A história da Inteligência Artificial começa muito antes de 1955, com ideias e invenções que anteciparam a criação de máquinas inteligentes
A Inteligência Artificial (IA) é um conceito moderno, mas suas origens remontam muito antes de 1955. Na verdade, antes mesmo que o termo fosse cunhado, já havia vislumbres de um futuro em que máquinas poderiam realizar tarefas complexas que desativam a inteligência humana.
Esses primeiros passos para a IA foram apresentados no folclore, na ficção científica e nas primeiras inovações tecnológicas dos séculos XIX e XX. Descobertas e ideias de inventores e pensadores de gerações passadas foram fundamentais para moldar o que hoje entendemos como IA.
O primeiro olhar sobre a máquina inteligente
O conceito de máquinas pensantes não surgiu com os primeiros computadores digitais ou com a invenção da IA como campo científico.
- Coreia do Sul criou super metal resiste a temperaturas de congelamento de -196 °C a extremos de 600 °C
- Fim da escassez de mão de obra no agro: China vai criar ‘humano robô’ capaz de trabalhar como agricultor
- Gotas de chuva e tubos plásticos: inovação simples gera energia limpa e sustentável e pode ser essencial para abastecer áreas remotas
- Poluição atmosférica por chumbo causou declínio cognitivo generalizado na Europa da era romana, afirma estudo
Na verdade, ele apareceu de maneira satírica nas páginas da literatura. Em 1726, Jonathan Swift, em sua obra As Viagens de Gulliver, dinamicamente a noção de uma máquina chamada “The Engine”.
Embora a descrição fosse uma crítica irônica aos estudiosos da época, a ideia de uma engenhoca que poderia gerar novas ideias a partir de palavras reorganizadas mecanicamente já vislumbrava o que mais tarde se tornaria a geração de texto algorítmico.
Swift ridicularizou as pretensões dos acadêmicos, mas sua visão foi surpreendentemente futurista, prenunciando os desenvolvimentos que, séculos depois, seriam possíveis com o avanço da IA.
O automático de xadrez de Leonardo Torres e Quevedo
Já no início do século XX, o engenheiro espanhol Leonardo Torres e Quevedo desenvolveu um autômato chamado El Ajedrecista (O Jogador de Xadrez).
Em 1912, ele criou uma máquina capaz de jogar um final simplificado de xadrez, com um rei e uma torre contra um rei.
A máquina utilizava eletroímãs para mover as peças e conseguia identificar movimentos ilegais, além de ser capaz de dar xeque-mate quando estava em uma posição vencedora.
Embora fosse uma máquina mecânica, El Ajedrecista demonstrou a possibilidade de replicar comportamentos que desativam o cálculo lógico, um princípio essencial para a IA moderna.
O surgimento da computação
A década de 1940 representou um marco no caminho para a criação da IA moderna. Com o desenvolvimento de computadores eletrônicos digitais, novas possibilidades para máquinas inteligentes começaram a se abrir.
O Atanasoff-Berry Computer (ABC), criado por John Vincent Atanasoff e Clifford Berry, foi um dos primeiros computadores digitais e inovação a computação binária e circuitos eletrônicos — os fundamentos essenciais para o desenvolvimento de programas de IA.
Em 1943, os cientistas Warren McCulloch e Walter Pitts propuseram um modelo matemático do cérebro humano, revelando que os neurônios e sinapses poderiam ser modelados como redes computacionais.
Esta ideia de redes neurais inspiraria décadas de pesquisas e se tornaria um campo importante dentro da IA, ressurgindo com força no século XXI.
Alan Turing
Nenhuma figura é mais central na história da IA do que Alan Turing. Nascido em 1912, Turing foi um matemático britânico cujo trabalho lançou as bases para a ciência da computação moderna.
Em 1950, publicou o seu artigo “Computing Machinery and Intelligence” (Máquinas de Computação e Inteligência), onde levantava uma questão fundamental: “As máquinas podem pensar?”
Turing não se aprofundou em discussões filosóficas sobre o que significa “pensar”, mas propôs uma abordagem prática: o Teste de Turing.
Nesse teste, um juiz humano interage com dois interlocutores — um humano e uma máquina — por meio de um chat de texto.
Se o juiz não conseguir distinguir qual é qual, a máquina pode ser considerada “inteligente”. O Teste de Turing se tornou um marco na avaliação de IA e permanece relevante até hoje.
O trabalho de Turing também teve um impacto profundo em como entendemos a computação. Ele sugeriu que os computadores, se programados corretamente, poderiam simular qualquer processo mental, desde que houvesse instruções adequadas.
Infelizmente, Turing faleceu em 1954, sem ver o termo “IA” ser formalmente adotado, mas sua contribuição para o campo é inegável.
John McCarthy
Em 1955, o matemático e cientista da computação John McCarthy, junto com outros pesquisadores, especifica o Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence, evento que é frequentemente considerado o marco inicial da IA como um campo de pesquisa formal.
Durante esse evento, McCarthy apresentou o termo “inteligência artificial”, que se tornaria a base de toda a pesquisa futura na área.
