Trump condiciona a ajuda à Ucrânia ao acesso a minerais raros do país, essenciais para indústrias de alta tecnologia e defesa, enquanto Kiev busca integrar-se à estratégia de recursos da União Europeia
Em um movimento que pode alterar os rumos da guerra entre Ucrânia e Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Washington continuará fornecendo ajuda financeira e militar à Ucrânia para ter acesso aos minerais de terras raras do país.
A declaração marcou uma nova etapa nas negociações entre os dois países e gerou debate sobre os reais interesses dos EUA na região.
Trump deixou claro, em uma conversa com repórteres, que a segurança da Ucrânia contra a agressão russa estava atrelada à disponibilidade desses recursos naturais.
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A Ucrânia, por sua vez, já havia demonstrado interesse em negociar o acesso a seus valores minerais como uma forma de transporte de apoio ocidental.
Este foi, inclusive, um ponto destacado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, no final do ano passado, durante a apresentação do seu “plano de vitória”.
Minerais de terras raras
Os minerais de terras raras são essenciais para diversas indústrias modernas, desde a fabricação de smartphones até a produção de armas e dispositivos aeroespaciais.
A Ucrânia, com suas vastas reservas, posiciona-se como um potencial fornecedor global de materiais estratégicos, incluindo titânio, lítio, gálio e urânio.
Esses recursos são fundamentais para a fabricação de baterias, semicondutores e outros produtos de alta tecnologia, como os utilizados em veículos elétricos e equipamentos militares.
Atualmente, a China detém o controle da maior parte desses minerais no mercado global, abastecendo cerca de 40% das necessidades da União Europeia.
Para reduzir a dependência da China, os Estados Unidos e a Europa têm-se empenhado em aumentar a produção em outros países, com destaque para a Ucrânia.
A riqueza mineral do país é vista como uma oportunidade para fortalecer a cadeia de suprimentos global e reduzir a vulnerabilidade às crises geopolíticas.
A Ucrânia e o plano de integração na Europa
O país tem trabalhado para se posicionar como um fornecedor-chave de minerais essenciais. Numa conferência recente, o ex-ministro ucraniano de infraestrutura, Oleksandr Kubrakov, ressaltou as vantagens estratégicas da Ucrânia, como a sua localização geográfica, a infraestrutura desenvolvida e a expertise em explorar recursos naturais.
“Possuímos recursos cruciais e estamos bem posicionados no contexto da União Europeia”, afirmou Kubrakov.
No entanto, a transição para um modelo de exploração sustentável e lucrativo exige estabilidade política e regulatória.
A Ucrânia já iniciou a publicação de dados sobre suas reservas minerais e está criando uma estrutura regulatória para facilitar a exploração desses recursos.
“Nosso objetivo estratégico é integrar a Ucrânia à estratégia de recursos da União Europeia”, disse Olena Kramarenko, vice-ministra de proteção ambiental da Ucrânia.
Desafios e obstáculos
O maior obstáculo para o pleno aproveitamento dos recursos minerais da Ucrânia, no entanto, continua sendo uma guerra com a Rússia.
Algumas das principais reservas de minerais raros estão localizadas em regiões atualmente controladas pelas forças russas, como as áreas de Zaporizhzhia e Donetsk.
Estima-se que a Rússia tenha interesses estratégicos nessas reservas, especialmente nas de lítio, material crucial para a produção de baterias e outras tecnologias essenciais.
Os especialistas apontam que a recuperação dessas áreas, além de crucial para a soberania ucraniana, seria fundamental para garantir o controle total sobre os recursos minerais do país.
No entanto, a presença russa em regiões ocupadas complicará a tarefa de explorá-los e trará incertezas sobre o futuro econômico da Ucrânia.
Com informações de DW.