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FIM DO DINHEIRO FÍSICO? Projeto de Deputado do PT pode tornar crime o porte de dinheiro em espécie no Brasil — Entre R$ 1.501,00 e R$ 10.000,00 seria necessário comprovar a origem lícita dos recursos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/11/2024 às 11:34
FIM DO DINHEIRO
Foto: Reprodução

Projeto de lei no Brasil pode criminalizar porte de dinheiro em espécie entre R$ 1.501 e R$ 10.000 sem comprovação de origem lícita

Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um avanço nas transações digitais, especialmente com a popularização do Pix e a expectativa de chegada do Drex, a moeda digital brasileira. Em meio a essa transformação, o Projeto de Lei nº 4.068/2020, que tramita na Câmara dos Deputados desde 2020, reacendeu debates sobre o futuro do dinheiro físico no país. Mas o que está em jogo? E como isso pode afetar a vida dos brasileiros?

A gênese do debate: Fim do dinheiro físico

Tudo começou com o Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que propôs o fim do dinheiro em espécie no Brasil em até cinco anos. A justificativa incluía argumentos como a redução de crimes financeiros e maior controle sobre a economia.

Contudo, a proposta encontrou resistência muito grande. Afinal, seria um risco para a liberdade financeira da população, especialmente em um país onde muitas pessoas ainda dependem do dinheiro físico para transações cotidianas.

Em 2024, a Deputada Júlia Zanatta (PL-RJ) entrou na discussão ao protocolar um projeto de lei que visa impedir a extinção do dinheiro em espécie. Segundo Zanatta, retirar essa opção seria “atentar contra a liberdade do cidadão brasileiro”. O apoio público ao projeto veio até mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendeu o direito à escolha financeira como um pilar da democracia.

Foto: Reprodução

Regras propostas: Como ficaria o porte de Dinheiro?

Com os dois projetos agora tramitando juntos, o relator do caso, Deputado Julio Lopes (PP-RJ), apresentou um substitutivo ao PL nº 4.068/2020. A nova proposta cria regras específicas para o porte de dinheiro em espécie, dividindo as situações em três categorias:

  1. Valores até R$ 1.500,00
    Seria permitido o porte sem a necessidade de comprovação de origem, exceto em casos que levantem suspeitas, como flagrante delito.
  2. Entre R$ 1.501,00 e R$ 10.000,00
    Aqui, seria necessário comprovar a origem lícita dos recursos. A justificativa busca evitar lavagem de dinheiro e atividades ilícitas.
  3. Acima de R$ 10.000,00
    Transporte permitido apenas se o destino for um banco para depósito, desde que o percurso seja diretamente entre o local de recebimento e o banco.

Essas regras rígidas indicam uma possível criminalização do porte de quantias elevadas de dinheiro, algo que tem gerado preocupação entre especialistas e defensores da liberdade individual.

O impacto no uso de moedas estrangeiras

Outro ponto polêmico do substitutivo é a restrição ao porte de moedas estrangeiras em espécie. De acordo com a proposta, um viajante internacional só poderá portar o equivalente a US$ 10.000,00 em um período de até cinco dias úteis antes da viagem.

Para valores recebidos fora do horário bancário, o prazo para depósito seria de até dez dias úteis. Após esse prazo, o dinheiro não utilizado deveria obrigatoriamente ser depositado em uma conta bancária.

Essa mudança impactaria diretamente brasileiros que viajam ao exterior ou que trabalham com moedas estrangeiras, como profissionais autônomos e investidores.

Reflexos do projeto: O Fim gradual do Dinheiro Físico?

Caso o substitutivo do PL nº 4.068/2020 seja aprovado, ele prevê um impacto gradual no uso de cédulas no Brasil. O plano inclui a paralisação da emissão de notas acima de R$ 50,00 em até um ano após a implementação das regras e, posteriormente, o fim total da circulação de cédulas menores em até cinco anos.

Com essas mudanças, fica clara a intenção de migrar para um sistema financeiro mais digital. No entanto, há riscos e desafios associados, como a inclusão digital e a segurança cibernética. Afinal, nem todos os brasileiros têm acesso fácil a tecnologias ou entendem plenamente como utilizá-las.

Liberdade financeira vs. controle econômico

De um lado, temos os argumentos a favor da restrição do dinheiro físico: combate à corrupção, maior controle fiscal e alinhamento com tendências globais de digitalização financeira. Do outro, os críticos apontam que essas medidas podem limitar a liberdade financeira do cidadão comum e criar obstáculos para populações mais vulneráveis, como idosos e comunidades que vivem em áreas remotas.

Exemplo disso é a dependência de dinheiro em espécie em mercados locais, feiras e pequenos comércios, que muitas vezes não têm infraestrutura para aceitar pagamentos digitais. Além disso, a obrigatoriedade de comprovação de origem para valores relativamente baixos, como R$ 1.501,00, levanta questionamentos sobre sua aplicabilidade prática.

O papel do Drex e a popularização do Pix

Com o Pix consolidado como a principal forma de pagamento no Brasil e a iminente chegada do Drex, a transição para um sistema sem dinheiro físico parece cada vez mais próxima. O Drex, previsto para 2025, promete revolucionar as transações financeiras, oferecendo uma moeda digital controlada pelo Banco Central. Mas será que a população está preparada para essa mudança?

A resposta pode variar. Enquanto uma parte dos brasileiros já adotou o Pix e outras formas de pagamento eletrônico, outra parcela significativa ainda enfrenta barreiras, como a falta de acesso à internet ou de conhecimento sobre essas tecnologias.

O futuro é digital, mas com qual custo?

O Projeto de Lei nº 4.068/2020 levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre modernização financeira e a garantia de liberdade individual. Embora o avanço tecnológico seja inevitável, é crucial que ele aconteça de maneira inclusiva, respeitando as necessidades de todos os cidadãos.

Se o projeto avançar, ele pode representar um marco na história econômica do Brasil, mas também exige atenção aos impactos sociais. Afinal, o que está em jogo não é apenas o fim do dinheiro físico, mas o direito à escolha e à autonomia financeira.

E você, o que pensa sobre o fim do dinheiro em espécie no Brasil? Compartilhe suas opiniões e participe desse debate.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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