McCarthy também desenvolveu o Lisp, uma linguagem de programação fundamental para IA, que se tornaria a principal ferramenta de pesquisadores por muitas décadas.
Além disso, ele acreditava que as máquinas poderiam raciocinar de forma lógica e que a lógica formal seria a chave para replicar a inteligência humana. Sua visão influenciou profundamente o desenvolvimento inicial da Inteligência Artificial.
Marvin Minsky
Marvin Minsky, um dos organizadores do workshop de Dartmouth, foi um dos pioneiros que contribuiu de forma significativa para a IA.
Ele foi um dos fundadores do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, que se tornaria um centro de excelência no desenvolvimento de Inteligência Artificial.
Minsky também esteve à frente da criação da Sociedade da Mente, uma teoria que sugeria que a inteligência é composta por um conjunto de agentes especializados que operam de forma cooperativa.
Minsky também trabalhou no desenvolvimento de redes neurais artificiais, mas, em sua crítica ao Perceptron de Frank Rosenblatt, ele destacou que os modelos de redes neurais simples tinham limitações em tarefas mais complexas.
Apesar disso, suas contribuições moldaram profundamente o campo, ao incorporar a psicologia e a ciência cognitiva nos estudos de IA.
Herbert A. Simon e Allen Newell
Enquanto McCarthy e Minsky se concentraram em lógica formal e redes neurais, Herbert A. Simon e Allen Newell abordaram a IA a partir de uma perspectiva cognitiva.
Em 1956, Simon e Newell realizaram o Logic Theorist, considerado o primeiro programa funcional de Inteligência, que provou teoremas matemáticos de forma autônoma.
Este foi um avanço importante, pois demonstrou que as máquinas poderiam resolver problemas complexos, como os seres humanos enfrentam no julgamento lógico.
Em 1957, eles realizaram o General Problem Solver (GPS), uma tentativa de simular como os humanos resolvem problemas de forma geral, utilizando heurísticas para guiar a busca de soluções.
A ideia de que as máquinas poderiam raciocinar e resolver problemas como seres humanos foi um conceito central da IA por décadas.
Arthur Samuel
Nos anos 1950, Arthur Samuel, da IBM, fez uma das primeiras grandes contribuições para o que hoje chamamos de aprendizado de máquina.
Ele criou um programa de damas que aprendeu com suas próprias partidas. A cada jogo, o programa melhorava suas habilidades, ajustando seu desempenho com base no feedback que recebia, um princípio que se tornaria central no aprendizado de máquina.
Seu trabalho foi um marco na evolução da IA, pois mostrou que as máquinas puderam aprender e melhorar sem intervenção humana direta.
Frank Rosenblatt
Frank Rosenblatt foi outro nome fundamental na história da IA, principalmente pelo desenvolvimento do Perceptron, um tipo de rede neural artificial.
Criado em 1957, o Perceptron era capaz de aprender a classificar objetos com base em exemplos rotulados.
Embora limitado a problemas lineares, o Perceptron foi o precursor das redes neurais modernas, e suas ideias foram fundamentais para o renascimento da IA décadas depois, quando as redes neurais mais avançadas evoluíram para serem desenvolvidas.
Joseph Weizenbaum e o Chatbot ELIZA
Na década de 1960, Joseph Weizenbaum desenvolveu o programa ELIZA, um chatbot que simulava conversas humanas com base em um conjunto simples de regras de correspondência de padrões.
Embora simples, o programa mostrou a possibilidade de uma interação humano-computador convincente.
ELIZA também suscitou questões éticas sobre a interação com máquinas, pois muitos usuários tiveram a ideia de sentimentos e empatia ao programa, algo inesperado por Weizenbaum.
O inverno da Inteligência Artificial
Após o otimismo inicial, a pesquisa em IA passou por períodos de desânimo, conhecidos como “invernos da IA”.
Nos anos 1970 e 1980, as promessas não cumpridas e as limitações dos sistemas de IA da época levaram a uma desaceleração significativa.
No entanto, as ideias dos pioneiros como Turing, McCarthy e Minsky apoiaram a influência nas gerações subsequentes de investigadores.
Avanços no século XXI
A partir dos anos 2000, com o aumento do poder de processamento dos computadores e o surgimento de novos algoritmos, a IA começou a se desenvolver a um ritmo impressionante.
O aprendizado profundo, um tipo avançado de rede neural, começou a mostrar seu potencial em áreas como visão computacional, reconhecimento de fala e processamento de linguagem natural.
Em 2012, a vitória do AlexNet no ImageNet foi um marco importante, simbolizando o ressurgimento do campo da IA.
Hoje, a IA está presente em diversas áreas do nosso cotidiano, desde assistentes pessoais até carros autônomos.
As inovações são rápidas, mas não podemos esquecer que a IA moderna foi construída sobre os ombros dos gigantes que vieram antes dela.
Turing, McCarthy, Minsky, Rosenblatt e seus colegas estabeleceram os fundamentos que permitiram que chegássemos onde estamos hoje.
A história da IA, repleta de desafios e descobertas, continua a se desenrolar, e seu impacto no mundo moderno é inegável.
Com informações de Interesting Engineering.