Em uma descoberta impressionante, arqueólogos revelam uma pá de madeira de 3.500 anos, encontrada preservada em uma trincheira inglesa.
Arqueólogos costumam desenterrar objetos como ossos, cerâmicas e ferramentas de pedra. No entanto, é raro que encontrem artefatos de madeira, que geralmente se decompõem com o tempo. Esse é o motivo pelo qual uma equipe de pesquisadores ficou surpreendida ao descobrir uma pá de madeira datada da Idade do Bronze na Inglaterra.
A datação por radiocarbono revelou que o artefato tem cerca de 3.500 anos, sendo considerada uma das ferramentas de madeira mais antigas e preservadas no Reino Unido, segundo comunicado da Wessex Archaeology.
Phil Trim, um dos arqueólogos responsáveis pela descoberta, afirmou que o achado é “tão raro” que ele jamais esperaria encontrar algo do tipo. “É um objeto realmente único, encontrar algo que é de madeira daquela idade”, relatou ele ao jornal Independent.
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Arqueólogos encontraram em condições especiais de preservação
A pá foi encontrada em uma vala circular, próximo a uma área pantanosa no sul da Inglaterra. Esse tipo de vala era utilizado para controlar inundações em áreas residenciais. A princípio, os arqueólogos pensaram que era apenas uma raiz de árvore.
Após uma inspeção mais detalhada, perceberam que se tratava de uma ferramenta quase completa, possivelmente esculpida em um único pedaço de carvalho.
A preservação da pá se deu pelas condições encharcadas do local, que impediram a entrada de oxigênio, um fator essencial para a decomposição da madeira. “A preservação ocorre quando o artefato permanece constantemente úmido e enterrado, excluindo o oxigênio”, explica Ed Treasure, arqueólogo ambiental da Wessex Archaeology, em entrevista à BBC News.
Assim, ao contrário de sítios arqueológicos comuns, onde restos orgânicos desaparecem com o tempo, no pântano, eles podem resistir por milhares de anos. No entanto, são extremamente frágeis, mesmo quando preservados.
O contexto histórico e as possíveis utilizações da pá
Quando essa pá foi feita, os habitantes da região, que até então eram nômades, começavam a se estabelecer de forma mais permanente, cultivando plantações e criando rebanhos. Embora ainda não vivessem nas áreas úmidas o ano todo, voltavam sazonalmente para aproveitar os recursos locais, como juncos e turfa, e para pastoreio.
Os arqueólogos ainda não têm certeza de como a pá foi confeccionada ou qual seria seu uso específico. Contudo, eles têm algumas teorias. “Ela pode ter sido usada para cortar turfa no local”, sugere Treasure em entrevista à New Scientist. Outra hipótese é que a ferramenta teria servido para cavar as próprias valas de contenção nas quais foi encontrada.
Prospecções futuras e o valor científico da descoberta
A equipe de pesquisa planeja continuar os estudos para descobrir mais sobre a pá e as comunidades que habitaram a região há milênios. “Estamos trabalhando em uma paisagem dominada pela natureza, onde, a olho nu, quase não há sinais de atividades humanas”, comenta Greg Chuter, arqueólogo governamental. “Porém, logo abaixo da superfície, encontramos evidências de como os antigos habitantes se adaptaram ao ambiente desafiador dessa região, há mais de 3.000 anos”.
Essa descoberta reforça a importância da arqueologia para desvendar os modos de vida de civilizações antigas e adaptações humanas em condições adversas.
Ao preservar e estudar artefatos como essa pá, arqueólogos esperam ampliar o conhecimento sobre a vida no passado, além de valorizar o rico patrimônio cultural da região.