navios como o DS-15 é um investimento pesado: um único poço no pré-sal pode custar até US$ 100 milhões. O custo diário de operação do Valaris DS‑15 gira em torno de US$ 400 mil, incluindo equipe, insumos, manutenção e logística.

Apesar disso, a Petrobras considera o investimento estratégico. O pré-sal representa mais de 75% da produção total de petróleo do Brasil atualmente, com eficiência crescente e baixo custo por barril.

Navios como o DS-15 tornam possível atingir reservatórios com pressões de mais de 10.000 psi e temperaturas superiores a 130 °C — condições que seriam impossíveis há 20 anos.

O futuro do DS‑15 e dos gigantes do fundo do mar

Com o avanço da exploração em áreas como Campos de Sagitário, Itapu e Búzios 9, o Brasil continuará sendo um dos principais mercados para sondas de ultra-alta profundidade. O DS‑15, com seu contrato ativo com a Petrobras, ainda deve operar por anos nas águas brasileiras.

Além disso, a tendência é que sondas como ele passem a integrar sistemas digitais avançados, com inteligência artificial embarcada, previsão preditiva de falhas e até automação parcial de processos de perfuração.

O Valaris DS‑15 não é apenas um navio gigantesco, mas um emblema de como o Brasil dominou uma das tecnologias mais complexas da indústria mundial: a perfuração em águas ultraprofundas. Ele representa o elo entre o fundo do mar e a superfície, entre bilhões de barris de petróleo e a segurança energética do país.

Com ele, o pré-sal deixa de ser um desafio técnico para se tornar uma realidade econômica. E o Brasil, que antes dependia de importações, hoje se posiciona entre os maiores exportadores de petróleo do mundo, graças a equipamentos como esse gigante flutuante de aço e tecnologia.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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