Iberdrola planeja instalar sua primeira usina de energia solar flutuante no Brasil. A unidade ficará em Fernando de Noronha e receberá investimentos de 2 milhões de euros.
A Iberdrola anunciou nesta quinta-feira (5) que o Brasil foi o país escolhido para instalar sua primeira usina de energia solar offshore, uma tecnologia relativamente nova, que ainda responde por uma pequena porcentagem da energia gerada pela fonte renovável. O projeto da empresa de energia da Espanha será instalado no Açude Xaréu, em Fernando de Noronha.
Iberdrola realiza investimentos de 2 milhões de euros na usina solar flutuante
O empreendimento contará com uma potência de 0,63 MW e deve gerar cerca de 1.240 megawatts-hora (MWh) por ano, com investimentos de 2 milhões de euros pela Iberdrola. A quantia seria suficiente para cobrir mais da metade da energia consumida pela Compesa em Fernando de Noronha.
A primeira usina solar flutuante do país foi instalada na hidrelétrica de Sobradinho, no interior da Bahia, há cerca de 4 anos. A iniciativa compõe um projeto de pesquisa e desenvolvimento da Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco (Chesf), da Eletrobrás.
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A mesma empresa também conta com projetos em Boa Esperança (PI). A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) atua em um projeto-piloto na represa Billings, na região metropolitana de São Paulo.
O Banco Mundial estima que há um potencial de 400 GW para as usinas flutuantes de energia solar, o que permitiria dobrar as instalações de energia solar em comparação com o patamar de 2018. A tecnologia, entretanto, ainda não possui um histórico de sucesso das instalações em terra. Além do custo inicial mais alto, a manutenção dessas usinas também é mais complexa, e há alguns impactos na qualidade e na biodiversidade da água.
Vantagens da usina solar flutuante da Iberdrola
É importante mencionar que o projeto da companhia contará com a parceria da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que atua na rede de distribuição de água e esgoto em toda a ilha. Uma das vantagens de os painéis da usina de energia solar serem instalados na água é a disponibilidade do uso de terras para outras utilidades, já que as fazendas de painéis solares fotovoltaicos tendem a ocupar grandes áreas.
O arquipélago possui apenas 26 kms quadrados, sendo que 70% dessa área está ligada a um parque nacional, que é protegido. Também é possível que a produção de eletricidade se dê mais próxima de onde será consumida: no caso do projeto em Fernando de Noronha, a cliente será a própria Compesa. As Usinas Solares Flutuantes podem ser instaladas em lagos, reservatórios ou em alto mar. A estimativa é que o custo desses projetos seja 20% maior que o de uma planta em terra, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A tecnologia pode disponibilizar uma compensação enorme, pois como a água é responsável por resfriar naturalmente os painéis solares, o problema de perda de eficiência causado pelas altas temperaturas é minimizado. Pelo mundo, a produção dessa tecnologia pulou de 61 MW em meados de 2015 para mais de 3 mil MW no último ano, de acordo com informações da Iberdrola.
Fernando de Noronha focando na sustentabilidade
Fernando de Noronha está se tornando um centro de pesquisas sobre carros elétricos, e a primeira iniciativa do segmento surgiu por parte do governo de Pernambuco, estado onde o arquipélago está localizado, ao desenvolver o Projeto Noronha Carbono Zero, lá, em 2013. Entre outras coisas, o intuito é que carros comuns não circulem na ilha a partir de 2030 e os modelos elétricos sejam abastecidos por uma usina solar e sistemas de armazenamento de energia.
Atualmente, cerca de 70 veículos elétricos estão rodando em Fernando de Noronha, incluindo 18 recém-chegados. Para tornar a recarga das baterias mais fácil, o projeto Trilha Verde tem como intuito instalar 12 eletropostos na ilha principal.